INF Abaixo de [vocalização] Aqui abaixo de daquela azenha [pausa] minha – que eu trabalhava lá que agora não – havia cinco moinhos de dorna. Até lhe fiz Até fiz eu as dornas mais o meu filho e um [vocalização] um genro e o sogro do meu filho. Abaixo da ponte de Santar, [pausa] um moinho com três moinhos de dorna. É por isso que eu sei, que estou aqui.
INQ Sim.
INF Que eu não, eu não… Eu era sempre azenhas.
INQ Sim.
INF Nós nascemos na azenha, aqui.
INQ Pois.
INF Nós não nascemos na azenha; estamos é na azenha!
INQ Pois.
INF Mas como lhe digo, estava aquele vizinho dali… E ele, ele depois foi para Lagos. Quis ir para lá! Em 1951 [pausa] foi para lá. E é que tinha moinho e azenha! E cheguei a fazer isso [pausa] umas três vezes, [vocalização] as dornas. Lemb- Aí abaixo, [pausa] cinco; [pausa] e lá abaixo, três. E ele depois acabou.
INQ Mas, oh senhor Antipas, era o único rio em que havia isso? Era este rio…
INF Mas espere aí, era este rio e ou- e lá para cima muito mais! E aqui acabou tudo! Azenhas aqui só havia esta, [pausa] ele ele ali na Valeta outra, no Espírito Santo outra – mas aí levam só duas [pausa] azenhas… E depois lá acima, acima de de Pugido – em frente ou de lado, ali para [vocalização]… bem, em frente – outra azenha. Conheci essas azenhas. Lá abaixo, no rio da Barca, na Azenha da Ribeira – na na Ribeira e com o Souto –, há outra azenha. Ali para cima, em Travassos, [pausa] duas azenhas que lá havia! Mais acima outra! Do lado de acolá de Vila Nova a última que aí esteve.
INQ Mas tudo no Vez?
INF Não. Este Neste é isto. Para cima, não pois não conheço mais. Mas para acolá também ele havia tantas só no [nome próprio] – [vocalização] azenhas. As azenhas é de um rio grande, sabe?
INQ Sim.
INF E aí para baixo já eram moinhos só.
INQ Moinhos só.
INF Sim. Moinhos de dorna. De dorna!
INQ Sim senhor.
INF Já para, [vocalização] no rio, no rio no rio de Nogueira – esse rio e esse ribeiro vêm ali a desaguar à Barca –, é tudo moinhos de dor-, de, de [pausa] de rodízio.
INQ De rodízio.
INF Mas é de subirem e descerem, sabe?
INQ Sim, sim.
INF Mas o de dorna é melhor. Melhor [pausa] por isto: é porque o [vocalização] o rio cresce um bocadinho, nem que tenha a dorna meia, mói. Mas quanto mais a água estiver mais baixinha, mais puxa. Mas se ancorar, é muita água, bate uma na outra, e já anda devagarinho, e já não faz um grão de farinha. E é como as azenhas, também. Se o [vocalização] a água chegar perto do eixo, não anda. Não vale a pena moer. Isso não mói!
INQ Pois, porque não tem força.
INF Pois. Não pode, tem A água não corre.
INQ Pois.
INF Isto é…
INQ Pois é. É uma profissão difícil.
INF Ai, isto é du- minha e dura, minha senhora! É muito linda! [pausa] Eu gostei muito de ser moleiro – [pausa] [vocalização] porque calhou por o meu sogro assim –, mas já ia [vocalização]… Mas já não estava. Mas, no entanto, [pausa] era moleiro. Eu era moleiro [pausa] e alinhado! Tinha gosto disso!
INQ Pois.
INF Como matador de porcos também era alinhado, pescador de lampreias [pausa] igual, de peixe, tudo. O que eu so- aprendi, [pausa] fazer um barco, fazer as rodas das azenhas, tu- eu fazia isso tudo. E quando não podia fazer, chamava gente que me ajudasse.