INF Mas havia antigamente, que o meu sogro fazia-o, por exemplo, a lã, [vocalização] um bocado de lã. Arranjava um bocado de lã, com um bocadito de pedra, com uma pedrazita comprida – que havia às vezes umas pedras assim compridas que se encontram aí no chão, assim compridas, delgadas, assim compridas –, e punha aquilo na ponta atado no coiso e aqui- e andava com aquilo. E andava até a guardar gado e andava com aquilo assim, aquilo andava à roda e depois ele na lã ia ia puxando, ia tudo.
INQ Ah!
INF Quer dizer, fazia um novelo grande de fio de lã para depois fazer qualquer qualquer coisa, qualquer peça de de [vocalização] roupa, qualquer tecido, qualquer coisa que podia fazer, faziam. Os homens teciam muito isso. Faziam.
INQ Rhã. E esse linho que o senhor fa- sabe mais ou menos o que se lhe fazia, em que zona é que havia, havia esse linho?
INF É que se dava isso? [vocalização]
INQ Aqui havia?
INF [vocalização] Não. A [vocalização] zona m- mais principal que havia é ali naquela área ali de Ferreira do Zêzere.
INQ Rhum-rhum.
INF Ali… Não conhece Ferreira do Zêzere? Não conhece?
INQ Não conheço.
INF A gente é que vai direito ao Cabaço, é a estrada que vai para Coimbra, para dentro. A gente chega ali a S-, a a Tomar, passa o rio para aquela banda, e vai na nessa zona, n- nessa parte do rio, daquele lado.
INQ Rhum-rhum. Rhum-rhum.
INF Junto à praça de touros, tudo por ali acima, segue pela direito a Ferreira do Zêzere, direito ao Cabaço. Quando chega Antes de se chegar ao Cabaço, está uma estrada que volta que é direito a, que é, é, é [vocalização] para o rio Zêzere, que é, é o, é, é [vocalização] é para lá, para, para o para o coiso, que vai direito ao rio fundeiro. E havia aí uma quinta, que era a Quinta do Castelo – que era até da da mulher do do meu patrão antigo, do primeiro –, era a Quinta do Castelo, que vai direita ao rio fundeiro, uma quinta grande, direitinha. Eu fiquei lá algumas das vezes, na quinta que ali estava. Ia num dia e vinha no outro, que até levava um animal mas era muito longe e ia assim. E [vocalização] E havia aí essa quinta é que usavam muito. E eu fui até aí buscar essas gramadeiras – chama-se umas gramadeiras –, fui buscar para ali para o Lombão, por conta do meu patrão, que é ali do Tejo para lá, é uma quinta grande que está ali, que é do mesmo patrão, o mesmo daqui, para eles gramarem o o cânhamo. Lá gramavam o linho. Semeavam o linho, o linho, é claro, é uma uma planta assim alta, quer dizer, tem depois a semente em cima umas umas bolhinhas como os tais bichos de contas!…