PVC09

Porto de Vacas, excerto 9

LocalidadePorto de Vacas (Pampilhosa da Serra, Coimbra)
AssuntoA oliveira, a azeitona e o azeite
Informante(s) Benedito Cassilda

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INQ1 Portanto, punha-se aqui no pio, era? E depois

INF1 Pois, a roda Esta é a roda de fora, a [vocalização] a da água. na, na, caía aqui, era uma, uma Tínhamos uma cale grande desde o [nome]; tem que haver aqui sempre água com fartura. A água Era uma cale comprida, como é daqui adiante àquela parede, e [vocalização] com bastante elevação, direito à roda, que era onde ela tinha o tinha o veio de , de a- dalém aqui para dentro

INQ1 Pois é.

INF1 Aqui dentro [pausa] ainda havia uma outra roda aqui no, no no coiso, no eixo da roda de fora, que esta era que esta é que é a roda de [vocalização] que [vocalização]

INQ1 Faz de conta que é a roda de fora, esta. Rhum-rhum.

INF1 A roda de fora que está fora do az- do lagar;

INQ1 Sim.

INF1 e tinha aqui um [pausa]

INQ1 Uma outra roda.

INF1 uma outra roda mais pequena, que chamávamos o rodete, com tornozinhos; e tinha então uma outra tinha outra [vocalização] roda assim redonda, por cima, com tornos assim para baixo

INQ1 Ao alto?

INF1 Ao alto; e aquela aquela outra roda que estava aqui encaixava assim n-, nu- naqueles tornos assim, e saíam, iam saindo, e aquilo sempre a andar assim, e é que topava a galga aqui dentro do pio e é que esmagava a azeitona.

INQ1 A andar. Sim senhor. O senhor chamou a uma coisa capelo e isso é que eu não sei o que é.

INF1 Capela, [pausa]

INQ1 Capela.

INF1 era assim de cima. Por cima tinha Tinha Por exemplo, a galga andava aqui a trabalhar no fuso, aqui em ba- à volta do fuso, e aquilo tinha assim um eixo alto e, por cima, era outra roda redondinha, tal e qual como a como a que está por fora

INQ1 Ah, é esta. Claro!

INF1 [vocalização] Mas Mas tinha tornos. Tinha uns tornos, assim, por exemplo, destas distâncias uma à outra.

INQ1 Sim senhor.

INF1 Elas ainda estão. [vocalização] Tinha os tornos assim de, em tu- em tudo, à volta, e aqueles tornos iam encaixando nos outros; o outro de fora, o, o a roda de fora, é que vinha encaixar naqueles naqueles tornos da capela por cima, é que tocava; e ia apanhando, iam vindo uns, saíam os outros. E iam sempre a andar.

INQ1 Pois.

INQ2 Portanto, a capela

INF1 Ela andava assim de volta e a outra andava assim.

INQ1 Portanto, a capela andava assim?

INQ2 Era o rodete? A capela era a mesma coisa que o rodete, ou não?

INF1 O rodete é que t- é que tocava a capela por cima.

INQ2 Ah! E a capela servia para quê, então? Ai, a capela era a mola grande!

INF1 [vocalização] A capela é que tocava, é que ia tocar o [vocalização]

INQ2 estou a perceber. A capela era a outra roda

INF1 é que ia tocar a galga a esmagar a azeitona no [nome].

INQ2 Rhum-rhum.

INQ1 Portanto, o rodete ficava ainda por cima da capela?

INF1 Por baixo.

INQ1 Por baixo.

INF1 A capela andava por cima,

INQ1 Rhum-rhum.

INF1 andava assim por cima; e tinha aquilo, tinha um um [vocalização] A galga, por exemplo é Aquilo tinha um um veio alto, para cima, e a capela devia trabalhar devia trabalhar assim nesta altura.

INQ2 Rhum.

INF1 E a galga andava dentro do pio, assim por baixo que era uma uma galga alta, dava-me aqui assim pelo cinto, uma, uma, uma uma pedra grande, em redondo, como a pedra do moinho ou de uma azenha, conforme. Mas andava à volta sempre a [verbo]. Mas andava sempre assim em volta do pio, apanhava e a massa ia correndo, ela as esmagava. [vocalização] E a capela era uma roda assim redonda grande, e o rodete vira conforme a roda que usam ter além fora , o rodete vinha para aqui e p-, e [vocalização] e andava a andar assim e tocava e tocava a capela por cima [pausa] para que a capela andasse, pois.

INQ1 E tocava na capela. E a capela andava, sim senhor. percebi. Portanto, se eu percebi, havia uma galga?

INF1 uma galga. No pio, era. Nós ele ali tínhamos uma galga. [vocalização] vários lagares aqui, mesmo desses coisa [vocalização] Acho que aqui no Pisão que havia duas galgas, [vocalização] mas nós ali temos uma.

INQ1 Pronto. E dava algum nome àquela parte do pio onde a galga andava, que era assim mais arredondada?

INF2 Um morcego!

INQ1 Um morcego, não faz mal.

INF1 O pio, tinha Eu tinha outra galga por baixo e [vocalização] e aquilo o, o que d- o que segurava a galga, o que a gente [pausa] que andava no no veio, que era o eixo da da capela e andava no fundo, num aguilhãozito assim por baixo trabalhava no fundo do pio, na outra pedra, que era da mesma massa da , e era cantaria igual, dessa pedra coisa Tudo o que estava no fundo, a outra trabalhava de cima, onde esmagava a azeitona era outra galga também por baixo.

INQ1 Ah, portanto havia uma galga por cima e uma galga por baixo?

INF1 Pois, porque o piso era assente, mas a galga estava deitada;

INQ1 Sim. Exacto.

INF1 e tinha um [vocalização] um veio assim no fundo, adonde trabalhava a onde trabalhava a roda assim na

INQ1 Sim, sim.

INF1 E aquilo era: o pio é assim redondo, e a, enquanto, e a e a outra galga que andava ao alto trabalhava de cima da outra que estava assente, assim deitada, como está este aqui.

INQ1 Rhum-rhum.

INF1 Trabalhava assim. A outra esma- andava de cima de

INQ1 E a outra de baixo estava parada?

INQ2 Portanto, a, a de baixo é, era

INF1 A de baixo estava parada. Estava assente, era o piso.

INQ1 Era o piso.

INF1 Era. Ele era o piso onde a outra esmagava a azeitona, de cima.

INQ1 Sim senhor.


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