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SRP01

Serpa, excerto 1

LocalidadeSerpa (Serpa, Beja)
AssuntoA língua e a comunicação
Informante(s) Aristómaco

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INF Pois, estive na Suíça.

INQ1 Durante quanto tempo?

INF Durante [vocalização] Fui oito oito anos, .

INQ1 Mas era

INF trabalhar trabalhei por épocas de, de co- de cinco, seis meses. Depois regressava novamente a Portugal.

INQ1 E em Portugal, trabalhou? trabalhou num sítio sem ser este aqui?

INF Tenho trabalhado aqui nas voltas de Serpa e trabalhei em Lisboa também num [vocalização], nu- numas obras.

INQ1 Durante quanto tempo?

INF Ainda eu trabalhei três meses. [pausa] Faz [pausa] nove anos agora para para Agosto. Fui para no dia seis de Agosto e depois vim em em Outubro, [pausa] nos fins de Outubro. O mais tenho trabalhado sempre aqui às voltas de Serpa.

INQ2 Olhe, mas quando esteve na Suíça o que é que falava?

INF De [vocalização]

INQ2 Que língua falava?

INF Eles ali no cantão donde estive que chamam chamam-lhe um cantão; a gente aqui é um concelho, eles chamam-lhe um cantão [vocalização] em alemão.

INQ2 E sabe? Mas não sabe falar alemão?

INF Oh, isso alemão, isso não é nada. Isso um homem, mais ou menos, ajeita-se é lidando com eles. Um fulano apanha aquela, mais ou menos aquelas palavras. Mas dito! [pausa] Agora, por ideias como eles, um homem não é capaz. [pausa] Agora a gente, com a habituação de lidar com eles, [vocalização] ajeita-se, mais ou menos, àquilo que eles dizem; a gente começa a aprender

INQ2 E muitos portugueses?

INF Portugueses, havia muitos, porque é [vocalização] um país que emigram à volta de [vocalização] de cinco mil portugueses para .

INQ2 E o senhor estava mais no meio dos portugueses ou mais no meio dos?

INF Não. Por acaso, dentro de, de de duas épocas [pausa] não cheguei a avistar português nenhum. E depois é que calhei a avistar dois portugueses. [pausa] E passado três épocas a seguir é que trabalhei junto com três portugueses.

INQ1 Donde é que eram esses portugueses com quem trabalhou?

INF D-, d- [vocalização] Os outros três portugueses eram do Algarve. [pausa] Pertenciam a esta [vocalização] a este concelho do Algarve.

INQ1 E ainda sabe? Ainda sabe palavras de alemão?

INF Não. Palavras de alemão, isso não. É mui difícil [vocalização] um fulano [pausa] procurar [vocalização] assim uma ideia.

INQ1 não se lembra?

INF Pois [vocalização].

INQ2 Como é que se diz bom dia, em alemão?

INF Eles [vocalização] bom dia, ele é em alemão é gota tag, [pausa] gota tag. É o

INQ2 E senhor, como é que se diz?

INF [vocalização]

INQ2 Senhor, quando se fala?

INF Senhor?

INQ1 Como é que falava com o patrão?

INF Eles com o patrão é [vocalização] a tu. Eles aplicam a palavra toda: tu! [pausa] tu frau ou franel, que é que é rapariga nova; se for frau, é uma uma mulher casada; [pausa] e se for homem, é um busséu. Pois. Se for pequeno, é um pope. [pausa] Aquilo de de povo para povo, mais ou menos, , têm as mesmas diferenças que nós temos . Eu encontrei as mesmas diferenças porque estive em várias em vários povos ouviu? e encontrava as mesmas diferenças que nós temos no nosso país, assim eu encontrava .

INQ2 Se calhar até mais diferenças

INF Ou talvez mais diferenças. Pois. Porque o, a o país, a Suíça principalmente, fala setenta e cinco [pausa] alemão [vocalização] e vinte e cinco é em jugoslavos, é em italiano, é em espanhol, é em austriano, [vocalização] é em francês. A diferença A diferença que ! Ainda muito muito mais difícil do que do que à gente! Porque a gente, mais ou menos, é uma pronúncia . A diferença que temos é, de terra para terra, o mesmo artigo, mu- mudarmos-lhe o nome. E eles não. E eles têm um um idioma muito diferente. [pausa]

INQ1 Olhe, e como é que , as pessoas de chamam à, à terra?

INF À terra, a gente aqui [vocalização] é o terreno.

INQ1 Não. Mas à, à vila?

INF Ah, à vila? É Serpa.

INQ1 É Serpa que se diz?

INF Pois, Serpa.

INQ1 E o habitante? Como é que se chama à pessoa que vive ?

INF O A gente A gente aqui, o habitante, é os habitantes de Serpa.

INQ1 Como é que se chamam?

INF Ou sejam filhos de Serpa.

INQ1 Não dizem numa palavra ?

INF Pois, pois.

INQ1 Serpense, ou?

INF Bom, Serpa, serpense. Isso é o [vocalização] a palavra do, do do escrito.

INQ1 Pois.

INF Mas a gente diz: "Olha, sou de Serpa". Pois. "Olha, so-, so- são os filhos de Serpa" [pausa] propriamente a palavra que a gente aplica.

INQ1 E para as mulheres?

INF E para as mulheres, são as mulheres filhas de Serpa. [pausa] A gente não tem essa habituação de "senhora" [vocalização] a uma mulher.

INQ1 Pois.

INF Habituação de "mulher".

INQ1 Olhe e, e à maneira de falar de Serpa dão, dão algum nome?

INF O nome? O nome, mais ou menos, é o [vocalização] processo em que eu em que eu mostro. Agora se encontra , , às vezes, diferenças porque muito pessoal de vários sítios [pausa] É os que se acham mal num lado, é os que se acham mal noutro e [vocalização] voltam e aos depois [vocalização] trazem as suas criações diferentes. [pausa] Pois. Mas geralmente com a habituação daqui dos dos filhos próprios da terra, mais ou menos, é tudo com a habituação em que eu falo.

INQ1 Pois, mas não dão um nome a essa maneira de falar?

INF Pois não!

INQ1 Mas, olhe Conhece ali os de Barrancos?

INF [vocalização] Não. Os de Barrancos não conheço.

INQ1 Mas tem ouvido falar?

INF Tenho ouvido falar. Esses falam assim uma coisa meio espanhol.

INQ1 Como é que chama a essa fala?

INF É o barraquense.

INQ1 Então e outras coisas Não aqui outras terras aqui ao que também dão assim o nome, da maneira de falar?

INF Aqui ao [pausa] qualquer al- aqui a Aldeia Nova.

INQ1 Como é que chama à maneira de falar da Aldeia Nova?

INF "E então que como vai"?

INQ1 E quais é que são as terras aqui ao que falam mais diferente de Serpa?

INF Assim mais diferente de Serpa, que eu encontro mais diferença, [pausa]

INQ1 Aqui ao .

INF aqui próximo [vocalização], é assim Pias. Tem assim um bocadinho a mais de diferença.

INQ1 Qual é, qual é que é a diferença que nota?

INF É uma, uma uma pronúncia assim um bocado mais descansada.

INQ1 Falam mais devagar?

INF Falam mais devagar. Pois. Têm aquela A pronúncia, mais ou menos é o mesmo; o que eles dão é uma pronúncia mais mais descansada do que é a a gente aqui.

INQ2 Olhe, e as pessoas de Baleizão falam como as de ?

INF Não. Esses é diferente.

INQ2 Como é?

INF o de Baleizão: "E como é que vai"? Pois. "E que é que tu fazes? Onde é que tu vais"?, [pausa] "Ó nina, onde vais agora"? E esses é os mais rápidos. Esses 'repitam' a [vocalização] pronúncia mais rápido. E dão

INQ2 Então e os de Beja?

INF E dão assim aquela estacada. [pausa] Olhe, os de Beja, quer que lhe diga, muitos que têm quase imitam quase a pronúncia como a nossa aqui mais descansada. Pois. o Baleizão ali, aquilo é [vocalização] é uma pancada dada assim de [pausa] pedrada, a maneira de, del- de eles falar.

INQ1 E então aqui os de? Aqui destas terras de ao : de São Brás, de Santa Iria?

INF Como isto aqui, Santa Iria, mais ou menos, é o mesmo.

INQ1 E os de Brinches?

INF E o Brinches, olhe, Brinches é a coisa que se compara aqui melhor. [pausa]

INQ1 Ai é?

INF Pois.

INQ1 E os da Aldeia Nova, disse que era diferente

INF Pois, diferente.

INQ1 Pois. E os de Vila Verde?

INF Os de Vila Vila Verde de Ficalho?

INQ1 Vale de Vargo, essa gente como é que fala?

INF Esses, mais ou menos, não [vocalização] sou capaz assim de pronunciar a maneira de da palavra deles. Isso o homem apanha aquilo bem, às vezes, quando está assim a trabalhar com eles [pausa] é que [vocalização] vem e é capaz de de arremedar na na altura. Depois, passa.

INQ1 Mas falam de maneira diferente daqui?

INF [vocalização] Oh, é diferente, [pausa] um bocadinho diferente, sim senhor. diferente falam.

INQ1 E acha que as pessoas aqui de Serpa falam de uma maneira diferente dos outros, ou não?

INF A fa-, a ge- A gente daqui [vocalização] acha-se diferença, porque, quando se entra em qualquer casa ou numa rua, se se ouvir falar, a gente diz logo: "Este, por o falar, de Serpa não é"! [pausa] E parte das vezes não sabe a terra que é, mas di- a gente diz logo: "De Serpa não é"! " se daqui em volta"! O que se conhece mais [vocalização] melhor, que a gente sabe logo donde ele é, é se for de Baleizão. [pausa] Do povo de Baleizão, se estiver aqui um baleizoeiro falando diante de qualquer, e depois a gente for a passar por uma rua, diz: "Aquele tipo é de Baleizão"; ou "Aquela senhora é de Baleizão". E se for de qualquer das outras aldeias aqui em volta, o fulano diz: "De Serpa não é"; mas qual é a aldeia, não é m- não é muito bom de se conhecer.


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