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SRP09

Serpa, excerto 9

LocalidadeSerpa (Serpa, Beja)
AssuntoA agricultura
Informante(s) Aristómaco

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INQ1 Portanto, quando se vai semear, dantes não havia um? Tinha que se fazer assim um?

INF A marcação.

INQ1 Como é que se chamava?

INF [vocalização] E- Embelgar. Embel- Embelgação de terra.

INQ1 Portanto era? E como é que se chamava assim esse, espécie desse corredor chamava-se?

INF E esse Esse da, da da espécie é uma mão. Uma mão. Pois.

INQ1 Portanto, assim

INF A As mãos.

INQ1 Pois.

INF Porque ficava com seis passos, que era a medida por a gente, com o sem- com o semeador, que deitava a semente. Cada passo, é a mão-cheia de semente e era deitada. E então, chamava-se a gente aquilo um arco. Quer dizer, tinha que atracar os seis passos com dois arcos. A gente [pausa] num passo, cada um passo que , joga aqui assim a mão nesta posição. Jogou aqui assim a mão e fez isto. Quando deu o outro passo, jogou, deitou o outro arco para aqui. Fez isto e jogou o arco assim. Chama-se isto um arco. [vocalização] É o espalhar da semente. E então a terra tem que ser riscada, que é por para a gente nunca fugir daquela conta. Porque chegava a pontos que perdia o norte e acabava a pôr a semente em cima uma da outra. E assim [pausa] guiou-se por o meio da da dita mão, marcou um arco para a direita, marcou um o arco para a esquerda e assim foi indo. Chegou à ponta, voltou novamente. O mesmo giro. Vai um fazendo esse serviço que chama-se o o semeador ouviu?

INQ1 Olhe, mas espere , me vai dizer Mas como é que se chamava isso?

INF A isso? É a É a mão.

INQ1 A mão.

INF Mete por esta mão adiante e vai semeando [pausa] a semente.

INQ1 Não dizem uma belga?

INF Ou que diga, como às vezes é o hábito que a gente se regulava: "Olha, ou meto nessa belga".

INQ1 Também diziam?

INF Também dizíamos. Ou: "meto nessa belga", ou: "meto nessa mão". Pois. [pausa]

INQ1 Pois. Portanto, deitar a semente na terra é?

INF É semear. Pois.

INQ1 Pois. Olhe, se estiver a falar com outra pessoa e diz assim: "Olha, não vais Não vais semear que, que eu, que eu logo"?

INF "Logo semeio". [pausa] Muita da Muita das vezes [vocalização]

INQ2 Como? Torna a Pode repetir, se faz favor.

INF Porque

INQ1 "Que eu logo"?

INF "Que eu logo semeio". Muita das vezes, se acontecia [pausa] haver muito gado [pausa] e o [vocalização] próprio homem que andava a semear andava, às vezes, estafado , que via-se, às vezes, custoso: quando acabava [vocalização] uma belga, [vocalização] era outro arado a voltar, a voltar, a voltar, e aquilo chegava a pontos estafado e havia uma pessoa sempre era boa de consciência, e vinha-se a altura do descanso, que aquilo ali, de duas em duas horas, davam vinte minutos para os animais descansarem e a gente fumar um cigarro e depois havia um que andava mais folgado

INQ2 Quer?

INF Não, obrigado. Não gasto. Muito agradecido. [vocalização] E havia um que sempre andava mais descansado, porque muito diferente é Em mormentes de dias de chuva, que agora quase que não se faz isso, assim na enchente, mas como ela era feita aqui anos Dias inteiros a chover Chama-se aquilo [pausa] um sementeiro, cheio de semente aqui a este ombro, um homem ali de seis, sete horas ouviu? [pausa] era era de custar. E havia, naqueles vinte minutos que se estava de descanso, havia um qualquer, dizia assim: "Pcht, ó fulano, saia para o sementeiro". Que se chamava aquilo um sementeiro. "Descansa tu um bocadinho que eu agora vou eu semear. Então, vou eu semear". ia ele, adiantava ali [pausa] três, quatro, cinco belgas, depois, pronto, agarrava-se ao arado, ia a lavrar, e o outro ia novamente com aquilo o outro ia um bocadinho mais descansado.

INQ1 Olhe, e as belgas eram marcadas com quê?

INF As belgas? As belgas eram marcadas [pausa] com uns bocadinhos dumas canas, com suponhamos com um trapo branco, qualquer um outro papel, diferente de cor da da terra, para para desenhar. Conforme era Se a terra era direita E depois dependia da habilidade de cada um. Porque alguns na vila, que conhecemos com essa habilidade, quase que à à distância de duzentos [pausa] metros, ou cem, se a terra fosse direita, punham uma baliza aqui e outra naquela ponta, tinha avondo. E outras pessoas com menos habilidade, de quarenta em quarenta metros tinham que pôr [pausa] umas balizazinhas, [pausa] uma aqui [pausa] ouviu? e outra aqui. Tinham que ir pondo. E depois o fulano vai, naquela posição assim, agarrado ao arado e com esta mão agarrado às arreatas da das bestas, ia seguindo. Porque isto era, suponhamos, [pausa] a canga chama-se a canga que está em cima dos animais, e o ponto tinha que ficar aqui assim ao meio. O ponto tinha que bater assim. E a canga do animal tinha que passar por aqui. A gente ia seguindo, puxando o animal com esta coisa e ia. Não se olhava para o chão. Porque aquilo era um risquinho, não importava aquilo ficar mal feito. Aquilo é um risquinho que é para saber para se para se mandar a semente à terra. [vocalização]

INQ1 Portanto, depois o semeador quando ia, guiava-se pelo risco?

INF Por ali, pelo risco. Pois, então.

INQ1 Pelo risco, não é?

INF Pela do risco. É pelo risco.

INQ1 Pois. E, e isso era feito com, com o mesmo arado ou era com outro arado?

INF O arado é o mesmo.

INQ1 É o mesmo.

INF Agora havia uma diferença: o que faziam [pausa] era outro mais pequenino porque [vocalização] favorecerem o animal e aquilo era para era para andar.

INQ1 E esse arado mais pequenino não tinha outro nome?

INF Não. O [vocalização] O nome era o mesmo. O que é o que podia ser é o seguinte: "Olha, fa- levas o arado de três, ou o arado de quatro, ou o arado de cinco". É a diferença.

INQ1 Mesmo quando era com arados de pau chamava-lhe assim?

INF É a me- Havia diferentes ta- tamanhos.

INQ1 Mas chamavam-lhe assim, um, dois, três?

INF O um, o dois, três. Porque haviam o arado de dois, o arado de três, o arado de cinco, que era o maior. Daí para a frente passava a uma charrua.

INQ1 Mas eram os arados de pau, os antigos?

INF Os antigos. E E se fora charrueco, era o mesmo lema, tinham mesmo mesmo nomeação de de aiveca.


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