STJ17

Santa Justa, excerto 17

LocalidadeSanta Justa (Coruche, Santarém)
AssuntoNão aplicável
Informante(s) Delfina

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INQ1 E é casada, a senhora?

INF Agora sou viúva.

INQ1 Pois, viúva.

INF Sou viúva. E faz agora para Março vinte e três anos.

INQ Rhum-rhum.

INF Tinha cinquenta e quatro, tenho setenta e sete.

INQ2 O seu marido era daqui também?

INF Era, sim senhor. E nasceu aqui também, ele.

INQ1 E a senhora nunca foi à escola?

INF E morreu Aqui não. Deu-lhe um ataque. Fomos com ele para Lisboa. Chegou , morreu. Nessa noite.

INQ2 A senhora nunca foi à escola?

INF Ah, ainda fui à escola, mas saí logo.

INQ2 Rhum-rhum.

INF Naquele tempo [vocalização] ia quem queria. Depois cheguei ao fim da cartilha, não sabia o que estava para trás, a senhora passou-me para o princípio da cartilha. Cheguei a casa, disse à minha avó que foi quem me criou, que eu tinha quatro anos quando minha mãe morreu : "Ó avó, não vou à escola". "Então porquê"? "Olhe, a senhora passou-me para para o princípio. Eu não sei Eu não sei o que está no princípio nem o que está no fim. [vocalização] Eu não p- Eu não sou capaz de aprender". "Eh, então não queres ir, não vás"! Pronto. Dan- Dantes não obrigavam as pessoas. Ia quem queria.

INQ1 E a senhora depois trabalhava em quê? Começou a trabalhar pequenina?

INF Ah, eu ele tinha doze anos, ou treze, quando comecei a trabalhar. [vocalização] Trabalhava: arrancava moitas de Inverno e mondava arroz de Verão e e fazia-se muitas coisas.


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