TRC05

Fontinhas, excerto 5

LocalidadeFontinhas (Praia da Vitória, Angra do Heroísmo)
AssuntoAs festas religiosas e profanas
Informante(s) Brás

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INQ Nunca houve assim nenhum problema entre fazer a festa de Espírito Santo,

INF Não, não.

INQ e, por exemplo, o padre, algum padre,

INF Não, não.

INQ a Igreja em si

INF Não senhor. Então, a festa do Espírito Santo é uma das coisas que todos os padres, quer dizer, aqui entre nós, todos têm colaborado. O senhor padre até quando acaba de de fazer a coroação, n- no dia de bodo não é? , vem aqui em cortejo com com todos os convidados, e a filarmónica atrás do senhor padre, e o senhor padre vem aqui benzer o pão e o vinho.

INQ Ah, pois.

INF Está a perceber? Vem aqui. E a gente depois disso, até a primeira rosquilha que a gente e o primeiro pão é ao senhor padre e ao sacristão. São eles que vêm benzer e depois a gente oferece a eles e a partir daí começamos a distribuir a toda a gente .

INQ Portanto nunca houve assim qualquer questão de dinheiros? Do, de ser?

INF Não.

INQ De o padre

INF Não senhor.

INQ pedir que se desse alguma coisa à Igreja sempre?

INF Nada. Isso então o dinheiro da Igreja [pausa] faz parte da Igreja e este aqui faz parte daqui, está a perceber?

INQ É uma coisa. Pois.

INF Porque, sabe, isto aqui, [vocalização] isto não rendimentos. Os rendimentos que , por exemplo, é no dia do bodo, a gente tem aqui uma bandeja com vinho e massa sovada não é? , e o senhor entra aqui não é? , a gente oferece para o senhor entrar dentro, vem ver o nosso império, entra, mata o bicho não é? e [vocalização] dois escudos e meio, cinco escudos, dez escudos, vinte, conforme quer. Até pode dar cem, que muitas pessoas que dão cem, que entram e são devotas do Senhor Espírito Santo, e gostaram de ver não é? e oferecem cem escudos muitos deles! [vocalização] Quer dizer que esse dinheiro é que a gente vai guardando para as construções e para as necessidades que temos aqui do do império. A gente procura não pedir nada a ninguém.

INQ Pois é.

INF Portanto, nós temos aqui as nossas panelas, temos os nossos bancos, as nossas mesas, as nossas terrinas, garfos, facas, colheres, toalhas. Tudo quanto a gente precisa, a gente tem aqui, para servir a freguesia em peso! Para servir a freguesia toda! Pois ele também uns noivos , qualquer um que casa e que precisa de bancos ou precisa de mesas, qualquer coisa, pois ele a gente empresta. Porque isto é do povo, não é nosso!

INQ Pois.

INF É que ele até este ano, este ano passado e o outro, estive de procurador; este ano aquele é que está e mais dois colegas não é? , eles é que emprestam, é que tomam contas. Não ganham nada durante um ano com este trabalho aqui, não ganham nada! [pausa] O trabalho deles, pois, é: um fica encarregado para o Senhor Espírito Santo São três coroas, tem que [vocalização] enfeitá-las, quando chegar ao tempo, cuidar da limpeza delas não é? ; as insígnias, as bandeiras, quer dizer, tudo o que pertence ao Senhor Espírito Santo, um homem é encarregado durante o ano de manter aquilo limpo e em ordem. O outro é encarregado das obras. Tem que pintar todos os anos, tem que pôr isto tudo em ordem, não é? E o outro é encarregado de todos os materiais que estão dentro, materiais esses que são as ditas panelas e terrinas Tudo quanto existe aqui dentro, ele tem que tomar apontamento do que sai e tem que tomar apontamento do que entra, está a perceber? Porque se faltar, o senhor se me levou, sabe que tem que pagar. Porque isto não é nosso.

INQ Pois, pois.

INF As pessoas que estão aqui são precisamente, quer dizer, uns procuradores para trabalhar, não para ganhar nada, para zelar esta casa. O que tem: uns trabalham este ano, os outros trabalham daqui a um ano E a gente vai nomeando, uma vez um, outra vez outro.


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