TRC67

Fontinhas, excerto 67

LocalidadeFontinhas (Praia da Vitória, Angra do Heroísmo)
AssuntoA agricultura
Informante(s) Camolino Celisa

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INQ E aquele terreno que não pertence a nin-

INF1 Ou pastagens Pode ser mato, pode ser pastagens.

INQ Pois.

INF1 Que [vocalização] Que não são cultivados.

INQ E aquele que é de toda a gente?

INF1 Isso é o É tratado por vadio.

INQ Vadio?

INF1 É, sim senhor. Mas [vocalização] hoje pouco. O nosso governo meteu-se a tapar, tapou os vadios, a bem dizer, todos, para meter dinheiro para dentro, para arrendar a quem precisa deles

INQ Pois.

INF2 Para os seus bens.

INF1 Estão todos arrendados.

INQ Ah, para arrendar?

INF2 É. Arrendam.

INF1 Para arrendar, para meter dinheiro para dentro está a senhora a perceber? Quer dizer, ele também gastou o dinheiro. Ele também gastou dinheiro a tapar aqueles campos com paredes, e tanques e de águas e essas coisas, também a trabalhar tractores e, também gastou.

INF2 Gastou muito.

INF1 Gastou!? Ele gastou! Ele não gasta nada da sua algibeira! É. O nosso governo gasta é da é da gente.

INQ Da nossa.

INF2 Pois, se sabe que é. Mas t-, mas gast- Mas gastou!

INF1 Está bem. Mas gasta é da gente.

INQ Mas não era melhor quando estava tudo? Quando as pessoas podiam usar aquilo, toda a gente?

INF2 Pois era. Porque metiam reses para , para os vadios, tratavam por vadios.

INF1 É. Eu levava. Eu [vocalização] A senhora tinha, por exemplo, cinco ou dez ou quinze bezerras: "O Elísio deitou-as para a [NPR]". ?

INF2 ia vê-las.

INF1 Vai vê-las Vai vê-las, hoje, ou amanhã, ou daqui a quinze dias, ou daqui a três semanas, ou daqui a oito dias, ou vai vê-las; mas hoje não têm nada que ver porque os vadios, o nosso governo tapou-os todos.

INF2 Está tudo tapado.

INF1 Eu conheci matos para dentro, que eu ia para esses matos para dentro, a gente olhava [pausa] olhava, era vadios.

INF2 Mesmo não se bota reses para .

INF1 Era vadios. Agora a gente chega e não sabe onde é os vadios. É [vocalização] É criptomérias a fazer abrigos naquelas pastagens, duma banda para a outra, é t- é entradas para aquelas pastagens. Oh, pois, que horror.

INQ Ó senhor Camolino, e nesse tempo, as pessoas tinham obrigação de arranjar Sei , se havia assim uma coisa que era perigosa para os animais, as pessoas tinham todas obrigação de arranjar aquilo, ou não? Quando eram vadios, toda a gente podia ir pôr?

INF1 Sim, era Pois arranjavam e outros não se importavam de saber.

INQ Ah, não tinham obrigação de fazer esses?

INF2 Não tinham, não senhor.

INF1 Não arranjavam. Arranjou foi o nosso governo quando andou que fez o tapume, é que ele arranjou.

INF2 Ele é que tem arranjado, então.

INF1 Mas antes não arranjavam. Arranjar quê? Com o quê? Ah!

INF2 Não arranjavam! Metiam o seu gado àquele Bezerras que queriam criar, não tinham, não queriam pagar não podiam pagar renda,

INQ Pois.

INF2 metiam para o para o vadio tratavam por vadio.

INQ Pois.

INF2 E depois iam vê-las de, de de dias a dias.

INF1 É. Pois, e eu ia também, porque não havia muito dinheiro.

INQ Mas outras ilhas em que ainda é assim?

INF2 O quê?

INQ ilhas em que ainda é assim?

INF2 .

INQ Os vadios são do povo.

INF1 Há-de haver ilhas onde há-de haver vadios. Mas eles, as i-, as hoje está tudo ele muito apurado, que é coma esta questão de haver muito gado hoje à vista do que havia, porque os campos são outros.

INQ Pois.

INF1 É coma esse vadio. Isso é tudo tapado, mas é A senhora o que é que pensa, é centenas de moios. [vocalização] Isso está tudo em tratamento. Tudo em tratamento, está acrescentando gado a senhora está percebendo?

INQ Claro.

INF1 Quer dizer, faz uma diferença grande! Porque no vadio, tinham muito gado no vadio [vocalização] três, uma dúzia doutro, uma dúzia doutro, meia dúzia doutro, [vocalização] mais meia dúzia doutro , enfim, mas era uma coisa duma outra [nome] ou forma.

INF2 Que era coisa brava!

INF1 E ainda mesmo assim chegava-se a este tempo, a gente dizia: "Eh homem, tem que se recolher aquelas reses". Porque o vadio é desamparado, não havia tapume, não havia abrigo, não havia nada. [vocalização] "Tem que se recolher aquelas reses para dentro porque aquilo, agora, elas abatem-se naquele inverno"

INQ E o que é que faziam nessa altura?

INF1 [vocalização] Ficava aquilo para ali.

INQ E traziam as reses para?

INF2 Para abrigos.

INF1 E traziam as reses para outros lugares, para lugares que tinham seus, tapados e [vocalização] e com abrigos naquelas serras mesmo e

INQ O que é que diziam que estavam a fazer? Que iam fazer o quê às reses?

INF1 Era recolhê-las recolhê-las para dentro.

INQ Sim senhor.

INF1 Era recolhê-las para dentro.

INF2 Até passar o Inverno.

INF1 Quando passava o Inverno, pois tornavam-se a deitar outra vez para aqueles lugares e para além estavam aquele Verão todo para ali. Era assim é que se fazia.

INQ Sim senhor.

INF1 Mas hoje está tudo de uma maneira que não [pausa] Quer dizer, está dando mais interesse!

INF2 Está a dar interesse.

INF1 Está dando mais interesse porque os campos são tratados, e tapados e [vocalização] com aquelas criptomérias, e estremas a fazer abrigadas àqueles prédios [vocalização] Quer dizer, faz uma diferença que mete medo. Aqueles prédios hoje, um homem chega É como eu, estive Não, não muito tempo que eu estive, mais o meu filho e esta também. um lugar que eu agora dá-me vontade de rir, assim certas coisas , [vocalização] um lugar que é tratado pela Lagoa das Patas, mas é um recreio! Que está cheio de madeiral de criptoméria que é uma coisa medonha!

INF2 É uma coisa medonha!

INF1 Está aquela lagoa no meio, mas é um recreio de mesas! Aquilo quando é no Verão, a senhora o que é que pensa?!

INF2 Até ficam de noite!

INF1 O pessoal é coisa brava!

INQ Até ficam de noite?

INF2 Fazem Cozinham para comer e tudo.

INF1 Mas eu, no tempo que eu fui, era vadio! Não tinha criptomérias nem tinha nada! [vocalização] A gente A gente para se entender uns com os outros: "Olha, eu vi as tuas gueixas na Lagoa das Patas"! Ou: "Vi as tuas gueixas no Pico Gordo"! Ou: "Vi as tuas gueixas no Pau Velho"! Ou Quer dizer, isto nas ilhas era tudo vadios!

INQ Pois.

INF1 Hoje é "Homem, eh , vamos à Lagoa das Patas"! Eu quero-me ir à Lagoa das Patas, pois aquilo era um vadio ali .

INF2 Mas Mas está que é um palácio!

INF1 Oh, mas aquilo é um luxo que está ! Mas era como eu estou dizendo à senhora, era a rapa, s-

INQ Pois, pois.

INF1 silva, feto, que era era isto , , desta maneira. E tinha aquela lagoa ali.

INF2 Mas agora não tem isso.

INQ Pois.

INF1 É aqueles caminhos para , é tudo es- tudo com bagacinha.

INF2 Tem barraquinhas armadas.

INF1 Tudo O quê?! Um luxo, ! É um luxo! É um luxo!

INF2 É mesas!

INF1 É um luxo!

INF2 Mesas de pedra, então!

INQ Pois.

INF2 Umas mesas postas e elas com os seus fogões a fazer coisas para comerem.

INF1 É, a aquecer coisas para comer.

INF2 Aquecer comidas.

INF1 É um luxo ! É um luxo!

INF2 Consola a ver!

INQ Pois.

INF1 E era um vadio, como eu estou dizendo à senhora.

INF2 Vão para de recreio de Verão! Agora de Inverno não estão .

INF1 não!

INF2 Mas Mas de Verão vão para , ficam de uns dias para os outros, ficam às vezes dois, três dias, .

INF1 Oh, então não é! É carro que é medonho!

INF2 Levam bastante coisas para comer e depois estão prontas a estar sem fazer nada .

INQ Pois.

INF2 É. Andar por

INF1 É um recreio, é um recreio.

INF2 É um recreio.

INF1 É um recreio. Digo à senhora que é um recreio agora. E uma coisa que era um vadio! Quem é que fez aquilo? Foi o nosso governo [pausa] é que botou encheu aquilo tudo de matas Matas, mas é uma quantidade brava, que está fechado de matos por ali, que aquilo era tudo vadio. Tudo vadio!

INF2 É tocar violas! É bailar! É cantar , desta maneira!

INF1 Oh, aquilo é um luxo!

INQ Sim senhor.

INF2 Vão para passar uns pedaços.

INF1 É, é.

INF2 E dias.

INQ Pois.


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