UNS08

Unhais da Serra, excerto 8

LocalidadeUnhais da Serra (Covilhã, Castelo Branco)
AssuntoOs animais bravios
Informante(s) Delmiro Dinora

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INF1 E a mim os lobos fizeram-me a meter ao, com licença de vocês, com o cu atrás duma em cima, num prédio. Estava a dormir mais o meu pai e o meu irmão que ainda está e eu tive medo. Se não tivesse medo, dizia que não tive, mas tive medo. Estávamos a dormir e quando, [pausa] pela noite adiante a gente em cima deitava-se mais cedo que aqui , pela noite adiante, começa o cão: "Ui, ui, ui, ui, ui, ui"! Acordaram-me: "Ó meu pai, andam os lobos". E diz ele assim: "Andam, andam"! Botaram-se-me ali às cabras na da Rosairinha era um lameiro que estava "Eu vou ver"! Então eu levanto-me, tranquilo [vocalização] Eu ia desarmado [vocalização], e e levanto-me, abro a porta e Quando eu abri a porta, ao mesmo tempo que abri a porta, saltaram para de cima do cão, que o cão que estava ali à porta. [pausa] E o grande ladrão quando me a descer ali, em ceroulas, com a vela, quase que lhe parecia que eu que era alguma ovelha branca [vocalização] e deixa de morder o cão, direito a mim. E quando ele veio também é que eu tive medo.

INQ Claro.

INF1 Fico a meter ao cu atrás ao cão o traziam debaixo , [vocalização] ao cu atrás, e disse: "Ó meu pai, acuda-me aqui"! se levanta o meu pai e um irmão que eu ainda tenho sim, ele éramos quatro, agora somos dois , e vem o meu pai e meu irmão, e vimo-lo escapar , aqui por este lado do do nascente. O cão esteve-se ali um pouco a confranger, rompeu por abaixo, saiu de com outro: um veio fazer frente à corte; e o outro andava com umas milhas, ou maçarocas, ou ou figos, que havia naquele tempo. Mas a gente era: "Olha os ladrões"! Olha, diz o meu pai: "Olha que foram os que me ali deitaram às cabras, aqui na da Rosairinha. Deitaram-se ali às cabras e ele [pausa] não levaram nem uma! , ainda tive sorte"! Bom, deitáramos então, mas estávamos ali muito tempo sem dormir, porque era na serra, tínhamos dormido. E o cão estava sempre: "Oh, trrr-trrr"!

INF2 Era um sinal.

INF1 Porque era muito batido deles.

INF2 Era um sinal.

INF1 E uma bela altura, o cão dormiu. Nós depois quando não dormia ninguém, metíamos o cão no palheiro, para eles não lhe morderem. Mas certa altura não metêramos o cão, viéramos embora. [pausa] Os ladrões foram , roeram a metade da porta e depois, com licença de vomecês, não puderam vingar no que viam, cagaram .

INF2 Cagaram à porta.

INF1 Cagaram à porta, estava uma merenda. E estava a po- a porta toda roída. Depois comprámos-lhe até uma folha de zinco, 'pusémos-a' , que lhe ainda há-de estar. Porque [vocalização] o nosso gado, o nosso e o desse ali, estava num ermo.

INF2 Estava muito longe!

INF1 Era muito longe. estávamos De Verão e de Inverno estavam na serra. de vinham quando a neve era muita. E talvez os senhores vissem agora aqui uns dois anos ou três, os avi- [vocalização] os helicópteros a acartar as vacas

INQ Sim, sim, sim. Claro, vi, vi!

INF1 as vacas da da serra para baixo.

INF2 Da serra para baixo.

INF1 E agora tornam a andar.


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