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FIG25

Figueiró da Serra, excerto 25

LocationFigueiró da Serra (Celorico da Beira, Guarda)
SubjectO moinho, a farinha e a panificação
Informant(s) Ascensão Aristófanes
SurveyALEPG
Survey year1997
Interviewer(s)João Saramago
TranscriptionSandra Pereira
RevisionMaria Lobo
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationCatarina Magro
LemmatizationDiana Reis

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INF1 E tanta coisa que para para se cozer o pão: [vocalização] a , [vocalização] o rodo para se puxar o borralho!

INQ E mais? Vai-me dizendo as coisas que é preciso.

INF1 Então?! . não mais nada. É o rodo e a .

INQ Pois, mas senhora Ascensão, eu trazia a farinha do seu moinho. O que é que eu tinha que fazer?

INF1 Peneirá-la [pausa] com a peneira que está ali.

INQ E em cima de quê é que peneirava? Não se punha um

INF1 Uma masseira e [vocalização] uma cernideira.

INQ Diga: e uma?

INF1 Cernideira.

INQ Sim senhor. E depois quando, quantos O que é que caía para a masseira?

INF1 A farinha. Então o que é que ele há-de ser?

INQ E o que é que ficava dentro da O que é que ficava dentro

INF1 O farelo.

INQ O?

INF1 Farelo.

INQ Sim senhor. E isso era no, no centeio, no pão?

INF1 Pois.

INQ E se fosse no trigo, não se peneirava mais uma vez?

INF1 O trigo também É É mais o farelo e depois ficava o rolão, que faziam, às vezes, asquelas bolas de rolão.

INQ Rhã-rhã. Sim senhor. O Depois, então, eu tinha a farinha e depois o que é que eu tinha que fazer? falou na masseira Depois o que é que acontecia?

INF1 [vocalização] E depois a gente tinha que amassar o pão.

INQ Sim senhora. E?

INF2

INF1 Oh! Tanta coisa! Então eles não sabem o que é isso?

INQ Não, mas eu quero saber os nomes que a senhora . Por exemplo, a cernideira, eu não conhecia o nome. Mas

INF1 Oi! Tanta coisa! É preciso muita coisa, Aristófanes!

INQ Mas Portanto, a senhora põe O que é que lhe punha para, para o pão crescer, para a farinha crescer?

INF1 O fermento.

INQ Rhum-rhum. E

INF1 E o fermento e depois é é o sal, e uma coisa [vocalização], e tanta água. Então, não é preciso tanta coisa?! Oh!

INQ Sim senhora. E depois como é que E depois quando estava a fazer com os punhos assim na masseira dizia que estava a quê?

INF2 Amassar o pão.

INF1 Amassá-lo, pois.

INQ E depois ao fim, o que é que ficava ?

INF1 Então e não sabem o que é isso?

INQ Não. E depois ao fim, o que é que ficava? , na masseira a crescer? Dizia que estava a quê?

INF2 Estava Estava a a fintar.

INF1 Então, pois claro. Então eles não sabem o que é?

INQ Diga?

INF1 [vocalização] Olha, estão agora a [pausa] chatear tanto a gente!

INQ Não. Ó senhora Ascensão, eu queria saber era os nomes que se dão . Está a perceber?

INF1 Ui! Tanta coisa! [vocalização] É do princípio ao fim.

INQ Do princípio ao fim.

INF1 Tanta coisa! Então, a gente [vocalização] É preciso sal, a água morna para se amassar o pão, o fermento. E depois a gente deita-lhe [pausa] a farinha por cima para se fintar; depois estar ali tanto tempo. O panal para E depois deita-se-lhe o fa- o farelo por cima Então que é isso?

INF2

INQ Punha-se-lhe o farelo por cima também, era?

INF1 Para, para, para o, para a fari- Para a massa não arrefecer.

INQ Ah! E o panal também punha por cima?

INF1 Pois, pois. E o panal por cima.

INF2

INF1 Haviam de vir era um dia que eu [vocalização] cozesse o pão, que estivessem a ver logo, do princípio ao fim.

INQ E depois, portanto, quando a massa estava quê? Quando estava pronta, dizia-se: "Olha, a massa está"?

INF1 está [vocalização] e vai-se tender.

INQ está quê?

INF1 Tender. E está finta.

INQ Rhum-rhum. Vai-se tender.

INF1 Vai-se tender para se meter o pão no forno.

INQ E como é que a senhora tendia?

INF1 Cortava-se às peçazitas. Aquela massa muita que a gente tem na masseira, cortava-se às peças para se pôr no no tabuleiro [pausa] e para se meter no forno.

INQ Sim senhor. E no tabuleiro não havia uma espécie dum lençol ou não sei o quê

INF1 Pois. É [vocalização] o panal.

INQ É o panal também?

INF1 É o que a gente colo- cobre o pão [pausa] quando fica na masseira

INQ Pois.

INF1 com o farelo. E depois tira-se aquele farelo e [vocalização] tudo. O panal depois estende-se no tabuleiro [pausa] e depois põe-se o pão.

INQ E punha com quê? Como é que punha o pão para o forno?

INF1 Como é que o punha? É assim às peçazinhas pequenas.

INQ Não era Mas é em cima de quê?

INF1 Do tal panal e no tabuleiro.

INF2 Ai, meu Deus.

INQ Sim. E depois quando ele estava no tabuleiro para ir para dentro do forno, onde é que a senhora?

INF1 Com a .

INQ Com a . Mas, antes de, quando estava a aquecer o forno, não tinha um pau que era para espalhar as brasas?

INF1 [vocalização] Pois era o tal rodo [pausa] que a gente espalha aquilo.

INQ Espalhava e depois puxava O rodo também era para puxar as, as brasas

INF1 As brasas. Pois [vocalização].

INQ E para lim- E para limpar o chão não punha um, um pau com um pano molhado, ou não sei quê?

INF1 [vocalização] É o ta- É o vassoiro.

INQ O vassoiro era quê? Era com um pano ou era com, com umas?

INF1 Quem quer é com um pano, quem não quer é com uma [vocalização] giesta.

INQ Rhã-rhã.

INF1 Com o pano, eu aqui no meu forno não , porque [pausa] o pano molhado estoira o o tijolo.

INQ Ah! Pois, estou a perceber.

INF1 E com a giesta fica [vocalização] , pronto, é melhor! Não aquece tanto aquela telha por baixo e não me estoira tanto [vocalização] aquele aquele tijolo. Pronto.

INQ Sim senhora. E dava algum nome àquele pão pequenino que, às vezes, se fazia mais achatadinho?

INF1 Bola. A bolita. É uma bolita.


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