INQ1 Então está bem.
INF1 Quando eu vim para aqui, estas árvores estava quase tudo morto. Diziam-me as pessoas assim: "Ó senhor Galeno, então, [pausa] pode essas árvores"! Eu dizia: "Não senhor. Não se mexe nas árvores. Feridas demais já elas têm. E então deixa-se sarar as feridas primeiro e depois é que se limpa".
INQ2 Rhum.
INQ1 Pois.
INF1 Porque nós se cortarmos um dedo todos os anos, todos os anos, é um caso sério, não é?
INQ2 Chega ao fim.
INF1 E a árvore, diz-se: "É árvore, não se dói"! Dói-se, sim senhor! [pausa]
INQ1 Mas…
INF1 Deixa-se primeiro folgar um ano ou dois e depois é que se trata delas, não é? Porque eu fui lá para um pomar que estava morto. Quando de lá saí, [vocalização] o pomar era pequeno, mas já nessa altura já valia trinta e tal contos, a laranja. E quando eu fui para lá, a laranja valia um conto e quarenta e dois e quinhentos. Está a ver, aqui na praça…
INF2 Nem tinha sequer uma folha verde. Eram só aqueles troços secos.
INF1 É que não tinha uma folha verde.
INQ1 Está a ver.
INF2 Quando a gente de lá abalou era um mimo de quinta! Pois.
INF1 E o dono disse-me assim então quando eu fui para lá: "O senhor depois dê uma limpezazinha a essas árvores". "Isso é que eu não faço! Se o senhor quer que eu que eu dê cabo delas, que as acabe de matar, é ir limpá-las agora nesta altura. Deixe-as lá tomar força primeiro que depois a árvore tem a força e sara a ferida de repente".
INQ2 Rhum-rhum.
INQ1 Pois, pois.
INF1 Pois. Isto é mal comparado: [vocalização] a gente quando somos novos, damos um golpe, com [vocalização], afinal, qualquer coisa assim aqui. A gente cura sempre mais depressa que quando temos já uma certa idade.
INQ1 Pois.
INF1 Porque não fica estas cicatrizes assim.
INQ1 Pois, pois.
INF1 Pois. A carne cresce.
INQ1 Pois claro.