INF1 Uma cantiga aqui já [vocalização] há muito ano, há uns, sei lá, eu não sei bem, mas, salvo erro, talvez aí uns [pausa] vinte anos. Vamos lá, mais ou menos vinte anos. É uma rapariga que chegou-se a idade e não tinha namorado, pois – [pausa] a idade.
INQ Rhum.
INF1 E então pensou namorar um rapaz. Houve um rapaz que a perguntou e ela [vocalização], pois, não desgostava do rapaz. Mas lembrou-se: "Eu tenho de perguntar à minha mãe. Deixa ver o que é que minha mãe diz". Disse à mãe e a mãe disse-lhe: "Olha, eu digo ao teu pai a ver". A mãe disse ao pai, diz o pai: "Esse rapaz não convém, que isso é muito ruim, é [vocalização] um tipo que não convém cá para a nossa família"! É claro, [pausa] o pai disse à mãe, a mãe disse à rapariga e a rapariga desistiu. Lá veio mais uns tempos, há um outro rapaz que procura a mesma rapariga. Diz ela: "Bom, talvez que o meu pai já goste deste"! E perguntou à mãe: "Minha mãe, [vocalização] afinal agora fulano quer-me namorar. Já será um rapaz que sirva"? "Eu logo digo ao teu pai". E ela disse ao pai e o pai disse: "Também não convém esse rapaz"! [vocalização] Também não convinha, diz a rapariga: "Eh diabo! Então, mas então, o m- o meu pai não gosta de rapaz nenhum! Eu tenho que perguntar ao meu pai mesmo qual é o rapaz que ele quer para mim". E então a rapariga um dia chegou ao pé do pai, diz ela assim: "Ó meu pai, eu quero casar e o meu marido onde está? Eu quero ir à sua vontade, eu caso com quem, diga lá? O pai não fique dizendo que eu que desobedeço. É verdade, eu bem conheço que o pai que me está mantendo. Mas se eu agora pretendo, eu tenho que me governar. Não se eu deve de admirar que eu para tudo estou mulher, mas com um moço qualquer, ó meu pai, eu quero casar. Se acaso não lhe convém um qualquer trabalhador, acarear um lavrador é que acho que não está bem. Porque a gente nada tem, um trabalho basta e vá, e que se a vida não for má, alguma coisa se acareia, e pergunto-lhe a vossemecê: o meu marido onde está? Disse-me que era bonito eu viver sempre solteira, ganhei uma nova cegueira, já pus um outro palpite. Ao mesmo tempo acredito, não tenho necessidade, mas tenho a infelicidade. O que é que será de mim? Por isso pergunto-o a si porque quero ir à sua vontade. O meu pai também casou, deixou-se da mocidade. E na flor da minha idade, com a mesma ideia estou. E já houve um que me perguntou e se eu quisesse era para já. Mas isto não tardará, que eu não me posso é perder. E estou à espera do pai dizer. Eu caso com quem, diga lá"?
INF2 Essa está Essa é muito boa!
INQ É muito boa!
INF1 Pois, é claro. A rapariga não…
INQ Nunca mais se…
INF1 O pai Mas o pai depois disse-lhe. O pai depois deu-lhe a resposta. Eu já digo a resposta.
INF3 Se não desligarem, pois…
INF1 O pai depois disse à rapariga a resposta. Disse-lhe o r- o pai então para a rapariga: "Ó filha, eu estou pensando. É o que te posso responder. Espera aí mais uns dois anos que depois já pode ser. Então estás aborrecida do mando de mãe e pai? Se quiseres ir embora vai, mas tornas-te arrependida. Tomas outra nova vida quando um ano se passando; e muitas das vezes chorando. Mas remédio já não há. Há três dias para cá, ó filha, eu estou pensando. Ó filha, diz-me a verdade, o que é que te aconteceu? Foi rapaz que te apareceu muito à tua vontade? Deixares-te da mocidade, grande coisa tem que ser! Eu não te posso valer que a tua sina é assim e que me dás esse desgosto a mim, é o que te eu posso responder. Se tu te manteres solteira e que me faças as vontades, nunca tens dificuldades, é tudo o que a filha queira! Isto é a melhor maneira e tomamos outros planos. Há por aí muitos fulanos que te querem desgraçar e toma um outro pensar, e espera aí mais uns dois anos". [vocalização] Pois é. [pausa] "Espera aí mais uns dois anos que depois já pode ser. [pausa] Deves de reparar que és nova e tens pouca idade e com a maior facilidade, te deixas logo enga- enganar. E depois vingas-te em chorar e começas-te a aborrecer. De outro rapaz não te querer, tornas-te infeliz, faz tudo como o pai diz, porque depois já pode ser". O pai não punha o defeito no rapaz! Punha o defeito era nela, que era muito nova! É. Tanto que ele diz: "Espera mais uns dois anos". Porque a rapariga logo de nova começou logo a gostar dos moços. E o pai depois dava então a desculpa que não era aquele rapaz que ele queria. Não era isso. Era a rapariga que era nova. Punha o pai essa esse obstáculo.