INF Bem, houvia cá uma coisa que chamava-se era uma zorra.
INQ1 Era assim, não era?
INF Pois.
INQ1 Como é que era?
INF [vocalização] Era com umas rodazinhas baixas.
INQ1 Ai tinha rodas?
INF Era umas rodazinhas baixas. [pausa] Aquilo era baixinho. Era assim desta altura, por exemplo. Agarrava-se aquilo, punha-se ali em cima e depois puxava-se. Chamava a gente uma zorra.
INQ1 Olhe, no, no cavalo, aquela, aquela coisa…
INQ2 Queres, queres que eu…
INQ1 Não está explicado, pois não?
INQ2 Não.
INQ1 Aquela, aqueles arreios que passam por, à frente dos pei-, do peito, como é que se chama?
INF É a coelheira.
INQ1 E a que, a que?…
INF E depois é a cabeçada. É a que está cá…
INQ1 A que passa por baixo da barriga?
INF É o cilhão. [pausa] E é a cilha. A cilha aguenta o arreio e o cilhão aguenta os varais.
INQ1 E o que é o cabresto?
INF A cabeçada é a que está de- é o que ele tem da boca.
INQ1 O cabresto?
INF O cabresto, na- disso não tem…
INQ1 Não tem nome?
INF Tem cabresto, mas não, não, não estava não estava lá.
INQ1 Não pertence? Não pertence a isto.
INF O cabresto está sempre [vocalização] lá a pegar à manjedoura, para ele estar preso à manjedoura. É um cabresto de corda.
INQ1 Ah!
INF Ele tinha um da cabeça – eu agora é que me está a lembrar. Tem lá um da cabeça, está ali por baixo da cabeçada. É um cabresto: leva aqui uma corda, aqui ao, ao ao focinho, e depois passa por trás das orelhas.
INQ1 De corda? Cabresto. Cabresto, não é? Isso está…
INQ2 Pois está…
INQ1 Agora, o que é que se punha por cima dos burros para, para eles tra-, levarem?…
INF Era uma albarda.
INQ1 E por baixo da albarda?
INF É uma cilha [pausa] para aguentar a albarda. Passava à barriga dele.
INQ1 E um pano que se punha por ci-, por baixo da albarda, para eles não?…
INF É osu-. Isso é o suadouro.
INQ1 Como é que se chamava?
INF Suadouro.
INQ1 Suadouro.
INF É para não ferir.
INQ1 E, olhe, a cilha, da esponja da cilha…
INF [vocalização] A cilha tem duas fivelas e depois tem uma correia para se apertar. Tem uma fivela dum lado, outra doutro.
INQ1 E não tinha assim um pauzinho que se enfiava para depois…
INF Tem. Isso é à moda do Alentejo. Tem um pau e a cilha… É um pau assim com duas coisas e a cilha é engatada aqui deste pau. Deste e deste. E depois tem uma espécie duma argola. Metia-se ali a corda e depois apertava-se.
INQ1 Como é que se chamava esse sítio?…
INF Mas a gente cá não é… Cá a gente não usava isso.
INQ1 Não se usava.
INF Era Era uma fivela dum lado e outra doutro. Uma argola dum lado – era de ferro – e outra doutro. Era cosido. Era cosido e depois esta parte de, de, da da corda para enfiar daquela, [vocalização] não era preciso já coser. A corda era mesmo engatada à [vocalização] própria cilha.
INQ1 Olhe, e quando…
INF Cosia-se. Por exemplo, um bocado um bocado de de cabedal, cosia-se aqui à cilha. Esta era para enfiar da argola para prender. E aquela parte da, da da argola passava por baixo da barriga e engatava-se à carga. Puxava-se a cilha e apertava-se ao burro. Dava-se dois nós. Dois nós ali, pronto!
INQ1 Quando era preciso transportar, sei lá, caixas ou cântaros ou… O que é que punha em cima dele, do animal? Assim umas coisas, não havia assim umas coisas de madeira…
INF É É uma umas cangalhas.
INQ1 E servia para transportar o quê?
INF Servia para levar qualquer coisa. Esterco, [vocalização] qualquer caixas, qualquer pouco ir aí dentro. Chamava-se umas cangalhas.
INQ1 Olhe e quando era uns sacos que se punha um de cada lado?…
INF Isso era inquerir.
INQ1 Como?
INF Inquerir.
INQ1 Ah!
INF Inquerir [vocalização] os sacos. Levava três: dois um de dois de cada lado e um ao meio.
INQ1 Mas esses sacos mesmo como é que se chamavam?
INF Podia s- ser sacos de batata…
INQ1 Não. Era uma coisa assim, que era um pano dobrado, depois com um saco aqui. Que se punha assim todo e depois enfiavam-se para lá para dentro coisas?
INF Ah, isso é um alforge.
INQ1 Também havia?
INQ2 Aqui havia?
INF Havia aqui tantos.
INQ1 Já não há?
INF Agora já não há.
INQ1 Mas quando é para montar um cavalo o que é que se põe em cima do cavalo?
INF Quando é para montar um cavalo, desde que ele esteja já habituado, põe-se um [vocalização] aparelho – uma sela.
INQ1 E quais são os arreios dos cavalos? São diferentes?
INF São diferente diferentes.
INQ1 Então como é que são?
INF Há Há selas [pausa] dessas como os cavaleiros [pausa] que andam a tourear e há outros arreios simples, [pausa] que é aqueles rasos. Os nossos são rasos, [pausa] à inglesa. [pausa] É raso. Chama-se um selim. E os outros é uma sela.
INQ1 Na sela depois há umas coisas onde se põe os pés.
INF Da sela há os estribos. E, e aqueles E aqueles à inglesa é uns estribos também, em ferro, só de enfiar o pé. E os outros é em é em madeira, [pausa] forrados com metal ou com um coiso à frente.
INQ1 Não têm nenhum nome especial, esses, de madeira?
INF Esses de madeira têm um têm… O nome deles é [vocalização]… Estribo, não é. Têm um nome.
INQ1 Loro ou?…
INF Têm… Eles têm um nome daquilo, têm; mas eu não me lembro.