INQ1 E depois no fim não se costumava voltar outra vez atrás que era para ver se tinha ficado um bago aqui, outro lá-… Um cacho aqui, outro cacho acolá…
INFAh! Fazer É fazer o rabisco.
INQ1 E aqui… Aqui fazia-se rabisco para quê? Também se fazia na azeitona e noutras coisas, ou era só na, na, na vinha? Ou nas cepas?
INF Agora, [pausa] infelizmente, a azeitona… Ficam até, às vezes, carregadas de azeitona, aí para trás, [pausa] que ninguém as apanha. Já Dantes é que é que havia rabisco. Rabiscava-se tudo e mais alguma coisa e e nada chegava. E agora… Mas eu espero por uma fome grande sobre esta coisa que se está a passar. Espero, porque estragar e não aumentar [pausa] nalguma coisa há-de dar. E então, espera-se por isso. E aquela pessoa que é conchegada e que gosta de conchegar as coisas é murmurada pelos outros. Porque os outros são mais do que aqueles que são amigos de conchegar. Ouviu?
INQ1 Hum-hum.
INF Eu não sei com quem está com quem eu estou a conversar. Mas o senhor também não sabe quem é que com quem está a falar.
INQ1 O senhor já sabe mais do que eu porque já viveu…
INF Não, não sei não. Não. Não, não. Posso saber mais do que si do que a do ca si nalgumas coisas, mas há outras em que o senhor sabe mais do que eu.
INQ1 Não, mas há certas verdades que o senhor está a dizer… Olhe e depois as uvas apanhavam-se para dentro de uns cestos, não é, e levavam-se para cima, para dentro de uma coisa que estava em cima dos carros?
INQ2 Na vindima.
INQ1 Na vindima.
INF [vocalização] Era para a tina.
INQ1 E depois, ela dentro dessas tinas para onde é que se levava?
INF [vocalização] Bem, [vocalização] bom, mesmo em cima de um carro.
INQ1 Para onde?
INF Para, para a, p- Para o coiso, para o lagar e [vocalização] –. E depois lá no lagar… Mas aquele patrão que eu tive – que eu falo nisto –, esse gajo era tão artista para aquilo… Sabe Quando eu lá estava, sabe o que é que o gajo mandou fazer? Uma quantidade de cestos, uns maiores, outros mais pequenos, em folha. Mesmo que esmagassem as uvas lá dentro do coiso, [vocalização] aquilo ia ia tudo ter lá ao lagar. [pausa] Ui Jesus!
INQ1 Pois. Por aqui nunca houve lagares para fazer vinho, pois não?
INF Não. Não. Para aqui só houve ali uma vinhazita ali, assim coisa. E pronto! E havia outra também ali num monte, aí mais abaixo. De resto, não hou- não dei notícia aqui de de vinhas.
INQ1 Mas o… O senhor sabe como é que se fazia o vinho?
INF Eu [vocalização] aprendi qual- aprendi qualquer coisa lá. Pa-, pa- Passei lá noites a pisar essa trapalhada e a, e a e a fazer mudanças e essa coisa assim.
INQ1 E dava algum nome àquele vinho que ainda era doce, quando ainda nem… Nos primeiros dias?
INF O, o pa- O palheto ou [vocalização] água-pé, ou [vocalização], ou qual- ou qualquer coisa assim. Ele havia tantos nomes assim nesse feitio.
INQ1 Não havia nada que chamasse o mosto?
INF Ah! O mosto, ah, isso era o isso era o [vocalização] bagaço, a parte do bagaço. Quando era aquele [vocalização] aqueles restos do bagaço [pausa] – sim, aquilo tem mesmo o nome de bagaço – [vocalização] é que é que [vocalização] chamavam-lhe o mosto.