INF1 Pois, os lavradores davam davam aquelas terras mais, mais [vocalização] mais mal andamosas, [pausa] é que eles davam para a gente fazer aí serviços.
INQ1 Pois.
INF1 E então a gente aproveitava, [vocalização] trabalhávamos para ali de castigo Invernos inteiros para fazer muitos serviços, às vezes, para quatro ou cinco alqueires de trigo.
INQ1 Eles pagavam em trigo, era? Ai não, o senhor é que depois semeava.
INF1 Não, era para a gen–, para a para a gente semear.
INQ1 Rhum-rhum.
INF1 Para fazer uma sementeira que, que de moreias que que levasse quatro ou cinco alqueires, era preciso ser já um bocado grande para o homem fazer aqueles trabalhos todos assim em neste processo.
INQ1 Então e depois fazia isso. E depois? E depois no ano seguinte?
INF1 Então e depois no ano seguinte, quer dizer…
INQ1 Continuava a ser, a trabalhar para lá, a trabalhar lá, ou não?
INF1 [vocalização] Então, pois, nós semeávamos…
INQ1 Portanto, o senhor limpava a terra, não era? O lavrador tinha uma terra com mato. O senhor limpava, limpava-lhe a terra, semeava, e era para si? Ou era, também tinha que pagar ao, ao lavrador?
INF1 Tinha. Tinha que pagar a a renda depois ao [pausa] ao dono da terra.
INQ1 Ah!
INF2 Antigamente chamava-se a ração.
INQ1 A ração?
INF2 Ou era de oito, ou de cinco, ou de dez, ou de doze, como fosse.
INF1 Pois, dava-se o nome da ração.
INQ2 Conforme.
INF2 Pois, conforme.
INF1 Rhum-rhum.
INF2 No outro ano já não dava trigo, semeava-se cevada branca; e depois no outro ano semeava-se aveia. Que é o que eu disse ainda agora às senhoras, [pausa] que é a semente mais ruim que nós cá temos.
INQ1 Pois.
INF2 E [vocalização] E era assim que se fazia as sementeiras, esses povos que por aí viviam, não é?
INQ1 Portanto…
INF2 Mas de graça ninguém dava. A gente, nós tínhamos…
INF1 Agora! Não davam de graça, não.
INF2 Limpávamos as terras e tínhamos que pagar sempre, não é? [pausa] Agora está a maior parte disso está abandonado. Então e quem é que vai fazer moreias?
INF1 Ah, isso não há muito!
INF2 A maior parte não há ninguém que saiba fazer uma moreia, não é? A não ser pessoal desta idade.
INF1 Não, o meu irmão O meu irmão, hoje em dia, não da- não deitava a conta.
INF2 Pois, e não se pode fazer. Naquele tempo não havia adubos, não é? Tinha que se utilizar os esquemas do mato para…
INQ1 Pois.
INF1 Pois.
INF2 E era melhor do que é hoje.