INF1 Acabam as artes todas. Nós aqui acabam as artes todas. Aqui já não há quase artista nenhum. Chamam artistas esses homens que estão assim a trabalhar.
INF2 Acaba tudo.
INF1 Uns arranjam sapatos, outros que sejam os fatos. Isto por aqui já não há ninguém a aprender. É só algum velhote. E depois está assim… Está aí um velhote, já velhinho… Lá deita umas capas nuns sapatos assim por detrás .
INF2 Ah, pouco, não quer. As capas que deita… olhe . Disse que não tinha lá cola, nem tinha [vocalização] que não tinha lá linha, não tinha nada. Tive que lhe deitar aqui este [vocalização] arame a ver se rompe mais um bocado.
INF1 Já ninguém aprende artes. Isto aqui já ninguém aprende. Tudo quer ir mas é só para [vocalização] para o que for bom, para o Estado, que é outra vida que não é por aqui. Dantes andavam os filhos a aprender por aqui um ofício. Agora ninguém quer ofícios.
INQ É assim.
INF1 Agora ninguém quer ofícios.
INQ Pronto, olhe…
INF2 Isso é verdade, é.
INQ Parece que já está tudo, aquilo que o senhor sabe e… fora o resto.
INF2 A vida tem sido Muito dura a gente! Muito dura a gente! A Ele trabalhar toda a vida nisto, muito a gente dura!