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Covo, excerto 12

LocalidadeCovo (Vale de Cambra, Aveiro)
AssuntoNão aplicável
Informante(s) Arquibaldo

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[1]
INF Ela ouviu, ouviu
[2]
, ouviu e virou-se para ele
[3]
e diz assim: "Olha, ou tu obedeces a este pedido,
[4]
ou nunca mais aqui tornas".
[5]
Ela para ele: "Ou tu obedeces a este pedido,
[6]
ou nunca mais aqui tornas.
[7]
Coitado do homem.
[8]
Então estás a ver se lhe morrer o filho fora, como ele é"?!
[9]
Morria a gente nossa fora!
[10]
INF Diz ela: "O que é que
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Tu se lhe dás algum jeito".
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E ele riu-se.
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E ele: "Tu queres que eu perca o pão por causa dum soldado"?
[14]
Diz ela: "Não perdes nada!
[15]
Tu vai
[16]
e fazes [vocalização]
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E não tenhas medo".
[18]
Foi isso.
[19]
"O senhor quando vai embora"?
[20]
Digo assim: "Ó meu tenente, eu [pausa] vou domingo"
[21]
isto foi numa sexta-feira ,
[22]
" vou domingo"!
[23]
"Pronto, o senhor, ao domin- no domingo, às duas horas"
[24]
que era o Viseu que passa ali que vai para Vi- para ;
[25]
[vocalização] para chama-se mesmo o Viseu, a camioneta ,
[26]
"você [vocalização] apareça , no jardim, em baixo".
[27]
Eu fui, esperei.
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À noite, o meu filho vinha do [vocalização] do mato, de coiso, das instruções,
[29]
era companhias a vir, companhias e companhias,
[30]
e companhias, e companhias, e eu não o conheci.
[31]
o conheci quando ele ia a entrar ao, ao à porta de armas,
[32]
é que ele alevantou assim o braço
[33]
e é que eu o conheci.
[34]
O moço foi entregar a espingarda, entregar as coisas dele,
[35]
veio para fora:
[36]
"Você que anda por a fazer"?
[37]
"Olha, é assim, assim, assim".
[38]
"Oh!
[39]
Ó pai, vá-se embora, homem!
[40]
Tenha juízo!
[41]
Então você ia
[42]
Então você cuida que
[43]
Então foi lido a ordem,
[44]
e então você cuida que me tira de ?!
[45]
Eu tenho que ir.
[46]
Há-de ser o que Deus quiser.
[47]
Eu tanto posso morrer ou não morrer,
[48]
mas [pausa] tenho que ir.
[49]
Se eu não
[50]
Há-de ser o que Deus quiser".
[51]
"Eu tenho que tu que não vais ".
[52]
"Não, pai"!
[53]
"Não ande a gastar dinheiro".
[54]
[pausa] Pronto, me fiquei.
[55]
Quando foi no Quando foi no domingo, às duas horas, eu fui para o jardim,
[56]
havia muita gente muito mundo, muito furriel, com aquela gente ,
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eu não estava à espera.
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Ela veio,
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ela carregou para sete ou oito pessoas, com batatas, com hortaliça,
[60]
que ela tinha uma quinta, boa, aqui San- em Santa Cruz da Trapa.
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Carregou aquilo tudo,
[62]
ia-se tudo,
[63]
deu-me um balãozito para levar [pausa] na mão, como essa pedra.
[64]
Uma coisita na mão.
[65]
Diz ela: "Venha".
[66]
Eu abalei mais ela,
[67]
diz ela assim: "Você descanse
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que o seu filho não vai fora".
[69]
Oi, quando me ela disse aquilo!
[70]
Ai, Jesus!
[71]
"Não diga isso, senhora Berenice".
[72]
"É verdade.
[73]
Na altura que o seu filho for fora vou eu no lugar dele"!
[74]
Ai!
[75]
"Mas nós vamos para casa
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que ele está ".
[77]
Chegamos a casa
[78]
e ele estava sentado,
[79]
eu pedi licença outra vez,
[80]
ele mandou-me assentar
[81]
e esteve a conversar mais eu,
[82]
diz ele: "Olhe, o seu filho não vai fora.
[83]
O seu filho, eu tirei-o
[84]
Eu fui a Tomar,
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arranjei um militar
[86]
e tirei-o de .
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Ele agora não vai.
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Mas na segunda-feira, quando ele era para ir para fora, ele sai primeiro que os outros,
[89]
mas vai para Coimbra.
[90]
Vai para Coimbra, para, para Tom- [vocalização] para Coimbra para o Centro de Mobilizações".
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Digo eu assim: "Mas ele ainda vai"
[92]
"Não vai mais!
[93]
Você não, não descanse
[94]
que ele não vai mais".
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E eu disse:
[96]
"Ó, ó Ó meu tenente, quanto é que eu tenho a pagar"?
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Digo eu: "Quanto é que é o seu trabalho, meu tenente"?
[98]
Diz-me ele assim: "Olhe, você a mim não me paga nada.
[99]
Se quer dar alguma coisa é a ela!
[100]
A mim não me paga nada".

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