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Covo, excerto 21

LocalidadeCovo (Vale de Cambra, Aveiro)
AssuntoNão aplicável
Informante(s) Arquibaldo Bigail

Text: -


[1]
INF1 Olhe que uma vez
[2]
INF2 Ai!
[3]
INF1 Uma vez, eu estava aq-
[4]
, [pausa] Que foi isso?
[5]
Pois foi.
[6]
INF2
[7]
INF2 De noite era!
[8]
INF1 e ouvi uns berros:
[9]
" um, olha uma pessoa a berrar aqui em cima".
[10]
Digo eu assim [pausa] para o meu filho: "Eh rapaz, está ali umas pessoas a berrar,
[11]
que será?
[12]
O que é que eles terão"?
[13]
INF1 [vocalização] Mas mau tempo!
[14]
Diz ele: "Ó seu tolo, seu tolo, anda observar"!
[15]
Mas ouvia-se ouviam-se aqueles gritos de aflição!
[16]
Diz o meu filho:
[17]
"E que era?
[18]
É o senhor que virou o carro"!
[19]
INF1 Na estrada.
[20]
Estava com o carro voltado!
[21]
INF1 E eu ouvi,
[22]
dei de [vocalização] da história
[23]
INF1 [vocalização] E eu fui bota- Eu fui ,
[24]
disse: "Ó rapaz, anda mais eu".
[25]
Diz: "Eu não vou".
[26]
"Anda mais eu, homem!
[27]
INF2 É verdade.
[28]
Aquela, aquele Aqueles gritos que aquela gente é de aflição.
[29]
Vamos ".
[30]
INF1 E o moço foi.
[31]
Fomos por ali fora,
[32]
chegamos além, cada vez mais,
[33]
cada vez depois de a gente se aproximar, ia atrás do sítio donde gritavam.
[34]
Chegamos ,
[35]
olha, o carro virado de baixo para cima
[36]
e era um homem sozinho,
[37]
e não o virava.
[38]
Pois como é que ele virava?!
[39]
INF1 Virou à valeta!
[40]
INF2 Ah!
[41]
Pois não.
[42]
INF1 Nós chegamos ,
[43]
disse: "Ó patrão, você o que é que tem"?
[44]
"Ó patrão, pelo amor de Deus veja se nos acode como me acode,
[45]
eu estou aqui,
[46]
eu morro"!
[47]
INF2 Sozinho!
[48]
INF1 Disse: "Ó homem, você não morre nada!
[49]
Você agora não morre"!
[50]
INF1 "Você, nós vamos ver se conseguimos a virar-lhe o carro.
[51]
Se lhe nós conseguir a virar o carro, muito bem;
[52]
se lhe não conseguir a virar o carro, você vai para baixo para a povoação para onde a mim.
[53]
Para a minha casa"!
[54]
INF1 O homenzito, coitado,
[55]
INF2 E ele donde era, Arquibaldo?
[56]
INF1 Ele [pausa] ele disse que era de [pausa] de São João da Madeira, homem!
[57]
INF2 Muito longe, muito longe!
[58]
INF1 São João da Madeira!
[59]
Depois eu andei mais o meu filho e ele
[60]
e andámos
[61]
e virámos o carro
[62]
e depois ele botou-o a trabalhar
[63]
e o homem [pausa] queria-nos pagar.
[64]
"Ó homem, não paga nada!
[65]
Você à sua vida
[66]
e venha embora, se quiser"!
[67]
"Não, não, não.
[68]
Eu agora vou na estrada,
[69]
vou mais devagar
[70]
e vou".
[71]
"Está bem".
[72]
Com o nevoeiro!
[73]
INF1 Ora, [pausa] morria!
[74]
INF2 Morria, morria.
[75]
INF1 Morria, coitado!
[76]
Então

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