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Granjal, excerto 53

LocalidadeGranjal (Sernancelhe, Viseu)
AssuntoO moinho, a farinha e a panificaçãoO linho, a lã e o tear
Informante(s) Ercília Emanuel Fausta

Text: -


[1]
INF1 E no pão, olhe, governava quatro fanegas.
[2]
A senhora sabe o que é uma fanega?
[3]
INF2 É quatro alqueires.
[4]
INF1 É a rasa quatro vezes cheia.
[5]
INF1 Governava quatro vezes.
[6]
Veja .
[7]
Quatro
[8]
Governava:
[9]
quatro e quatro, oito;
[10]
oito e quatro, doze;
[11]
doze e quatro, dezasseis alqueires que eu governava por dia.
[12]
[pausa] E noite.
[13]
Assim me eu pus também.
[14]
[pausa] Governava para levar para Moimenta, para levar para
[15]
INF3 Chegavam eles com os plásticos
[16]
INF2 Para Aguiar.
[17]
INF1 Para Aguiar, para para aqui.
[18]
INF2 Para Trancoso.
[19]
INF1 E aqui então era [vocalização]
[20]
Bem, não tirava até ferver .
[21]
INF2 E até chegámos a levá-lo a Vila Nova de Paiva.
[22]
INF1 É verdade.
[23]
INF3 Andavam todas toda a noite com os fornos a arder.
[24]
INF1 Era, sim senhora.
[25]
Toda a noite.
[26]
INF3 E era preciso não lhe dar pausa.
[27]
INF1 Era.
[28]
INF3 Quando algum alguém tirasse, estava outro tanto pronto para entrar mais.
[29]
INF1 Era.
[30]
Eu às vezes pedia vez para o para cozer,
[31]
dizia assim: "Ó senhor
[32]
Ó Ó Eurípides, eu quero cozer hoje quatro vezes".
[33]
"Então, entrega-te do forno",
[34]
ali o Eurípides da Rês.
[35]
Cozia quatro vezes.
[36]
Quatro taleigas que eu cozia!
[37]
Duas de trigo e duas de centeio.
[38]
[pausa] A gente governava pão de trigo que era assim!
[39]
Ai!
[40]
INF3 Também antigamente governava-se
[41]
INF1 Quem diria!
[42]
Com estes pulsos!
[43]
INF1 Era tudo amassado.
[44]
INF2 Isto agora é tudo amassado com máquinas.
[45]
INF1 Agora é tudo
[46]
INF2 Tudo a máquinas.
[47]
INF1 Têm padarias, padarias
[48]
Olhe, não presta o pão como era antigamente.
[49]
INF3 Ai, não.
[50]
Não presta, não.
[51]
INF1 Não presta.
[52]
A gente não lhe punha farinha [vocalização], fermento de fora.
[53]
INF3 Passa de hoje,
[54]
o pão fica duro,
[55]
se não come.
[56]
INF3 Não sei.
[57]
viria o padeiro da Lapa?
[58]
INF1 Olhe, eu vi vir um padeiro.
[59]
Não sei se era o Juvino.
[60]
INF2 Ele esteve hoje.
[61]
INF3 ?
[62]
Então ele trouxe.
[63]
INF2 Esteve hoje.
[64]
INF1 pão, minha senhora.
[65]
INF3 Eu hei-de comprar.
[66]
Também lhe comprava.
[67]
INF2 Ai, ele fica nas tabernas.
[68]
INF1 pão nas tabernas.
[69]
INF2 Ele deixa-o nas tabernas.
[70]
INF1 Se a senhora quiser, eu vou buscá-lo.
[71]
INF1 Agora ninguém cultiva nenhum, minha senhora.
[72]
Eram aqui
[73]
Cada fornada de linho que faziam que era um encanto!
[74]
Agora ninguém tornou a semear um grãozinho.
[75]
Ninguém tornou a semear um grãozinho de linhaça!
[76]
INF3 Agora nem o algodão usam!
[77]
É nylon.
[78]
INF1 Nylon.
[79]
INF3 Coisas feitas .
[80]
INF1 É.
[81]
Coisas que até prejudicam a gente.
[82]
Olhe, eu em vestindo alguma coisa de nylon rente ao corpo não paro.
[83]
INF3 O corpo não respira.
[84]
INF1 Ai, minha senhora, suponho bem que quanto não há-de custar!
[85]
INF1 Pois.
[86]
INF1 Veja .
[87]
Eu tenho uma toalha, que ainda agora lavei, que ainda me escapou do fogo
[88]
Ainda me escapou do fogo, aquela toalha!
[89]
Com uma franja grande de renda, que não não apanhou nada do de queimadura.
[90]
É É para levar eu por cima de mim quando morrer.
[91]
[pausa] Para ma botarem de cima.

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