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Vale Chaim de Baixo, excerto 5

LocalidadeVale Chaim de Baixo (Odemira, Beja)
AssuntoA ceifa, a debulha e a desfolhada
Informante(s) Cirilo Ciro

Text: -


[1]
INF1 O mantulho era aquela coisa que enrolavam à roda da palha para o trigo para a, para o
[2]
INF2 Para o trigo não cair tanto.
[3]
INF1 Para o trigo e para a palha não sairem dali.
[4]
INF1 Porque a gente quando tendo a mão muito aberta, assim, uma medida que não está a abarcar demais.
[5]
INF2 Uma mancheia de aveia.
[6]
INF1 Pegava-se nisso,
[7]
fazia-se o mantulho.
[8]
INF1 Pois.
[9]
Passava-se assim pelo dedo.
[10]
Em indo, passava-se pelo dedo.
[11]
Chegava-se a ponto
[12]
aquilo era um um manchorrão de trigo que
[13]
INF1 muito grande!
[14]
INF1 Era Era a paveia.
[15]
Pois.
[16]
E depois da paveia
[17]
INF2 No chão.
[18]
INF1 Pu No chão.
[19]
Punha-se no chão.
[20]
E depois, quando chegasse quando
[21]
Depois de ter aceifado três ou quatro horas, ou as que for aquilo era quase sempre três horas a aceifar, que a gente tínhamos sempre umas
[22]
às onze horas até ao meio-dia era para atar.
[23]
Pois.
[24]
Era então fazer o tal o tal mantulho.
[25]
Mant-.
[26]
Pois.
[27]
O mantulho.
[28]
Era o mantulho.
[29]
Chamava-se o mantulho.
[30]
É.
[31]
Era o mantulho que a gente fazia.
[32]
À paveia, à [vocalização] primeira mancheia que a gente fazia, aquilo era o mantulho.
[33]
INF1 E depois do mantulho, era quando se fazia a paveia
[34]
e que deitava-se no chão;
[35]
e depois quando se fosse atar, [pausa] tiravam-se
[36]
Chamava-se tirar o atilho.
[37]
Tirava-se-lhe o atilho,
[38]
fazia-se-lhe o atilho,
[39]
punha-se no chão,
[40]
pegava-se nessas paveias,
[41]
punha-se em cima [pausa] do atilho,
[42]
apertávamos o atilho,
[43]
fazíamos-lhe a murça.
[44]
INF1 A murça?
[45]
A murça é aquela parte de enrolar de enrolar o atilho o atilho, no no atilho para se ele não não sair.
[46]
INF1 Que aquilo não, não não se o .
[47]
O fulano agarrava
[48]
e faz ali uma murça.
[49]
INF1 É a maneira de atar.
[50]
INF1 É a maneira de [vocalização] atar na ponta do atilho.
[51]
INF1 É mesmo à maneira de de atar o molho.
[52]
INF1 De atar o molho e fazer o atilho.
[53]
INF1 Pois.
[54]
Não é como uma murça.
[55]
muita gente,
[56]
se for desta malta aqui e ali, se for fazer [vocalização] uma murça num atilho, não dão feito.
[57]
INF2 Não sabem fazer.
[58]
INF1 Não sabem fazer.
[59]
INF2 Não.
[60]
INF1 Pois.
[61]
INF2 Não dão feito.
[62]
INF1 Não dão feito, que aquilo
[63]
E eu, pronto!
[64]
A gente fazia a murça e
[65]
INF1 Era o molho.
[66]
Era o molho de trigo.
[67]
Pronto, ficava o molho de trigo.
[68]
INF1 A gavela?
[69]
INF1 Então isso uma gavela era a gente fazer uma mancheia de trigo muito grande, muito grande, fazer com cinco ou seis mantulhos.
[70]
Pois.
[71]
"Eia !
[72]
Tal não é a gavela que aquele fez"!
[73]
INF1 Era uma paveia muito grande.
[74]
INF2 Pois.
[75]
INF1 Pois.
[76]
Até dizia assim: "Olha, [pausa] aquele gajo fez fez uma gavela tão grande ou fez três ou quatro gavelas que deu logo um molho".
[77]
Pois.
[78]
INF2 Pois é isso.
[79]
INF1 , n- não ia à paveia.
[80]
INF1 era era logo gavelas.
[81]
INF1 Pois.

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