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Lavre, excerto 10

LocalidadeLavre (Montemor-o-Novo, Évora)
AssuntoA agricultura
Informante(s) Aramis

Text: -

[1]
INF Para um, para um Para umas relvas, que é restolho de trigo.
[2]
INF É o restolho de trigo,
[3]
é o restolho de de cevadas…
[4]
Bem, é restolho;
[5]
isso é umas relvas.
[6]
[pausa] Espere lá aí.
[7]
É um- [pausa] As relvas…
[8]
[pausa] Pois.
[9]
É isso mesmo!
[10]
As relvas é terras que foram semeadas.
[11]
Há os pousios – a gente vai-lhe chamar, por exemplo, o pousio –,
[12]
é terras que já há muitos anos que não são semeadas, nem têm árvores nem nada.
[13]
É o pousio.
[14]
Está em pousio,
[15]
que não está lavrada, nem está…
[16]
A gente pergunta uns para os outros: " [vocalização] Então andas aonde"?
[17]
"Ando no pousio, em tal banda, assim, assim".
[18]
Porquê?
[19]
Não está lavrada,
[20]
nem está para lavrar,
[21]
[pausa] e é chama-se-lhe o pousio.
[22]
INF E há as relvas [pausa]
[23]
INF que é lavradas.
[24]
Pois.
[25]
INF E há, por exemplos, nos barbeitos.
[26]
Num barbeito chama-se-lhe, no, no No barbeito chama-se-lhe, por exemplos, uma seara, uma terra que antigamente levava milho.
[27]
E E depois ficava esse Verão.
[28]
Apanhava-se o milho
[29]
e ficava, que era para ser um barbeito para semear-se trigo no outro ano a se- – nesse ano a seguir.
[30]
INF Por causa de ter sido lavrada e de estar de estar de pousio –
[31]
que não tem nada.
[32]
Tanto, era Estava de pousio, vá.
[33]
Lá está a tal razão de pousio.
[34]
INF Nesse bocado, nesse tempo.
[35]
Que depois tornava a ser semeado – para semear trigo.
[36]
Que ela levava É o barbeito.
[37]
Que era:
[38]
tinha levado milho, ou levado grão, que era para depois essas terras passarem o Verão, o calor passar por elas, que é para darem a seara melhor depois para o para o outro ano.
[39]
Depois a seara era melhor.
[40]
INF Um barbeito.
[41]
As que tinham sido tratadas – que já tinha sido semeadas!
[42]
INF Bom, o alqueve chama-se [vocalização]…
[43]
Isto há umas pequenas diferenças – ele cá na gente, cá na nossa linguagem…
[44]
[vocalização] Um alqueve é dentro dum chaparral.
[45]
[pausa] Portanto, terras terras de mato são alquevadas.
[46]
INF Hoje já é tudo é passado à grade [pausa] com tractores.
[47]
Mas chama-se-lhe um alqueve à mesma.
[48]
Enquanto isso o barbeito já é outra maneira:
[49]
chama-se terra que deu uma seara.
[50]
INF Deu a seara de grão
[51]
ou deu seara de milho…
[52]
INF Já outras coisas já não é.
[53]
Já depois Porque a seara se desse trigo ou desse…
[54]
Dandem trigo ou dandem cevada, já é um já é umas relvas.
[55]
INF Já não é Já não é o barbeito.
[56]
O barbeito é as terras…
[57]
INF Grão,
[58]
e fica a terra…
[59]
Arranca-se aquilo,
[60]
fica a terra [vocalização] sem uma erva, sem nada;
[61]
mal aparece umas ervazitas,
[62]
que é isso que o gado lá vai comer – aquelas folhas daquelas coisas;
[63]
e depois para se semear trigo depois logo ali em Setembro.
[64]
Pois é assim.
[65]
Chama-se-lhe isso barbeito.
[66]
INF Sim senhora.
[67]
INF Isso é mesmo próprios.
[68]
É mesmo o próprio clima.
[69]
Até aqui nestes olivais, ele há ali semeada.
[70]
[vocalização] Chama-se-lhe a essa erva,
[71]
chamam-se-lhe: azevém!
[72]
INF [vocalização] Um pastoreio para o gado.
[73]
INF Pronto, era [vocalização] Pastagem para os gados.
[74]
Pastagens.
[75]
Bom, pastagem é uma qualquer,
[76]
mas aquilo é mesmo pastoreio para o gado.
[77]
Mesmo uma erva para para pastoreios.

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