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São Lourenço da Montaria, excerto 7
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INF Não fiquei cansada nada!
[vocalização] Ou de falar?
Isso falar foi sempre o costume de falar, [pausa] não vê?
Eu tenho ali o o meu irmão, que está numa casa também ali à frente,
e hoje a cunhada viu a a minha rapariga,
disse: "Ó Antónia! O [vocalização] padrinho viu aquela carrinha [vocalização] ali,
[vocalização] Ele a Antónia contou-lhe,
a minha filha contou-lhe.
"Olha lá se é gente se são ladrões [vocalização] que andam a ver"…
Diz-lhe a Antónia: "Ó [vocalização] madrinha Antonieta, não diga uma coisa dessas.
É porque ela é muito desconfiada, sabe?
Eu [pausa] nunca desconfio de nada.
Nem, nem E bondava olhar para vocês.
[vocalização] As Conhece-se bem…
[vocalização] Porque ela é um bocadinho…
O meu filho não trabalha.
O meu filho é o tais que tem ali a casa nova…
Tenho um irmão que tem a casa dele ali adiante, também, e a cunhada.
E o meu filho inté ainda não tem o lugar fechado.
É sargento de do exército.
Esse também está com um bom ordenado:
está com [pausa] vinte contos, ou vinte e tal.
Agora tira mais porque foi…
[vocalização] Mudou-se para a…
Foi para a Madeira uns meses [pausa] porque senão tinha de se mudar…
Ele tinha de sair do Porto uns di- uns meses, não era?
Se não fosse para a Madeira…
Porque ele viveu muito tempo na Madeira.
Foi acabar a tropa à Madeira,quando serviu a tropa.
E depois lá ficou a trabalhar –
também trabalha de de carpinteiro –,
Bom, namorou uma rapariga,
inté nem me mandou dizer nada nem…
Eu, às vezes, escrevia-lhe
, e nem nem mandava dizer…
Às vezes, eu digo: "Eu só queria ter uma pessoa de de conhecimento aí na Madeira para saber a tua vida", não é?
Porque, claro, lá estava, não me ajudava nada –
porque acabou a tropa e não ajudava nadinha…
É que tive a minha falecida mãe ainda na cama cinco meses, quase os seis…
E [vocalização] sabe Deus como se a gente via, não é?
Não Não me contava nadinha.
Só passado tempo é que soube, então.
Já ele tinha três filhos: duas rapariguinhas gé- gémeas – são as mais velhas, essas já têm quinze anos, são umas moças já – e um rapazito [pausa] que agora tem-no também no seminário, em [vocalização] Braga, a estudar.
E logo teve outra rapariguinha mais nova que essa tem-na no Porto, no colégio no Porto.
Pô-los todos assim, coitadinhos,
tocou-lhe a vir para o Porto.
Ele no Porto, a mulher ficou lá com os filhos…
Adiante teve de ir para Angola –
que foi no tempo que Angola estava má
que teve de ir para alá também –,
pediu-me se aceitava aqui a mulher e os filhos.
Tinha de desocupar a [vocalização] a casa na Madeira, que era do do exército.
Adiante veio-me a mulher trazer as três meninas
Eh, que tinha de ir outra vez que o menino tinha de ser operado lá à garganta, lá as anginas, não sei o quê.
ela chamava-se Antonina –,
digo: "Ó Antonina, você escreva-me que eu quero saber como o menino está".
Escreveram-me os senhores?
"Mas você quando quando escrever ao Antero" – que ele o [vocalização] o apelido do meu filho é, [pausa] é é Cirano Antero – "quando escrever ao Antero não não lhe diga que eu que tornei para a Madeira".
e mandei-lhe dizer que tinha cá chegado a Antonina com os meninos;
não lhe expliquei mais nada.
[vocalização] Adiante já me ele responde à carta.
Diz: "Minha mãe, mandou-me dizer que a Antonina tinha chegado aí com os meninos.
Mas eu já tive carta da Madeira donde me disseram que ela que andava lá já a passear.
Mande-me dizer se levou os filhos, se deixou, se levou os míudos ou deixou-os consigo.
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