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Melides, excerto 8
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INF1 Não se admirem porque as cooperativas, não tenho-lhe a certeza que a maior parte, se andam lá cinquenta, só dez é que fazem pela vida.
Olhe que eu sozinho – está aí a minha mulher que sabe e muita gente – eu sei o que é que sofria.
Ia daqui, por exemplos, a estas horas,
ia atar trigo até à meia-noite, uma hora [pausa] da noite;
no outro dia de manhã, ia para lá logo cedo
e quando chegava a hora vinha-me embora para o trabalho
Olhe que eu acabei unicamente de trabalhar
INF1 Isso a agricultura é muito má de resolver.
[vocalização] A maneira só melhor que tem de resolver a agricultura era nesta sistema ser, por exemplos – há pessoas que não gostam de eu dizer isto, não é? – nesta sistema: "Tens possibilidades para cultivar vinte hectares?
É estes vinte que tu cultivas.
Tens possibilidades para cultivar cinquenta,
se tens para cem, é para cem".
Assim é que se isto poderia fazer alguma coisa.
INF1 E ainda dentro disso ainda havíamos de ter umas pessoas [pausa] que tivessem inteligência para isso e dizer assim: "Pissst!
Esta terra dá duas searas no ano;
INF1 Não é como as pessoas estão a fazer hoje em dia.
INF1 A terra onde nem sequer dá aveia – que é a semente mais ruim que nós temos – põem lá trigo!
INF1 Acabam unicamente de fazer a despesa
e não tiram nenhum, sabe.
INF1 Porque eu sei conhecer essas coisas todas.
INF1 Desde gaiato pequeno fui logo [vocalização]…
Achava uma espiga de trigo,
[pausa] Se se criava aquele triguinho, no outro ano experimentava a semear.
Já dava-me quase meio litro.
INF1 E fui sempre com a cegueira de semear.
Portanto, agora, eu semeio batata, semeio feijão.
Aqui não semeio trigo porque as terras não se prometem, não é?
INF1 E na E aqui é uma coisa:
nem uma máquina temos para cultivar isto, não é?
A gente agora vai falar a uma pessoa para vir fazer.
INF1 A pessoa não quer, não é?
[pausa] As pessoas não querem.
As pessoas habilitaram-se a esta coisa do emprego
INF1 Um homem ganha aqui uns trezentos escudos.
Ganham trezentos escudos.
Há sítios que é para aí duzentos e cinquenta, mas mais ou menos…
INF1 Pois, mais ou menos, é aí o… A tabela disso, mais ou menos, é os trezentos escudos, não é?
De forma que isto é assim.
Tratar dumas árvores, também a gente faz muita diferença.
Olhe estas árvores que estão aqui, se fossem tratadas por mim – que eu não tenho vagar –, começo-lhe aí a dar uma limpezazinha…
é como as senhoras sabem,
INF1 Eu amanhã posso já não estar aqui;
os donos, por qualquer coisa, não engraçarem comigo
e eu tenho que ir para a rua.
e eu não pago nada de aqui estar.
Eu estou aqui pelo amor de Deus, como diz o advogado.
INF1 Se não paga nada, está pelo amor de Deus.
E então eu quanto mais trabalho, dentro disto que não é meu, mais perco, não é?
INF1 As pessoas dizem assim: "Ah! Não paga nada".
os fins-de-semana venho trabalhar.
Acabo por pagar uma renda grande à
INF1 O que é é que se tiro umas batatas, dá para mim comer; se tiro um feijão, dá para mim comer.
E então, com o ordenado que tenho dá para eu, mais ou menos, me manter mais a minha família.
Que a gente tem que fazer assim.
INF1 agora no dia 22 de Agosto.
INF2 Trabalhava, umas vezes por aqui, outras vezes por ali.
INF1 Cavar, lavrar, mondar, semear adubo, semear trigo,
INF1 mondar arroz, semear arroz, tirar-lhe a água, pôr-lhe a água, [pausa] tudo coisas assim.
INF1 Isso é tudo coisas que…
INF1 Tanto que eu acabei de dizer às senhoras: eu faço de tudo um pouco,
Não tenho tempo de aprender nada.
INF1 O gajo fez a quarta classe
INF2 Eles e depois quando forem maiores, vão-se logo…
O outro chegou ao segundo não quis mais, o mais velho que eu tenho.
Está lá no parque de campismo, ali em baixo.
INF2 O pai diz: "Ah! Que mais não Que mais não seja, gostava que fizesses o o quinto ano".
INF1 Vamos mostrar as flores aí da minha senhora.
INF2 "Ah! Eu estou farto de estudar!
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