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Moita do Martinho, excerto 1

LocalidadeMoita do Martinho (Batalha, Leiria)
AssuntoA vinha e o vinho
Informante(s) Cassiano Cidália

Text: -


[1]
INF1 Para Até ter o vinho?
[2]
[vocalização] Primeiro é, sabe, é amanhar a vinha, pôr-lhe
[3]
INF1 Ah, não tinha nada?!
[4]
INF1 Pois.
[5]
E depois queria passar a vinha, não era?
[6]
INF1 Pois.
[7]
Tem que Tem que ser [vocalização]:
[8]
o terreno tem que ser cavado bastante fundo, que a vinha nã- convém ficar com o terreno cavado bastante fundo.
[9]
Agora até máquina;
[10]
dantes era dantes era era a braços.
[11]
Era umas brigadas de homens que serviam.
[12]
Uns ganhavam a jorna,
[13]
outros iam até emprestados, trocados não é? cavar o terreno destinado para a vinha, mais fundo do que sendo para amanhar outros outras coisas da agrícola.
[14]
O milho ou a batata não precisava de ser tão fundo.
[15]
Mas para a vinha é preciso sempre mais fundo.
[16]
INF1 E depois plantava-se o bacelo.
[17]
Depois ao fim de um ano de o bacelo estar plantado, enxertava-se o bacelo.
[18]
Punha-se-lhe o garfo chamam-lhe eles o garfo, exactamente
[19]
e depois então desse garfo é que é que se formava a [vocalização] dita parreira, a dita cepa, [pausa] que as uvas então.
[20]
Depois a partir daí tem que se curar,
[21]
tem que se andar a tratar, para todas as semanas,
[22]
uma vez ao menos, tem de se andar a tratar para não lhe dar o míldio chamam eles o míldio que é a moléstia na da vinha.
[23]
E até, ainda apa- de vez em quando, ainda aparece.
[24]
Isso estraga muito [vocalização] as uvas.
[25]
Isso dava um trabalhão assim!
[26]
Dava
[27]
e continua a dar ainda.
[28]
INF1 Mas nos outros tempos a calda era feita manualmente;
[29]
era com com o cobre,
[30]
chamavam-lhe o [vocalização] sulfato de cobre.
[31]
INF1 Sulfato de cobre.
[32]
Depois temperado com a com a calda, [vocalização] ou com cal mesmo, com cal virgem,
[33]
que não se podia realmente, nem nem dar uma percentagem maior que, que o que o devido [pausa] de cal, nem também ficar p-, o sulfato.
[34]
Tinha-se que pôr aquilo dentro com uma certa medida.
[35]
E depois era era temperado com um papelinho, um papelinho pequenino, que era branco,
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e depois de se acravar, ia-se acravando na na calda até começar a mudar de cor.
[37]
INF1 Depois de estar a mudar
[38]
INF1 E [vocalização] E depois é que se via que estava boa para isso.
[39]
INF2 Aqui faz faz muito frio também nesta casa.
[40]
INF1 E depois tratavam-se assim as vinhas até chegar à altura da vindima.
[41]
Na altura da vindima, vindimam-se as uvas.
[42]
Depois, e- [vocalização] ago- ainda agora mesmo é o caso ainda aqui nas nossas aldeias , ainda é pisada a pés, as uvas, dentro duma dorna ou dum lagar.
[43]
Agora é mais lagares,
[44]
mas noutros tempos era mesmo dentro da dorna [pausa] dentro dum dum lagar, do lagar de de vinhos.
[45]
E depois dali então é que era é que era transportado para as para as vasilhas,
[46]
e e fervia o mostro.
[47]
E depois então é que passado uns uns dois meses ou quê, está o vinho feito está o dito vinho.

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