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Montalvo, excerto 12
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INF2 Era quase ao nascer do sol.
INF1 Quer dizer, quando, quando ia de noite quando ia de noite atar pão, ou atar pasto, ou coisa que se ia de noite.
Por exemplo, atar pasto era fácil de nunca ir, porque orvalhava
e não se pode atar [vocalização] molhado porque depois arde.
e depois [pausa] aquece e estraga-se,
e depois tinha que lhe dar o tempo.
Tinha que lhe dar o tempo, quer dizer, à hora do descanso.
Tinha que lhe dar o tempo.
Tinham o tempo, por exemplo, à hora de meio-dia.
Antigamente trabalhava-se de sol a sol.
Quando não era às vezes roubar um bocadito, e tudo.
INF1 Olhe, e vezes, vezes!
Cada vez andava com eles em certos serviços,
por exemplo, andávamos aqui no a cavar,
p- vamos lá, aqui na vinha,
aqui a cavar um bocado, por aí fora.
Ora, a vinha estava quase pronta,
amanhã íamos para outro lado.
Íamos para outro lado: "Eh pá, isto fica-me aqui preso
"Fica-me aqui preso por pouco.
Eh pá, se vocês andassem mais puxados um bocadito, eu mandava buscar um barril de água-pé à h- à quinta
É claro, eles, coitaditos, com vontade ou sem ela lá:
bumba, bumba, bumba, bumba, às vezes ainda acabavam com sol.
ficava aquele bocado por acabar,
no outro dia, ia aí com, com com vinte ou trinta pessoas, atrás de mim por aí abaixo, a cavar aquele bocado.
Ora, pôr a o fato no chão, pôr o saquito do almoço – que a gente antigamente tinha o almoço, que era às nove horas, comia-se a buchita de pão com as sardinhas e bebia-se um copo de água;
e depois toca de trabalhar,
ao meio-dia comia-se outra vez.
Antigamente a vida era assim.
As meninas nunca passaram…
INF1 Em casa, alguns, que o tinham; e outros que não tinham.
INF1 Era o pequeno-almoço.
INF1 Sempre, sempre pequeno-almoço.
INF1 As pessoas A gente tínhamos o hábito de dizer desjejuar.
"Desjejuei-me", ou "Bebi uma chávena de café", ou [vocalização] "Comi um [vocalização] bocado de pão", ou "Comi isto", ou "Comi aquilo".
INF1 Bom, isso havia muitos que vinham depois beber.
INF1 Se apanhavam alguma coisa aberta, e tal, é que vinham, senão…
[vocalização] Havia muitos que bebiam.
[vocalização] Houve uma vez um,
e era um [vocalização] solteirão qualquer,
até morreu ali ao, ao ao pé da porta da taberna com a cabeça em cima do degrau.
Vinha de manhã para matar o bicho,
e [vocalização] até lá ficou.
é que eu quero chegar a este a este ponto.
Ora, se eles não acabassem aquilo, [pausa] aquele bocado, no outro dia ia eu com com vinte homens,
vamos lá por aqui, com vinte homens atrás de mim.
São horas de começar a trabalhar,
nascia o sol: "Vamos lá chegar ao serviço, rapazes"!
Eles chegavam ao serviço,
Acabavam aquilo, por exemplo, em meia hora ou numa hora.
Vinham para agarrar no no fato, pôr as ferramentas às costas, a andar por aí fora.
Eu ia depressa, mas eles iam devagar!
A correr não era para eles!
Iam devagar, por exemplo, agora…
Ia andando por ali afora até ao destino.
Para depois para ia para a outra coisa, para começar a trabalhar,
[pausa] pôr o fato no chão,
aquele fazer mais um cigarro,
aquele chegar-se para aqui,
o outro: "Dá Dá-me cá lume"!
"Eh pá, empresta cá um um cigarro"!
Para aqui, para além, primeiro que se começasse a trabalhar, ia-se embora quase duas horas de serviço.
E essas duas horas ficaram no escritório do patrão porque fizeram na véspera com uma pinga de água-pé.
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