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Montalvo, excerto 18

LocalidadeMontalvo (Constância, Santarém)
AssuntoA vinha e o vinho
Informante(s) Guilherme Guliver

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[1]
acha assim: "Eh , o gajo é guloso".
[2]
É maduro.
[3]
Esse vinho é tirado com, com com acidez, com, com com maduro ainda.
[4]
INF1 Não é tirado de natural.
[5]
O branco pode sair de qualquer maneira e o tinto não pode.
[6]
Olhe que são filhos da parreira à
[7]
mesma e têm tem diferença.
[8]
INF1 O tinto tem que chegar para o coisa.
[9]
Porque eu sucedeu-me um caso:
[10]
um pouco do de vinho na na quinta, ali.
[11]
Havia cânhamo no campo
[12]
e o guarda andava de posse de mim por causa de ir [vocalização] vindimar o resto das uvas.
[13]
Diz: "Eh !
[14]
A ver se entendias mais uvas, que os os gajos do cânhamo dão cabo das das uvas todas".
[15]
[vocalização], de noite, iam às uvas todas.
[16]
E ele não podia estar estar sempre.
[17]
E eu tirei o vinho
[18]
Até, lembro-me bem, numa quarta-feira.
[19]
Eu havia de passar no outro dia,
[20]
havia de tirar na quinta-feira.
[21]
Tirei numa quarta-feira.
[22]
Tirei-o.
[23]
E o vinho ia com um bocadinho de maduro.
[24]
Quando foi no no fim de cozido, estava doce à mesma.
[25]
O meu patrão chegou ao de mim
[26]
e disse-me
[27]
Disse: "Ó Guilherme, não sabe?!
[28]
O vinho tem que ser queimado.
[29]
[vocalização] A fiscalização não mo deixa vender".
[30]
"Porquê"?
[31]
"O vinho tem o maduro.
[32]
Quando se acaba de beber, tem o maduro".
[33]
Eh , eu custou-me tanto aquilo
[34]
desculpem desta minha conversa ,
[35]
eu custou-me tanto aquilo que eu depois andava parece-me
[36]
Um rapaz que estava a vender o vinho morreu até , estava a vender o vinho, diz assim: "Eh , há-des ver,
[37]
quando vierem ao vinho, dá-lhe o vinho, aquele vinho a provar a ver se querem comprar".
[38]
E ele deu o vinho a p- a provar até ali a uns tipos, ali de Rio de Moinhos, a uns tipos de nota, e tal, que compravam muita porção para engarrafar.
[39]
E deu a provar: "Eh , mas se isto é vinho!
[40]
é esp-, é esp- É especialidade, !
[41]
Este vinho, quando for ao fim de dois anos, é é vinho do Porto.
[42]
É exactamente vinho do Porto".
[43]
Eu por acaso até comprei também dois litros dele.
[44]
E era [pausa] engarrafado,
[45]
quando foi ao fim de dois anos, era vinho do Porto.
[46]
Primeiro perdeu a cor,
[47]
[pausa] aquele barro assentou todo,
[48]
ficou espelhado, limpinho, limpinho, dourado que não sei o que aquilo me parecia.
[49]
Perdeu a cor ao caminho.
[50]
E então com aquele madurozinho, aquilo era era de a gente beber e chorar por mais.
[51]
Tudo.
[52]
E depois eu pedi ao patrão.
[53]
Ele assim: "Eh, ah, , mas eles ainda são capazes de depois ir",
[54]
disse ele.
[55]
Tanto lhe pedi,
[56]
tanto lhe pedi,
[57]
ele tinha uma máxima confiança comigo,
[58]
disse: "Olhe, então diga então para o vender, que eu tenho um pouco daquele lado" que é do Lombão, que também pertencem à mesma casa "que está baixo,
[59]
tem pouca graduação,
[60]
e de maneira que eu dou-o para para a Federação, para eles queimarem, para eles queimarem no lugar daquele".
[61]
Olhe, não chegou a durar uma semana.
[62]
Eles levaram tudo,
[63]
mesmo a tropa, ali aquele, aqueles aqueles sargentados, aqueles oficiais, vieram ali buscar barris deles e tudo, para engarrafarem.
[64]
Mais tarde disseram-me que aquilo que era tal e qual vinho do Porto.
[65]
Comiam-no por vinho do Porto.
[66]
Bom, ?
[67]
É claro, a diferença.
[68]
E são parreiras!
[69]
São duas parreiras!
[70]
É a diferença do vinho.

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