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Montalvo, excerto 20

LocalidadeMontalvo (Constância, Santarém)
AssuntoA vinha e o vinho
Informante(s) Guilherme

Text: -


[1]
INF Você, se for a uma adega e se vir o tone- o coiso, você ponha-se a olhar
[2]
e :
[3]
o postigo [pausa] é cavado mais por dentro.
[4]
INF Quer dizer, [pausa] quando foi cortado não foi assim a direito.
[5]
Foi assim, todo assim em volta,
[6]
mas foi mais cavado por dentro, por dentro, que é para apertar ali.
[7]
INF Que aquilo serve para o para o adegueiro ou um rapaz ir lavá-los por dentro.
[8]
Que é preciso lavá-los,
[9]
tem que ir dentro.
[10]
Entra.
[11]
Entramos assim, com um braço atrás e outro adiante, de banda
[12]
entra ali de banda,
[13]
entra para dentro.
[14]
INF Um buraco pequeno!
[15]
Entra para dentro.
[16]
Depois vai lavá-lo, arranjá-lo.
[17]
Porque, às vezes, tonéis que [vocalização] recebem podre, recebem mau gosto, mau cheiro e depois para agarrar o vinho.
[18]
E, às vezes, recebem aquele podre, naquelas aduelas,
[19]
recebe aquele podre, e tudo.
[20]
Eu tinha por mim
[21]
havia químicas para lavar ,
[22]
mas eu tinha por mim [vocalização] umas coisas melhores que , antigas, velhas, que eu tirava melhor e lavava-os melhor.
[23]
Era potassa com água com, com com cal branca, água da cal branca.
[24]
INF Ia para dentro,
[25]
lavava-se lavava-os tudo bem lavado.
[26]
Depois, no fim de estar lavado e tudo, ia para dentro com um caldeiro com isso,
[27]
pincelava-o todo em volta.
[28]
Come tudo.
[29]
[pausa] Tudo!
[30]
Se deitar um bocado de cal branca c- juntamente com com potassa para dentro do barril e que enxugá-lo, aquele aquele coiso que está, aquele aquele preto do vinho, aquilo que está aquilo agarrado, come tudo,
[31]
sai tudo para a rua!
[32]
Sai.
[33]
Parece o vinho que sai.
[34]
INF Sai tudo.
[35]
Sai tudo para fora.
[36]
E então isso tem que se lavar.
[37]
Se não mesmo Se não é lavado, e se tem mau gosto, e se tem mau cheiro, essa coisa toda
[38]
Eu tinha até perfeição nessa coisa, que eu que os engenheiros até diziam que tinham confiança em mim
[39]
e podiam ter.
[40]
Tivendo coisa Tendo Estando ruim, eu não metia o vinho, que depois o vinho saía com aquele gosto.
[41]
O vinho sai!
[42]
O vinho é muito guloso!
[43]
Recebe qualquer qualquer sujidade, qualquer coisa que tenha!
[44]
Olhe que o vinho é muito guloso!
[45]
Recebe!
[46]
E eu n-, n- nunca quis.
[47]
Tira- Eu tirava-lhe aquilo tudo.
[48]
E nunca o ia meter dentro,
[49]
sempre ia perguntar para verem, para verificarem se estava ou não.
[50]
E eu lavava e tudo.
[51]
Porque senão depois, se não lhe tirarem se não lhe tirarem o mau gosto, ou o mau cheiro, ou ou o azedo [pausa] que, às vezes, muitas vasilhas azedam; não são lavadas capazmente, não secando se candeia , não as lavam
[52]
O mesmo que em nossas casas:
[53]
às vezes, uma vasilha pequena tem vinho ou coiso,
[54]
se não for lavada, azeda.
[55]
INF Nem que seja vidro!
[56]
Azeda!
[57]
Tira logo caminho.
[58]
O que, se tira, é fácil.
[59]
Azeda.
[60]
De maneira que que vai para dar mecha
[61]
e ele não toma.
[62]
Se for meter em cima duma mecha a arder para baixo, assim que entrou à coisa para dentro, apagou-a logo.
[63]
O azedo ou o ponto apaga logo de caminho.
[64]
Não o toma.
[65]
Não arde.
[66]
Não arde.
[67]
E a mecha faz falta.
[68]
[pausa] A mecha faz falta para a madeira porque faz tem dois sentidos:
[69]
é que queima todas as impurezas que tem, quer dizer, aquele cheiro,
[70]
que a gente depois fecha,
[71]
bate-o bem batido,
[72]
e reperta a madeira,
[73]
e não entra o bicho na madeira.
[74]
Com aquele cheiro da mecha e tudo, não entra o bicho na madeira.
[75]
Reperta e e aperta,
[76]
começa logo a a estalar, a madeira a trr, trr, a 'repertar', a 'repertar'.
[77]
Está aquele vapor,
[78]
aquilo ardeu dentro que a mecha não apaga ,
[79]
ardeu dentro,
[80]
e é claro, tem que 'repertar'.
[81]
INF Tudo esse lugar.
[82]
INF É isso que o que acá o velhote também fazia
[83]
e tinha experiência nisso.

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