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Porches, excerto 2

LocalidadePorches (Lagoa, Faro)
AssuntoErvas, arbustos e flores
Informante(s) Abelino

Text: -

[1]
INF Pois eu [pausa] – para te explicar melhor [pausa] – tinha aí alguns bocadinhos de terra
[2]
[vocalização] e estava estava limpo.
[3]
Nascia [pausa] as tais ervas que era úteis para os animais
[4]
[pausa] [vocalização] e essas ervas desapareceram
[5]
e assim, de repente, [pausa] a terra se tapou toda da tal erva.
[6]
E então, diziam: "Ah, mas"…
[7]
Dizendo eu: "E quem trouxe essas sementes para aqui"?
[8]
Dizem outros: "Ah! [vocalização] Foram os ratos,
[9]
trouxeram as sementes".
[10]
Qual era o rato que trazia – assim como um bocado que eu tinha ali em baixo que já o vendi até, porque não me dava resultado – qual era o, o o rato que trazia, às costas, aqui [vocalização] dois ou três sacos [pausa] de sementes?!
[11]
É mentira,
[12]
não pode ser!
[13]
Não há rato nenhum que faça uma coisa dessas!
[14]
Só daqueles ratos [pausa] assim mai- maiorzinhos.
[15]
Ora, é claro!
[16]
Já se vê que aquelas coisas é [pausa] nascido mesmo pela natureza.
[17]
Nasce aí num telhado,
[18]
[pausa] nasce também aquela erva ali por uma rachazinha na na parede, [vocalização] [pausa] muitas coisas assim.
[19]
Quem é que traz essa semente?
[20]
Dizem eles: "Ah, foi o passarinho [pausa] que trouxe".
[21]
Então no tempo que havia tantos passarinhos, [pausa] de todas as qualidades – que hoje [pausa] quase [pausa] que não há passarinhos; [pausa] só para aí desses pardais, aí, do telhado – nesse tempo não havia, [vocalização] o passarinho não trazia sementes.
[22]
Ora, é claro.
[23]
Outros [pausa] dizem que é do vento.
[24]
Noutro tempo, fa- havia uns temporais mais fortes do que há agora –
[25]
não traziam sementes daqui e dalém.
[26]
Mas agora, [pausa] há umas terras [pausa] que ch- que se cultivavam [pausa] – ou que se cultivam ainda [pausa] ou ou que se cultivavam [pausa] muitos, muitos anos;
[27]
e, então, não nascia umas certas ervas.
[28]
Há aí uma [vocalização] uma moita, [pausa] que se chama [pausa] [vocalização] táguedas;
[29]
[pausa] e, então, deixa-se de cultivar esse terreno um ano ou dois;
[30]
assim, nasce todas aquelas moitas.
[31]
Donde é que vieram essas moitas?
[32]
Foi o vento que trouxe de aonde?
[33]
[vocalização] A semente, trouxe de aonde?
[34]
Foi o passarinho que trouxe dois ou três sacos daquilo no bico para…?
[35]
Não!
[36]
Qual é o passarinho que pode com uma coisa dessas?
[37]
É mentira, pois é claro.
[38]
Portanto, a natureza [pausa] é que forma isto tudo.

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