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Bandeiras, excerto 20

LocalidadeBandeiras (Madalena, Horta)
AssuntoNão aplicável
Informante(s) Balbino Carmélia

Text: -


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[1]
INF1 Era um casal que era muito pobrezinho.
[2]
E o marido era pescador.
[3]
Ia mais a sua companha sempre para o mar
[4]
mas nunca apanhava peixe.
[5]
Os tempos longe de casa eram o bem da mulher.
[6]
[pausa] Mas num dia chegou ao porto
[7]
e não tinha quem arreasse mais ele
[8]
e ele tentou arrear sozinho.
[9]
[pausa] Em altos mares e tranca um peixe.
[10]
E o peixe [pausa] , ele ficou muito contente e ele disse, o peixe: "Tu não me mates"!
[11]
E ele o velhinho foi assim: "Eu não te mato [pausa] se me encheres a lanchinha de peixe"!
[12]
Ele disse: "Está bem!
[13]
Todos os dias vou-te encher a lanchinha de peixe.
[14]
Mas há-des vir sozinho"!
[15]
"Pois sim"!
[16]
Desiscou o peixe,
[17]
botou o peixe do mar;
[18]
estava apanhando chicharros
[19]
e encheu a lanchinha de chicharros
[20]
e foi para casa.
[21]
Chegou a casa,
[22]
a mulher ficou muito contente: "Ó marido, como é que foi isso?
[23]
[pausa] Estes dias ias mais os companheiros,
[24]
tu não apanhavas nada,
[25]
hoje foste sozinho
[26]
e ainda apanhaste uma peixaria"!
[27]
E ele disse: "Ah, é porque tive a sorte"!
[28]
O peixe tinha pedido que ele não contasse nada.
[29]
Ele volta no dia adiante,
[30]
tornou a trancar o peixe.
[31]
Pediu ao peixe para encher a lanchinha de peixe,
[32]
o peixe encheu,
[33]
veio-se embora.
[34]
E o tolo vai,
[35]
chega a casa
[36]
e conta à mulher: "Ó mulher, isto tem passado assim, assim".
[37]
E a mulher foi assim: "Olha, não tem nada.
[38]
[pausa] Eu quero comer duas postas desse peixe.
[39]
O primeiro dia que fores ao mar, há-des-me trazer esse peixe".
[40]
O homezinho vai no dia adiante para o mar,
[41]
chegou ao mar,
[42]
trancou o peixe
[43]
[pausa] e o peixe foi assim: "Tu não me mates"!
[44]
E ele disse: "Não, vou-te matar, que a minha mulher quer comer duas postas de ti".
[45]
Ele disse: "Bem, tu vais-me matar,
[46]
mas tu vais fazer o que eu disser:
[47]
[pausa] vais dar duas postas à leoa, duas à égua,
[48]
e tua mulher vai comer duas,
[49]
e vais enterrar duas no cabo de baixo do balcão e duas fora da porta.
[50]
[pausa] E não te apa-, não enches mais Mas não apanhas mais peixe nenhum"!
[51]
Assim foi.
[52]
O homem veio para casa com o peixe,
[53]
e ele disse: "A tua mulher come ali perto do umbigo, as duas postas perto do umbigo".
[54]
Veio para casa,
[55]
o homem disse à mulher,
[56]
a mulher fez assim como o peixe disse:
[57]
duas no cabo de baixo do balcão, duas fora da porta da cozinha, duas à égua, duas ao leão
[58]
e comeu duas.
[59]
INF2 Isso ficou tudo grávido !
[60]
INF1 A cabo de tempos, ele vai,
[61]
a mulher a queixar-se para ter uma família; a leoa também a mesma coisa; o c- a égua a mesma coisa;
[62]
por baixo do balcão nasceu duas árvores;
[63]
fora da porta da cozinha, nasceu duas espadas;
[64]
e ela teve dois meninos.
[65]
Foram crescendo,
[66]
foram crescendo,
[67]
mas ninguém conhecia um do outro.
[68]
Isso!
[69]
Andavam vestidos de iguais;
[70]
o que tinham é que tinham uma pouca diferença,
[71]
mas era num dente , na frente.
[72]
O mais, a feição dum e doutro era a mesma coisa.
[73]
Quando chegaram a homens, arremediavam-se bem [pausa] nesse tempo,
[74]
[pausa] e pediram ao pai para dir correr terras.
[75]
O pai disse que sim.
[76]
O pai deu-lhe um leão, a cada um deles, um cavalo e a espada, cada um a sua espada.
[77]
E eles caminharam.
[78]
Foram andando muito longe
[79]
e quando vai, repartiram o caminho.
[80]
E ele vai E vai um
[81]
foi assim: "Olha, aqui dois caminhos.
[82]
Cada um de nós vai cada um seu caminho
[83]
e a fim de um ano, de hoje a um ano, nós vamos voltar aqui, para visitar nossos pais e as nossas mães".
[84]
Disseram logo que sim.
[85]
Ora, um caminhou,
[86]
apanhou trabalho, coitado,
[87]
foi trabalhando;
[88]
o outro foi até bater na casa dum rei.
[89]
Pediu poisada,
[90]
o rei deu-lhe,
[91]
e depois pediu para ser criado,
[92]
o rei deu-lhe,
[93]
meteu-o a trabalhar em jardins.
[94]
Mas o rei tinha uma filha
[95]
e o rapaz era muito bonito.
[96]
E a filha engraçava muito no [pausa] no criado.
[97]
E olhava para o criado;
[98]
e o criado com medo de o rei não o mandar matar, e desviava-se sempre dela
[99]
Tanto que um dia atentou, ela, e fala-lhe em na- em casamento a ele.
[100]
Ele disse logo que não; se o rei sabia que o matava.

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