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Ribeira do Meio, excerto 29
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INF1 Olhe, só tive minhas irmãs à noite que me ajudaram a lavar as tripas
uma só é que trabalhou, a outra veio só de dó mesmo.
INF1 Eu não tenho sorte nenhuma então de ter gente muita gente a [vocalização] me ajudar.
Ele eu sei me determinar sozinha.
INF1 As tripas, o marchante, que é que abre o porco, é que desmancha as tripas.
Desmancha as tripas com uma faquinha
e vai puxando as tripazinhas todas,
vai pondo-as todas direitas
e a gente, depois no lavar, cortam as tripas.
e vão cortando à medida que a gente quer, ou um metro, ou dois, ou da maneira que a gente quer.
E [vocalização] a gente deita água,
tem uma pessoa a deitar água,
e a gente lava as tripas.
INF1 É com água, lav- lavadas.
E depois estão viradas, as tripas muito bem lavadas,
a gente faz uma calda com sumo de de limão tangerino, por fora [pausa] das tripas,
[vocalização] Em tempos passados não se fazia isto
Agora fica sempre um cheiro esquisito.
A gente lava aquelas tripas bem lavadas,
e depois, antes de virar, a gente faz-lhe uma calda de limão;
e depois lavam-nas outra vez, bem lavadas, para tirar aquela coisinha de [vocalização] , aquelas miolinhas do limão.
E [vocalização] enfia-lhe mais tripas.
A gente faz uma calda com farinha, que é que sai aquela borra toda da tripa,
e a seguir a gente deita salsa, cebola e o su- o limão picado para para lavar as tripas.
Há pessoas que areiam com sal.
Eu, por mim, não tenho sorte de arear com o sal, porque as tripas quando vêm dos porcos já assim vêm como purinhas.
Já a água, só a gente no lavar, elas ficam de largadas.
E [vocalização] E a gente lava as tripas bem lavadinhas, bem areadinhas,
e lavam-nas em muitas águas…
E depois de ficar as tripinhas, a gente tira as linguiceiras, que é aquelas mais estreitas.
A gente deita dentro duma duma cabouquinha de barro, ou dentro duma coisa plástica, para depois encher a linguiça, naquelas.
eu, por mim, não salgo porque tenho o frigorífico,
meto dentro do frigorífico,
E [vocalização] mas há-de Mas há pessoas que salgam-nas.
São salgadas, as tripas, para depois lavá-las bem lavadas,
e fazem uma caldinha com limão, para ficar frescas, para encher a linguiça.
E a morcela, a gente vem para dentro,
vão amarrando as morcelinhas à maneira que querem, assim em ponto pequeno,
e [vocalização] é que são cozidas.
A gente depois de encher aquelas morcelas, a gente deita um ca- um tacho ao lume, ou um caldeirão com água, sal e [vocalização]
INF1 malagueta para a pele não ficar deslavada.
Há pessoas que lhe deitam galhos de louro,
eu nunca lhe costumo a deitar então.
Deito sempre é o sal, a malagueta,
e deito assim a, a as morcelas,
mas há pessoas que deitam o louro a ferver.
Diz que lhe dá outro gosto,
INF1 As morcelas, a gente enche…
As morcelas, é com a mão, dentro da tripa.
INF1 É cebola, a cebola picada.
A gente deita cebola picadinha, miúda, no sangue
A gente raspa noz moscada,
pisa um alho, bem pisado,
deitam mais aguardente nas morcelas,
Deitam canela, canela na nas morcelas,
deitam um tanto de canela na morce- nas morcelas.
Há pessoas que usam adubo;
é só a canela e a noz moscada
Se fosse mais cedo tirava – que eu tenho na freezer – para provar.
Só se o dia em que vier, que venha mais cedo e que queira provar…
Que eu tenho [pausa] na na freezer.
Dá outro gosto diferente na morcela.
E deitam-lhe s-, salsa na ce- salsa salsa…
O sangue vai a cozer dentro daquelas tripas;
o sangue vai a cozer, juntamente com aquela cebola e aquelas coisas.
Quer dizer, há pessoas que cozem a cebola, quando é de rama…
Eu desta vez foi de casco.
[vocalização] Na- Não gostei de cozer porque ficava mais numa numa papa numa papa.
Agora quando é daquela de rama, eu gosto.
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