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Madalena, excerto 32
Text: -
Estava-se a falar da lula
e depois vêm atrás [vocalização] muitas atrás daquela.
Chegou-se ali à borda que há ao pé da lancha,
a gente usa o tal bicheiro,
atamo-lo ao tal anzol, preso numa con- numa ponta da cana, comprida.
E a gente, elas vêm – a bem dizer, estão quase à superfície do mar –
e a gente vai engatando as que estão ao lado; não aquela que está presa, as outras que estão pelo pelo lado.
Engata-se, às vezes, duas, três, quatro, conforme a porção,
e elas estão ali de coiso.
Mas é preciso desviar, porque elas, toda a lula, quando a gente engata, elas dão aquela uma esguichada de tinta que é que tem.
A gente, quando engata ou coisa, a gente aguenta sempre a lula ali sempre debaixo do mar, que é para ela esguichar a tinta para não esguichar a gente, para a gente para não sujar a gente da tinta da lula.
Também é engraçada a pesca da lula, também!
Depois a lula também serve para isca, para para pescar de fundo, que é o congro, que é o cherne, que é o a abrótea é o…
Qualquer peixe [pausa] gosta da lula, tal e qual como a gente!
INF A gente conhece [pausa] o nosso tempo…
Temos aqui uma montanha que é o Pico, que dá muito sinal a isso.
Ele os sinais é a gente mesmo de manhã,
e vai para para ir para o mar,
a gente a primeira coisa é olhar para o Pico.
está todo ali, ele todo limpo,
Daí a bocado, de manhã, antes, a bem dizer, quando o sol está ali a nascer ou depois, a gente sabe se vai fazer mau tempo
ou ou vê que o tempo vai mudar,
Cria Cria assim umas nuvenzinhas todas em redor, tal e qual como um barrete em cima mesmo do Pico.
A mesma coisa, a gente já sabe que é vento, que ele já está pondo qualquer coisa para cima de si,
A gente se vê muito azul, aqui o Faial, aqui em frente, também muito azul, a gente olha,
diz: "Olha, é sinal para para chover"!
A gente vê também os ares;
a gente vê os ares de de vento.
Os ares quando estão riscados, o céu está riscado, aquelas nuvens todas riscadinhas,
a gente sabe que vai fazer vento, que ele o dia que é ventoso.
Por exemplo, pode vir chuva: "Olha, a gente estamos no mar,
mas ali, olha, ali vem chuva"!
INF Pois, o pior cá é o noroeste.
Por exemplo, o vento pode estar aqui da banda do sul,
do sul não digo que vire já para o noroeste, mas da banda de oeste,
da banda de oeste é [vocalização] rápido.
e isto aqui, a gente, as nossas zonas de pescar é sempre aqui muito perto aqui do porto, porque a gente nunca pode ir para muito longe.
Porque mesmo ir para muito longe, não dá;
não se não se pode pescar.
e, às vezes, já chegar aqui ao porto já é com grandes dificuldades, principalmente, não por causa de navegar fora,
mete logo uma aguinha dentro do porto.
O problema todo é dentro do porto.
Se tivesse a tal docazita que que não está aqui, pois aí uma pessoa já vinha mais à vontade de coiso.
Por exemplo, lá o vento de oeste, [vocalização] mete mar;
a partir do oeste para cima, mete mar, o mar de oeste;
aqui a partir de oés-noroeste, que é a partir de oés-noroeste para baixo, de cima da te- até ao Faial, pelo norte, mete aqui o mar do norte [pausa] na coisa – principalmente de Inverno.
Pois a gente, as marés, as correntes, a gente sabe…
[vocalização] A gente sabe as marés p-, p- por onde é que vão,
a gente quer quer ir pescar ao goraz,
a gente tem que ancorar é direito à pedra.
Por exemplo, pode fazer areia em volta da da pedra, ou ali mais metros, ali, por exemplo, vinte metros desviados,
A gente, qualquer lugar que vai pescar, é assim,
[vocalização] a gente marca.
A gente marca-se por terra, por casas, por [vocalização] por cabeços, por essas montanhas que se vê aí.
A gente faz as nossas mar- marcações das pedras.
Todos os marinheiros, uns marcam-se por umas, outros marcam-se por outras; tudo no mesmo sítio.
Uns marcam-se duma maneira, outros marcam-se doutra,
mas todos vão lá ter a esses lugares que de pesca.
A gente chegou: "Olha, a maré vai para o sul",
Ele a gente chama a poita, que é uma pedra amarrada no cabo, que é de ancorar;
a gente chegou mais ao norte,
ancorou, porque a maré depois bota para o sul;
e a gente aí temos as nossas coisas de pescar.
Os nossos engodos, os tais engodos, bota-se ao mar.
A isca, a isca é a cavala, a sardinha que se compra de…
A lula, o chicharro, que é o carapau…
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