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Santo Espírito, excerto 16

LocalidadeSanto Espírito (Vila do Porto, Ponta Delgada)
AssuntoA família e as relações de parentesco
Informante(s) Isaltina Isménia

Text: -


[1]
INF1 "Meu avô isto.
[2]
Quer isto?
[3]
Quer aquilo"?
[4]
Ou: "Venho fazer isto a casa do meu avô"
[5]
INF1 É igual.
[6]
INF1 Era: "Minha avó".
[7]
Gostava bem dela!
[8]
[pausa] Agora do meu avô eu não gostava muito,
[9]
que ele um dia não me deixou eu ficar.
[10]
O meu avô morava no Cardal.
[11]
Ora dizia a minha mãe: "Então, então vai-o ver".
[12]
E depois eu fui
[13]
mas não disse a minha mãe que queria ficar no Cardal.
[14]
[pausa] E [vocalização] depois mesmo , o sol estava quase posto,
[15]
meu avô disse [pausa] à mulher, assim à minha avó,
[16]
ele disse: "Esta pequena fica hoje"?
[17]
Ela disse: "Ah, ela quer ficar"!
[18]
"Eh rapariga, tu disseste a tua mãe que ficavas hoje"?, meu avô foi assim.
[19]
E eu disse: "Não senhor,
[20]
não disse".
[21]
"Então põe-te a andar,
[22]
que é noite"!
[23]
Hi, Jesus do Céu!
[24]
INF1 Eu pus-me a andar,
[25]
depois fazia como uns pinheiros que, à volta do caminho,
[26]
ainda eu parei um nadinha
[27]
porque cuidava que minha avó que vinha bradar para eu ir para trás.
[28]
INF2 Era,
[29]
era!
[30]
INF1 Se eu não tenho juízo nenhum!
[31]
E o meu avô estava sentadinho, com o bordãozinho ao canto da casa numa cadeira
[32]
e então: "Minha avó ainda vai dizer que eu que volte para trás".
[33]
Fui-me embora!
[34]
Cheguei a casa de noite,
[35]
minha mãe perguntou: "Eh mulher, porque é que vieste tão de noite"?
[36]
"Sabes, é que meu avô não me deixou ficar"!
[37]
" Pois então eu não tinha que te dar autorização.
[38]
Não tinhas Não tinhas falado para ficar de noite,
[39]
e agora como era isso"?
[40]
Ela tinha razão.
[41]
Não gostava então muito do meu avô!

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