Representação em frases

Santa Justa, excerto 39

LocalidadeSanta Justa (Coruche, Santarém)
AssuntoO oleiro
Informante(s) Dagoberto

Texto: -

[1]
INF No barreiro era isso era tudo tirado à mão.
[2]
[vocalização] Quando depois nós levantávamos do barreiro, que lhe dávamos ainda uma pisa, [pausa] aí dentro duma casa acimentada, dentro dum local acimentado, aí já era tipo duma foice, assim curta, partida –
[3]
suponhamos até uma foice partida ao meio –, para levantar do chão.
[4]
Quando era depois para fabricar o barro, no momento que estávamos a fabricar, [vocalização] a peça que [vocalização] a ferramenta que nós usávamos era era uma cana.
[5]
Nós escolhíamos uma cana nos canaviais, no tempo que estavam criadas – assim por este tempo, de Setembro, Outubro –,
[6]
ia-se escolher logo.
[7]
Escolhiam-se logo ali umas canas assim com com boa qualidade,
[8]
e e guardavam-se.
[9]
Tínhamos ali guardados que dava para todo o ano.
[10]
[pausa] As canas, [vocalização] a gente interessa-lhe sempre escolher a cana bem criada.
[11]
A cana depois quando está bem criada, na parte de fora, quase que se põe tipo de vidro, assim vidrada, assim muito luzidia.
[12]
Era essas é que eram as boas.
[13]
E E nós depois fazíamos uma fazíamos da cana,
[14]
refiávamos a cana ao meio,
[15]
e depois fazíamos uma parte da cana assim com, com com dois bicos, um um para um lado, outro para o outro que era.
[16]
E esta parte aqui da cana era muito bem afiadinha –
[17]
e mesmo durante a duração da da cana, quase todos os dias tinha que ser.
[18]
Tínhamos umas faquinhas muito afinadas, a cortar muito bem.
[19]
Tinha que ser [vocalização] a cana afinadinha para depois…
[20]
A cana era mais ou menos deste tamanho.
[21]
E a cana é que cortava e é que fazia dar o jeito.
[22]
Nós trabalhávamos com uma mão,
[23]
trabalhávamos com uma mão por fora…
[24]
[pausa] Nós trabalhávamos com uma mão por fora e outra por dentro.
[25]
Isto era assim:
[26]
[vocalização] a mão que trabalhava por dentro, era esta parte é que puxava o barro;
[27]
e aqui era era a dita cana de, com muito jeito – não é? –, em que a gente empurra de lá com a mão
[28]
e e fixava aqui com a cana.
[29]
À medida que quisesse fazer esta barriga da, da da panela, ia carregando lá mais e aliviando daqui,
[30]
e depois quando chegávamos aqui, começávamos a fazer ao contrário…
[31]
[pausa] E era assim.

Edit as list • Representação em texto • Representação em frases