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Fontinhas, excerto 70
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INF1 Começa no mês de Janeiro [pausa] a semear trigo.
E semeia-se em Fevereiro também trigo, mas já…
Mas é põe-se é princípio de Janeiro.
N- No Janeiro é que se semeia o trigo.
E depois é que, passado da sementeira do trigo, passa-se à sementeira do milho.
A não ser, por exemplo, batatas ou [vocalização] umas coisas assim parecidas a esta é que é antes do milho.
E depois quando é ali em Abril – [pausa] Março, já em Março se semeia muito, o milho, mas então a força é em Abril – é que se é que então que se pega à sementeira dos milhos.
E depois vai andando por ali abaixo,
na nessa altura não há mais sementeiras nenhumas a fazer, senão depois quando é adiante…
[pausa] Quando é adiante [vocalização], em Agosto, [pausa] é que então há aquelas ceifas das searas.
Mas ele hoje já não há searas.
Aqui na nossa terra, depois que veio aí de fora [vocalização] uma qualidade de melros capatasque ou capatasco, ou não sei que diabo é, esse melro hoje limpa tudo aí.
Que eles semeavam muita terra de trigo,
[pausa] mas ele a, aqu- aquela raça daquele melro rapavam-lhe tudo!
Eles deixaram de semear por causa disso.
[vocalização] Então começa ali no mês de Agosto,
INF2 A duas semanas de Santa Isabel.
INF1 [vocalização] Santa Isabel, sim.
Ficava em Santa Isabel, que os antigos diziam isto!
INF1 [vocalização] Começa-se a ceifar.
[vocalização] Começa-se a ceifar [pausa] essas terras…
e [vocalização] e depois acabam-se as ceifas,
ele tem feijães para apanhar,
INF2 Acabavam-se as ceifas,
era ir para a eira com os trigos.
INF1 Ah, ele hoje só vão é para as para as qualidades daquelas debulhadoras.
INF2 Agora é já para as para as debulhadoras.
INF2 Antigamente é que era assim.
Era ele na, no nas eiras!
INF2 Nas eiras com com um rolo grande com as reses de roda.
INF1 Era nas eiras com com reses,
faziam uma volta de roda.
INF1 E [vocalização] E a gente estendia aquelas…
INF2 Espalhava aquelas gavelas todas naquelas naquelas eiras.
Que aquilo estava dura como um osso ou como uma massa.
INF1 Estendia aquelas camadas, porque aquilo era ceifado, era engavelado.
Hoje é ceifado é com a máquina mesmo.
INF1 A máquina entra por aquela seara dentro
e pega a andar de roda, para ir por fora da seara, sim,
e vai deixando aquilo atrás e…
INF2 Agora, que a gente ceifava era de foices.
Mas naquele tempo não era assim.
Naquele tempo, a gente ceifava com umas foices apropriadas para aquilo,
e depois a gente cortava uma manchinha de seara,
e depois enrolava-se uma coisinha de roda,
e depois tornava-se a ceifar outra manchinha
e tornava-se a prender nele,
depois tornava-se a enrolar outra vez,
tornava-se a prender nele, até que fazia uma, uma man- uma manchinha grande.
INF2 Uma gavelazinha, uma mancheia perfeita.
INF1 Botava-se [pausa] uma mancheia assim aqui, atravessada assim,
depois botava-se duas assim para aqui,
e depois botava-se duas assim para aqui,
[pausa] e depois botava-se uma a fechar.
INF1 Era seis – an- antes tratavam era por gavelas –,
seis gavelas de trigo [vocalização] é que se botava naquele montinho.
Ia-se ceifando e botando aqueles montinhos atrás da gente.
INF2 Ficava aquilo aos montinhos pelo cerrado fora.
E depois a gente ia, [pausa] da, da, da seara mesmo [pausa] da seara mesmo,
a gente é que fazia os atilhos.
INF2 Sim, [pausa] em carreira direita.
INF1 Arrancava-se a seara
e depois fazia-se aquele atilho ao pé da espiga
e é que a gente amarrava aquela seara.
INF1 E depois ela ia para a eira – aquela seara acartava-se com carros –, para as eiras,
depois quando era quando esta- que estava nas condiçães – era ali no mês de Agosto sempre –, [vocalização] a gente então debulhava com as reses.
tinha trilhos – eu não tenho, se tivesse eu mostrava ao senhor –,
[vocalização] tinha trilhos,
a gente prendia aquelas reses naqueles trilhos,
[pausa] Olhe talvez [pausa] mais ou menos é isto de largura.
INF1 Deve ser uma coisa que mais ou menos é isto de largura.
INF1 E agora era aquelas tábuas
[pausa] eram furadas [vocalização] com [vocalização] ,
metiam-se assim umas pedrinhas, dessas pedrinhas biscoiteiras, que é uma pedrinha favada.
INF1 A gente a mete- tinha aqueles trilhos,
metia daquelas pedrinhas,
e aquelas pedrinhas é que iam esfregando por riba daquela seara fora
e é que ia andando, andando, até que até que aquilo ficava moído, o trigo moído,
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