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Unhais da Serra, excerto 20

LocalidadeUnhais da Serra (Covilhã, Castelo Branco)
AssuntoA oliveira, a azeitona e o azeite
Informante(s) Delmiro Diomedes

Text: -


[1]
INF1 Era aquelas duas caixas ali
[2]
INF1 E esta aqui era do azeite.
[3]
INF1 E ele a água vinha no cimo do azeite e ia para aquela [vocalização] no cimo da água
[4]
e ia para aquela poça.
[5]
E quando aquilo estava cheio, tinha um coadoirozinho,
[6]
até era:
[7]
chamavam-lhe aquilo abetouros.
[8]
INF1 Abetouros.
[9]
INF1 Abetouro.
[10]
A gente punha assim
[11]
e aquilo ia passando aqui meio coado o azeite, meio coado.
[12]
E estava então a correr por uma calezinha, para aqui para outro pio.
[13]
E o lag-, e o E o chefe do lagar, o autor, estava ali a ver correr aquela mercadoria toda.
[14]
Com o calo e com a prática via quando estava a água.
[15]
INF1 E quando era a água, abria a torneira aqui por baixo,
[16]
[pausa] e saía a água.
[17]
INF1 E vendo que estava uma certa fundura, tapava outra vez,
[18]
tornava a encher.
[19]
INF1 Tornava a encher.
[20]
E depois em vendo que precisava de outra coisa, [vocalização] consoante a porção que tinha, além do lag- do azeite que havia de sair
[21]
INF1 Porque o que vale é o calo e a prática.
[22]
INF1 E depois ele tornava a sangrar,
[23]
tornava a bater.
[24]
Quando acabava aquela mercadoria toda, [pausa] iam indo chamar os fregueses.
[25]
Mas quando iam chamar os fregueses, o lagareiro sabia o que estava.
[26]
sabia os l- os litros que estavam ou os alqueires.
[27]
INF1 Nós era alqueires.
[28]
INF1 Era.
[29]
INF2 Sim, sim.
[30]
INF1 É um cantarito [pausa] que têm de medida,
[31]
chamavam aquilo o alqueire.
[32]
INF1 Pois.
[33]
INF2 Sim, sim, sim.
[34]
INF1 E ele depois, o lagareiro, com a prática, com o calo, que tinha
[35]
Porque um andava uma porretada de anos.
[36]
INF1 E E depois ele, então, via com:
[37]
"Olha, , tenho de chamar fulano".
[38]
Têm uma relação.
[39]
"Chamar fulano, chamar aquele, chamar aquele" , que era os donos do, do do lagar.
[40]
E eles ele não media,
[41]
não mexia no azeite, sem ali estarem todos.
[42]
INF1 E depois então, cada um trazia a sua vasilha,
[43]
e ele via na relação os quilos da azeitona que tinha para dado.
[44]
INF1 Tiravam a percentagem deles: [pausa] da lenha [pausa] do
[45]
E para o patrão, por exemplo, eram três, [pausa] a metade era do patrão,
[46]
e a outra metade era a dividir por por os outros.
[47]
INF2 Por os lagareiros.
[48]
INF1 Por os lagareiros que estavam.
[49]
Tosse E ali no Tortosendo, [pausa] para onde nós dávamos agora estes últimos anos, nunca ia ninguém ao azeite.
[50]
Pagava com o dinheiro ao fim do tempo.
[51]
INF1 Que era ele para não andarem a roubar.
[52]
INF1 Porque o senhor, na idade em que está, deve saber bem:
[53]
nunca tenha daquele que faz folhas.
[54]
INF1 Pois.
[55]
INF1 Nunca tenha daquele que faz folhas.
[56]
Aquele que faz férias, para ele sempre .
[57]
INF1 E ele, aquele também não quer ninguém ao azeite.
[58]
INF1 Ele paga tanto por mês, ou por dia, ou por semana.

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