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Unhais da Serra, excerto 45

LocationUnhais da Serra (Covilhã, Castelo Branco)
SubjectNão aplicável
Informant(s) Dimas Dília Diodoro Dídia
SurveyALEPG
Survey year1997
Interviewer(s)Gabriela Vitorino João Saramago
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMélanie Pereira
LemmatizationDiana Reis

Text: -


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[1]
INF1 Esse
[2]
INF1 Também tomei.
[3]
INF1 Também tomei.
[4]
INF1 Também tomei.
[5]
INF2 E o meu pai comeu comeu [vocalização] a carne da cobra.
[6]
INF2 Sopa.
[7]
INF1 Comi.
[8]
INF1 Para nada.[vocalização] Para
[9]
INF1 Pois.
[10]
INF2 Diz que é boa!
[11]
INF1 Para provar.
[12]
INF2 Diz que é boa a carne da cobra!
[13]
INF3 Tiram-lhe uma parte uma parte do, do entra- a seguir ao pescoço [pausa] e a parte do rabo
[14]
e comem a parte do meio.
[15]
INF1 Eu ia buscar
[16]
INF1 Eu ia buscar um molho de mato para o forno
[17]
INF3 Não, mesmo até, de baixo, estiveram algarvios ao de mim não é? , em Santa Margarida,
[18]
e comiam-nas.
[19]
INF1 Eu ia buscar um molho de mato para o forno
[20]
INF3 Havia Havia indivíduos que as comiam.
[21]
Iam ,
[22]
tiravam-lhe as as partes da frente
[23]
e comiam as partes de trás.
[24]
INF2 Deixa agora Deixa agora contar ao pai.
[25]
INF1 E depois
[26]
INF1 Fui buscar um molho de mato para o forno para trazer às costas.
[27]
[pausa] E eram umas onze
[28]
Foi em Maio.
[29]
eram umas onze horas
[30]
e estava calor.
[31]
INF1 Sim.
[32]
Perto do meio-dia.
[33]
Eram onze horas.
[34]
Estava muito calor.
[35]
Foi em Maio,
[36]
estava calor.
[37]
[pausa] E fui além para aquele lado.
[38]
[pausa] Talvez daqui para , meia hora de caminho.
[39]
[pausa] E naquele sítio, foi onde o Dordio tinha as cabras, por cima um bocadinho.
[40]
INF3 Ainda estão.
[41]
INF1 E digo eu assim para comigo:
[42]
"Bem, aqui muita cobra
[43]
e muito sardão"!
[44]
Havia cada sardão!
[45]
[pausa] Cada javardão!
[46]
Aquilo até metiam nojo!
[47]
Muito grandes, com aquelas patas grandes!
[48]
Naquele sítio havia muita bicharada e muita cobra, [pausa] que vinha do pinhal de cima.
[49]
E eu ia no caminho, um caminho ainda largo.
[50]
E digo eu assim:
[51]
"Bem, aqui está calor".
[52]
Porque aquilo, aquela bicharada com o calor saem.
[53]
[pausa] Aquela bicharada com o calor é que saem mais.
[54]
E digo eu assim:
[55]
"Homem, aqui muita bicharada,
[56]
muito sardão [pausa] e cobras"
[57]
[pausa] E eu levava a roçadoira como o senhor tem, ao ombro, atada à corda.
[58]
[pausa] Levava aqui ao ombro
[59]
e abaixei-me
[60]
e apanhei uma pedra, mais ou menos da grossura deste copo.
[61]
"Deixa-me apanhar uma pedra.
[62]
Se vir alguma coisa, sempre lhe avento".
[63]
[pausa] Eu sou muito foito,
[64]
mas ali apanhei um bocadinho susto.
[65]
Eu a acabar de dizer aquilo
[66]
e eu ia a passar à frente duma parede com dois metros de alto, ou metro e meio.
[67]
Havia uma paredezita num pinhal onde faziam esses tais alqueves.
[68]
[pausa] E havia uma parede [pausa] ao lado do caminho, que essa parede fizeram-na para o para fazer o caminho, que ia o caminho para a para as centrais, que era o caminho velho antigo.
[69]
[pausa] "Aqui muita bicharada,
[70]
deixa-me apanhar esta pedra;
[71]
se aparecer alguma coisa [pausa] hei-de-lhe aventar com ela".
[72]
Eu a acabar de dizer aquilo, uma cobra.
[73]
Aquilo vinha picada com outro bicho
[74]
[pausa] Que as gajas quando estão enervadas fazem uma rodilha, enroladas.
[75]
Aquilo vinha [vocalização] picada com outro bicho de andarem à bulha
[76]
Eu a acabar de dizer aquilo,
[77]
e aquela grande cobra ia-se-me enfiando na cabeça.
[78]
Eu disse:
[79]
"Ena "!
[80]
[pausa] Por pouco é que não se me enfiou aqui na cabeça.
[81]
INF1 Caiu da parede para baixo, no chão.
[82]
E onde ela caiu era um bocadinho do caminho largo e assente, assim um bocadinho direito, um bocado de areia, e tal.
[83]
A gaja caiu assim ali.
[84]
Eu sou um bocadinho foito
[85]
mas arreceei.
[86]
Arrecuei um bocadinho atrás.
[87]
Mas ao mesmo tempo que eu arrecuei um bocadinho, e a gaja ficou assim à minha frente enrodilhada
[88]
e começou-se a desenrodilhar para ir para a parte de baixo do caminho, para o meio das pedras.
[89]
Quando a gaja se começou a desenrodilhar, eu assim à toa, com a pedra que levava na mão assim à toa! aventei-lhe com ela.
[90]
Então eu não lhe calhei a dar atrás da cabeça, dois palmos?!
[91]
Parti-lhe logo a espinha.
[92]
[pausa] Aventei à toa!
[93]
INF1 Calhei-lhe logo a dar atrás da cabeça dois palmos.
[94]
Ah, mas aquilo era um balúrdio!
[95]
[pausa] Quando lhe dei com a pedra, aquilo parti-lhe a espinha,
[96]
a gaja dali não abalou.
[97]
Tombo daqui, tombo dalém, tombo daqui, tombo dalém,
[98]
e dali não abalou.
[99]
E a gaja a acenar para mim:
[100]
"Vhe-vhe-vhe".

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