ALC17

Alcochete, excerto 17

LocalidadeAlcochete (Alcochete, Setúbal)
AssuntoA oliveira, a azeitona e o azeite
Informante(s) Anselmo

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INQ1 Vamos ver como é que Para o senhor ter um pinguinho de azeite, o que é que tem que fazer?

INF Um pinguinho de azeite?

INQ1 Para ter um pinguinho de vinho, tinha que plantar o bacelo, tinha que

INF Então, o azeite é as oliveiras.

INQ1 E como é que faz?

INF As oliveiras, [pausa] nasce [vocalização] o [vocalização] candeio [pausa] Depois do candeio, viga vinga a azeitona. [pausa] E depois de a azeitona [pausa] estar verde, começa-se a fazer preta. [pausa] Depois de ela estar preta, em Outubro, vai apanhada. [pausa] Depois vai para o lagar. Do lagar, vai a umas prensas que aquilo é apertada com umas coisas de corda à roda, em cima, aperta bem espremido. Está a correr o azeite por aquelas [pausa] coisas de m- de corda, sempre. Está a correr para dentro dum, dumas bi-, umas bi- dumas vasilhas, em folha em zinco! Depois daquelas aquelas vasilhas em zinco, é transportada para dentro doutras vasilhas. Não é em madeira, é tudo em folha! [pausa] Depois está ali uns [vocalização] tempos Está ali um [vocalização] Está ali [vocalização] talvez um mês, [pausa] que é para perder aquele acede-, aquele ace- aquele Ai, que esquece-me o nome daquilo! É [vocalização] o ácido! para perder aquele ácido, do, do do ácido de, da da azeitona. Que é para depois aquilo ficar limpo, para não ter gosto nenhum.

INQ1 Então vamos outra vez ao princípio. O senhor tem uma oliveira e começam, no da oliveira, começam a nascer assim umas coisas que o senhor tem que ir tirar.

INF O que começa a nascer é o zi- é o [vocalização] o candeio.

INQ1 Não. O candeio é a flor da oliveira.

INF Pois.

INQ1 Não é isso que eu estou a perguntar. Tem uma oliveira e no da oliveira, aqui em baixo, começam a nascer

INF Ah! Isso é os arrebentos! [vocalização] Isso corta-se.

INQ1 Quando está a fazer

INF Aquilo está a puxar pela árvore. Aquilo corta-se fora. Quanto mais arrebentos a árvore tem de roda, mais está a explorá-la. E a árvore não quer ser explorada, que quer aquilo que tem em cima, a capota.

INQ1 Portanto, quando o senhor vai, vai , vai , diz que vai fazer o quê? "Olhe eu hoje, eu hoje estou muito ocupado"

INF "Vou cortar aqueles arrebentos à oliveira".

INQ1 Uma oliveira brava é uma quê?

INF Isso, brava, é um [vocalização] um zambujeiro.

INQ1 Quando chega a época de

INF E estes depois é enxertado. E que também se pode enxertar zambujeiro em oliveira.

INQ1 É uma zambujeira ou um zambujeiro?

INF Um zambujeiro.

INQ1 Não fruto?

INF azeitona também, mas é brava.

INQ1 Não se aproveita?

INF Não se aproveita.

INQ1 Quando chega a altura de ir recolher a azeitona, diz que chegou a época de quê?

INF Quando [vocalização] é a época de ir à azeitona

INQ1 "Tenho de ir arranjar homens para"?

INF Para ir Para ir apanhar a azeitona, ir varejar. Varejar com varas. Bater. Estendem umas uns sacos por baixo agora é de plástico , estendem uns plásticos por baixo, e depois vão acima, começam a baterem para baixo.

INQ2 E antes dos plásticos, como era?

INF Era para o chão e varria-se com uma vassoira.

INQ1 Nunca se punham uns panos?

INQ2 Uns panos.

INF Nada. Aceirava-se a Aceirava-se a oliveira [pausa] por baixo

INQ1 Enceirava-se? Aceirava-se?

INF "Aceirava-se" é, é é tirar as ervas. Aquilo chama-se o aceirar. E depois varria-se. [pausa] Varria-se tudo para fora da capota da da oliveira. Depois a oliveira deixava cair a, a as folhas, ou a azeitona, e folhas e tudo que ia batido; depois aquilo ia tudo varrido para o monte. Depois ia [vocalização] mandado ao vento, com um crivo. [pausa] Enchia-se o crivo e mandava-se assim ao vento. As folhas saíam

INQ1 Ah! Claro!

INQ2 Não sabia que se fazia assim.

INF [vocalização] As folhas saíam e a azeitona ficava ali, em cima dum pano limpo, que era para depois de estar limpa para ele a gente pôr dentro duma canastra.


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