INQ1 Vamos lá ver como é que… Para o senhor ter um pinguinho de azeite, o que é que tem que fazer?
INF Um pinguinho de azeite?
INQ1 Para ter um pinguinho de vinho, tinha que plantar o bacelo, tinha que…
INF Então, o azeite é as oliveiras.
INQ1 E como é que faz?
INF As oliveiras, [pausa] nasce [vocalização] o [vocalização] candeio… [pausa] Depois do candeio, viga vinga a azeitona. [pausa] E depois de a azeitona [pausa] estar verde, começa-se a fazer preta. [pausa] Depois de ela estar preta, em Outubro, vai apanhada. [pausa] Depois vai para o lagar. Do lagar, vai lá a umas prensas que aquilo é apertada com umas coisas de corda à roda, em cima, aperta bem espremido. Está a correr o azeite por aquelas [pausa] coisas de m- de corda, sempre. Está a correr para dentro dum, dumas bi-, umas bi- dumas vasilhas, em folha – em zinco! Depois daquelas aquelas vasilhas em zinco, é transportada para dentro doutras vasilhas. Não é em madeira, é tudo em folha! [pausa] Depois está ali uns [vocalização] tempos… Está ali um [vocalização] Está ali [vocalização] talvez um mês, [pausa] que é para perder aquele acede-, aquele ace- aquele… Ai, que esquece-me o nome daquilo!… É [vocalização] o ácido! – para perder aquele ácido, do, do do ácido de, da da azeitona. Que é para depois aquilo ficar limpo, para não ter gosto nenhum.
INQ1 Então vamos lá outra vez ao princípio. O senhor tem uma oliveira e começam, no pé da oliveira, começam a nascer assim umas coisas que o senhor tem que lá ir tirar.
INF O que começa lá a nascer é o zi- é o [vocalização] o candeio.
INQ1 Não. O candeio é a flor da oliveira.
INF Pois.
INQ1 Não é isso que eu estou a perguntar. Tem uma oliveira e no pé da oliveira, aqui em baixo, começam a nascer…
INF Ah! Isso é os arrebentos! [vocalização] Isso corta-se.
INQ1 Quando está a fazer…
INF Aquilo está a puxar pela árvore. Aquilo corta-se fora. Quanto mais arrebentos a árvore tem de roda, mais está a explorá-la. E a árvore não quer ser explorada, que quer só aquilo que tem lá em cima, a capota.
INQ1 Portanto, quando o senhor vai, vai lá, vai lá, diz que vai fazer o quê? "Olhe eu hoje, eu hoje estou muito ocupado"…
INF "Vou cortar aqueles arrebentos à oliveira".
INQ1 Uma oliveira brava é uma quê?
INF Isso, brava, é um [vocalização] um zambujeiro.
INQ1 Quando chega a época de…
INF E estes depois é enxertado. E que também se pode enxertar zambujeiro em oliveira.
INQ1 É uma zambujeira ou um zambujeiro?
INF Um zambujeiro.
INQ1 Não dá fruto?
INF Dá azeitona também, mas é brava.
INQ1 Não se aproveita?
INF Não se aproveita.
INQ1 Quando chega a altura de ir recolher a azeitona, diz que chegou a época de quê?
INF Quando [vocalização] é a época de ir à azeitona…
INQ1 "Tenho de ir arranjar homens para"?…
INF Para ir Para ir apanhar a azeitona, ir varejar. Varejar com varas. Bater. Estendem umas uns sacos por baixo – agora é de plástico –, estendem uns plásticos por baixo, e depois vão lá acima, começam a baterem para baixo.
INQ2 E antes dos plásticos, como era?
INF Era para o chão e varria-se com uma vassoira.
INQ1 Nunca se punham uns panos?
INQ2 Uns panos.
INF Nada. Aceirava-se a Aceirava-se a oliveira [pausa] por baixo…
INQ1 Enceirava-se? Aceirava-se?
INF "Aceirava-se" é, é é tirar as ervas. Aquilo chama-se o aceirar. E depois varria-se. [pausa] Varria-se tudo para fora da capota da da oliveira. Depois a oliveira deixava cair a, a as folhas, ou a azeitona, e folhas e tudo que ia batido; depois aquilo ia tudo varrido para o monte. Depois ia [vocalização] mandado ao vento, com um crivo. [pausa] Enchia-se o crivo e mandava-se assim ao vento. As folhas saíam…
INQ1 Ah! Claro!
INQ2 Não sabia que se fazia assim.
INF [vocalização] As folhas saíam e a azeitona ficava ali, em cima dum pano limpo, que era para depois de já estar limpa para ele a gente pôr dentro duma canastra.