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COV29

Covo, excerto 29

LocationCovo (Vale de Cambra, Aveiro)
SubjectNão aplicável
Informant(s) Arquibaldo Bigail Bertolino Acácio
SurveyALEPG
Survey year1992
Interviewer(s)Gabriela Vitorino Luísa Segura da Cruz
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMélanie Pereira
LemmatizationDiana Reis

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INF1 Ah, hoje é tudo em serração, mas naquele tempo era tudo à mão.

INQ1 Pois.

INQ2 Pois, pois.

INF1 E eu mais o meu pai eu era pequenino, mais ou menos como este, mas nunca mais me esqueceu , e o meu pai foi a pôr um moinho [pausa] de água que nós temos em baixo. Ele foi levar o milho, um saco de milho, e eu também levei um bocadito o que eu podia! , e fomos , e depois o meu pai era muito amigo com eles e veio até . E ele foi, esse [vocalização] ele o Atalarico começou para o meu pai: "Ó Astrigildo" onde estava o velho do Atamante, aquele, o tal que eu vos falei que tinha uns livros muito bons

INQ1 Sim.

INF2 Tinha, tinha.

INF1 Também estava esse homem. E o sogro desta. O sogro? Pois, era o sogro!

INF2 Pois era, pois era.

INF1 O teu sogro. E estavam todos a conversar, eram todos amigos e ele andavam a serrar a serrar madeira para esteios para a vinha! E depois diz ele assim: "Ó Astrigildo" para o meu pai , "Ó Astrigildo! Vocês porque é que não prantam videiras aqui"? "Ai, aqui não ", dizia o sogro desta porque este, o sogro desta, tinha muitas quintas.

INF2 Tinha fora.

INF1 Tinha fora. Tinha em Santa Cruz uma grande quinta. Tinha no Toutuço ali [vocalização] em Arouca também uma grande quinta.

INF2 Em Arouca.

INF1 Tinha em Souto Redondo.

INF2 Tinha em Souto Redondo.

INF1 Tinha, naquele tempo ainda tinha, em Padruça. Tinha o [vocalização] o coisa, o Como se chamam? Os castanheiros acolá no [pausa] no Espinheiro [vocalização].

INF2 No Espinheiro.

INF1 Tinha em acolá em Como se chamava essa senhora ? Um qua- Mas lavrava um quartel de milho. Que vocês Era

INF2 A Torre de Viana?

INF1 Não, mulher. Em Em cima.

INF3 Está o senhor Berto?

INF4 Não está.

INF1 Provezende!

INF2 Ah, em Provezende.

INF1 Em Provezende vocês lavravam um quartel de milho.

INF2 Sim, sim.

INF1 E depois: "Oh, aqui não ! Ó senhor Atalarico, aqui não ". Dizia ele: "Ah, burros! Ah, burros! Olha que aqui dava vinho bom. Vocês é que não prantam. Vocês sendes uns burros"! O meu pai e os outros começavam [pausa] ele a botar tudo abaixo aos homens. Mas agora eu gostava que esses homens ainda fossem fosse vivos.

INQ2 Pois.

INQ1 Pois.

INF1 Para ver o vinho e agora Porque não, ele não se acreditavam!

INF2 Ah, pois não!

INF1 O An-, o pai da O homem da Branca, o teu cunhado, [pausa] o Atanásio, não andava a pôr videiras?

INF2 Sim.

INF1 Tu não sabes como é?

INF2 E ele fazia mangação.

INF1 E ele era para mim: " [vocalização] Eh, Arquibaldo, tu ainda um dia há-des lavrar pipas de vinho". E eu disse: "Não". E ele foi-se embora: "Ah, ah, ah"! A fazer mangação. Ele agora havia de ser vivo que eu [vocalização] dizia-lhe se eu tinha pipas ou não tinha pipas.

INQ1 Pois.

INQ2 Pois.

INF É. Tudo vai do trabalhar e do zelar.

INF2 E então e ele amadurece aqui que é uma beleza!

INF1 Oh Jesus!

INQ1 Pois, pois.

INF2 Aquilo são como açúcar!

INF1 Ah!

INF2 Como quem come açúcar!

INQ1 Pois é.

INF1 Mas ele, meu amigo

INF2 Doces! E então é um vinhinho que não tem remédio, não tem nada.

INQ1 Pois, pois.

INF1 Nada! É próprio da videira!

INF2 Se quiser, [vocalização] quem for doente pode-o beber! É Ele é da videira!

INF1 Pode, pode, pode. [vocalização] É próprio de

INF3 É da videira.

INQ1 Mas, realmente, pois, os antigos também não sabiam essas coisas, sabiam outras.

INF2 Ele Era sim, pois era.

INQ1 Pois.

INF2 Pois também não.


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