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LUZ17

Vale Chaim de Baixo, excerto 17

LocationVale Chaim de Baixo (Odemira, Beja)
SubjectO lenhador e o forno de carvão
Informant(s) Cirilo Ciro Cloé
SurveyALEPG
Survey year1995
Interviewer(s)Gabriela Vitorino Luísa Segura da Cruz
TranscriptionSandra Pereira
RevisionMaria Lobo
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMárcia Bolrinha
LemmatizationDiana Reis

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INQ1 Não havia nada a que chamassem uma burra?

INF1 Então isso uma burra era para a limpeza.

INQ1 Para a limpeza?

INF1 Para a limpeza é que usavam

INQ1 Era o quê?

INF1 é que usavam uma burra.

INQ2 E que era o quê?

INF1 Uma burra chamavam eles um pau com umas forcas que encostavam assim à sobreira com com umas caleiras. Sim.

INQ1 Pois.

INF1 Pois. [vocalização] Era uma burra.

INQ1 E para que é que servia?

INF1 Era para subirem.

INQ1 Ah!

INF1 Para subir para cima das sobreiras. Certas sobreiras [pausa] levavam uma burra.

INF2 Pois.

INF1 Pois.

INQ2 Pois.

INQ1 Está bem.

INF1 Pois. Iam às sobreiras, quando faziam a limpeza às sobreiras, cortavam cortavam Faziam a limpeza das sobreiras, caíam as pernadas para o chão. [pausa] Depois iam homens atrás. Pois. Isto era para sido ter sido a explicação ainda agora quando foi a limpeza.

INQ1 Pois.

INQ2 Pois.

INF1 Pois. Levavam a Iam uns homens atrás, cortando aquilo a tudo traços pequenos, assim grandes, assim deste tamanho, pois, dessa desses restos de sobreiras que ficavam das árvores, [pausa] que a limpeza caía para o chão.

INQ2 Pois.

INF1 E depois esses paus que aproveitavam, iam homens [pausa] às cargas. Faziam cargas aqui em cima dos ombros, com quatro, cinco arrobas, aqui em cima dos ombros, aqui assim, paus cruzados aqui assim em cima.

INF3 Com paus cruzados assim carregou o meu pai tantos.

INF1 Ali, levavam ali uma quantidade grande em riba dos ombros! Iam, iam, depois chegavam a um certo sítio, chamavam-lhe para fazer um forno.

INQ2 Rhum!

INF1 Punham assim tudo em lenha, tudo aqui assim tudo em volta: eu levava um moitão, punha aqui;

INF2 Pois.

INF1 aquele vinha buscar outro moitão, punha além. E depois a gente [pausa] tínhamos as machadas bem afiadinhas e então arranjávamos ali uns cavaletes também chamava-lhe também uma burra;

INQ2 Rhum-rhum.

INF1 pois, também era uma burra , ali assim para restolhar os paus em cima para a gente cortar e tirar à falca. Tirávamos à falca.

INQ2 Ah!

INF1 Púnhamos a lenha descascada para um lado, e a de ia e a falca ia seguindo, ia seguindo para o meio do monte, para o para o meio do do forno. Indo ali em volta, púnhamos a lenha em forma, à volta, e o f- os paus iam todos para para a lenha A de falca ia toda para ali. Depois vinha, era enredada, depois vendia-se

INQ1 Enredada era metida dentro de redes?

INQ2 Metida dentro de redes?

INF1 De redes. Pois.

INF3 Parecia até um novelo.

INF1 E depois [vocalização] fazia-se [vocalização] aqueles novelos grandões [pausa] de redes.

INQ2 E essas coisas o que, chamavam alguma coisa a esses?

INF1 Era redes de corda.

INQ2 Não. Esses, essas boca-, essas partes?

INF3 Chamavam-lhe novelo.

INQ1 Novelo?

INQ2 Novelo? Essas partes atadas com essa corda?

INF1 Não. Era Era redes, mesmo redes. Não tinha novelos. Não era novelos, não.

INQ2 Pois.

INF1 Era redes. Pois. E depois das redes, ali aquilo ali vinham os compradores, levavam. E essa depois, a gente Essa dita madeira que ficava ao lado, que a gente ficava descascada ? , com a cortiça tirada e com uma parte da casca e e pois coiso.

INQ1 Pois.

INF1 E depois isso era tudo enfornado. [pausa] Pois. Era enfornado. [pausa] Depois íamos apanhar mato, outras vezes, fetos fetos de que assim no no campo, fetos e fazíamos uma camada e tapávamos aquilo [pausa] tudo. E depois cavávamos a terra à roda dos fornos hum? , e com pás. Pás. Cavávamos com sachos como esse que está e as enxadas de puxar a terra, e aquilo depois Depois Depois eram terrados. Fazíamos-lhe quatro ouvidos cada forno, acarreávamos umas pedras, arrimávamos assim, aqui pedras compridas, assim ainda deste tamanho , conforme, três ou quatro pedras, ou duas, assim deste tamanho e depois abalávamos dali, abalava dali aterrado o forno. Sempre. Por afora, ia indo, ia indo, ia indo, e aquilo ficava E depois deixávamos-lhe uma porta, [pausa] ao forno. Assim a uma distância alta do chão, assim, , mais coisa assim, deixávamos ali a porta do forno. Depois levava até ali uns torrões.

INQ2 Rhum-rhum.

INF1 Pois. E depois aquele forno, dali terrava-se tudo até acima, ficava tudo tapado, até se fazia assim um carrapito para cima, de terra. Aquilo ficava ali com uma grossura de [vocalização] meio metro.

INQ2 Rhum-rhum.

INF1 Tudo. E ficava dentro. E depois largava-lhe fogo.

INQ2 Pois.

INQ1 Por onde é que largava fogo?

INF1 Largava fogo por essa porta.

INQ2 Pela porta.

INF1 punha-se fogo, aquilo depois ele [vocalização] começava a arder; [pausa] estando ardido, estando bem, bem, bem alado dentro, fechava-se aquela porta com terra outra vez, metia-se-lhe mato, tapava-se com terra e depois dali é que começava a tomar fôlego por, por os por os ouvidos que era os ouvidos que estavam pela parte da rés do chão.

INQ2 Rhum-rhum.

INF1 Ia indo, ia indo, ia indo, ia ardendo, ia ardendo, ia ardendo, ia ardendo, ia ardendo, ia ardendo, ia ardendo, quando deixasse de fazer fumo, que estivesse abatido, [pausa] ficava cozido.

INF2 Estava tudo

INQ2 Ficava pronto.

INF2 Pois.

INF1 Ficava cozido, depois tapa- tirávamos-lhe os ouvidos, tapava-se-lhe o fogo [pausa] aos os fornos [pausa] e estavam ali dois ou três dias. [pausa] Depois tirávamos-lhe uma camada de terra de cima [pausa] do forno, uma camada de terra para fora, espalhada até havia essa tal, a tal encinho que estava que era em madeira, [pausa] que era para puxar isso para fora.

INQ2 Sim.

INF1 Depois disso tudo feito, agarrava-se numas enxadas, [pausa] pois, e umas pás, com aquele que tinha do do forno, ia-se abrindo. O carvão, o forno todo em roda, ali [vocalização] em fogo vivo, ali como é que aquilo estava. Pois. E . E depois chama-se chamava-se o tal o tal empoar. Primeiramente era alagar: [pausa] tirando-lhe tudo de cima era alagar. Pois.

INQ1 Portanto, tiravam tudo de cima e aquilo caía?

INQ2 Pois.

INF1 Pois. Não. Ficava, ficava Ficava aquele moit- ali [pausa]

INQ1 O moitãozito?

INF1 cozido. Ficava ali cozido.

INQ1 Ah, pois.

INF1 Ficava ali cozido debaixo da terra.

INQ1 E alagar era tirar o, tirar a terra?

INF1 Pois. Tiravam Tiravam-lhe a terra de cima.

INQ2 Pois.

INF1 Pois. E depois com a enxada, fulano agarrava aqui assim, com a enxada, e vinha abrindo, abrindo tudo em volta, tudo em volta e espalhando o carvão para . Tudo.

INQ2 Rhum-rhum.

INF1 E depois com terra, [pausa] tapava-se com terra outra vez. Isso então era empoar.

INQ1 Rhum-rhum.

INF1 Pois. Acabava-se de empoar o forno, pegava-se num ramo de, numa vassoura de mato, esfregava-se todo muito bem por cima, muito bem esfregadinho, [pausa] tapava-se os fôlegos todos àquilo, quando vinham ao fim de três ou quatro dias não tinham, não tinha [pausa] não tinha lume nenhum.

INQ1 Lume nenhum.

INF1 Depois ali era era, era, era então com a enxada tirar e era com o tal, o tal

INQ2 Ancinho.

INF1 o tal encinho a puxar o carvão para fora.

INF2 Pois.

INQ2 Pois.

INF1 Pois. É assim. Aparece O carvão que aparece feito às vezes, que aparece a vender, é tudo feito assim.

INQ1 Pois.

INQ2 Pois.


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