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LVR03

Lavre, excerto 3

LocationLavre (Montemor-o-Novo, Évora)
SubjectO sobreiro e a cortiça
Informant(s) Aramis
SurveyALEPG
Survey year1995
Interviewer(s)Luísa Segura da Cruz Gabriela Vitorino
TranscriptionSandra Pereira
RevisionMaria Lobo
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationCatarina Magro
LemmatizationDiana Reis

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INF Eu vou-lhe aqui mostrar uma coisa. [pausa] Eu vou-lhe aqui mostrar uma coisa. [pausa] Ora ! [pausa] Não queira comparar uma cortiça destas [pausa]

INQ1 Ah pois!

INF com uma cortiça destas!

INQ2 Com essa! E ! Esta é muito melhor!

INF Com certeza!

INQ2 Esta é aquela que faz umas rolhas muito boas.

INF Estas é que são as cortiças boas, que é com isto que eu trabalho.

INQ2 Então, e qual é a diferença? Não, eu, eu estou a ver

INF [vocalização] Pois.

INQ2 Mas qual é? Como é que se arranja duma ou doutra?

INF É a própria árvore

INQ2 Que é boa?

INF É que eu que ia-lhe para contar. A própria árvore, num ano Por exemplos, se esta foi tirada [vocalização] em É é o ou o nove ou o seis. Ou que seja assim, ou que fosse assim. Bom, foi tirada em seis ou em nove. Ou em [vocalização] em 59, ou 39, ou 49, ou o que for, ou ou 46 Bom, fosse o que fosse. Esta cortiça [vocalização] é boa. Não é melhor que É mais ruim que aquela, mas é boa.

INQ2 Pois.

INF Mas não custa nada, quando for ao fim dos nove anos, não a cortiça não prestar. E a árvore é a mesma, os terrenos são os mesmos. Mas não custa nada um ano ser boa porque eu sei isso porque houve um ano na terra ali na terra das Várzeas, andámos a tirar cortiça, e eu calhei a tirar de um um chaparro até um chaparro grande. Ai, que cortiça tão boa! Ai, que coisa tão boa! Olhe, o dono não aproveitou nenhuma. [pausa] A gente roubou-a-lhe toda. [vocalização] Os, os do- Os que a andavam a tirar, um levava uma prancha, outro levava outro bocado, outro levava outro bocado, quer dizer que não aproveitou dali nada. Nada!

INQ2 Então mais valia ser ruim que era melhor.

INF [vocalização] Não.

INQ2 Para o homem.

INF Para ele. Para ele. Para a gente , para a gente está que a gente precisa de bocados de cortiça bom boa. E esta cortiça que eu tenho ruim, são cortiças que me dão. Não sabem se para que é Depois eu vos conto, explico o resto.

INQ2 Sim senhor.

INF Quer dizer, eu ao fim de nove anos, precisamente andava nessa tirada à mesma. E sabia o cha- o chaparro que era, porque eu tinha passa- andava ao de a tirar um uns outros ao Não fui eu que os tirei mas levei de também uma prancha. E quer dizer que eu [pausa] andava com aquilo [vocalização] de olho, para ver se era capaz de apanhar outro bocado de cortiça. Cheguei , a cortiça não prestava.

INQ2 E então porquê?

INF E é i- E é isso é que eu me falta saber.

INQ2 Ai não sabe explicar?

INF Não sei.

INQ1 Será o tempo?!

INF Não sei porquê.

INQ2 E, e nunca acontece deixarem ficar mais tempo?

INF Outro Outra coisa que me dizem que é [pausa] Dizem-me que é isto: quanto mais lavouras Mas eu admira-me essas duas coisas, mas isto é como tudo o mais. Eu não sei! Eles dizem quanto mais lavouras leva a as terras, mais ruins são as cortiças.

INQ2 Pois.

INF Porque a cortiça sendo criada dentro de matos, é criada apertada. [pausa] Quer dizer, [pausa] uma cortiça leva leva mesmo nove anos a criar, mas na mesma árvore, mas se tiver mato, cria-se, fica desta grossura, e se tive- não tiver mato [vocalização], fica desta. Quer dizer que [pausa] que se torna muito mais grossa.

INQ2 Se não Como é que é? Se não tiver o mato é que fica mais grossa?

INF Exactamente.

INQ2 Se tiver mais mato

INF Torna-se mais grossa. Tem mais criação. É mexida a terra, [vocalização] tem mais criação, torna-se mais grossa. É: dentro do mato torna-se mais delgadinha mas também se torna muitíssimo boa. Por isso é que dizem que a cortiça de dentro do criada no mato, que se torna mui melhor. Mais macia, mais mais [vocalização] l- lisa, pronto!


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