R&D Unit funded by

MTM01

Moita do Martinho, excerto 1

LocationMoita do Martinho (Batalha, Leiria)
SubjectA vinha e o vinho
Informant(s) Cassiano Cidália
SurveyALEPG
Survey year1994
Interviewer(s)João Saramago Gabriela Vitorino
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMélanie Pereira
LemmatizationDiana Reis

Javascript seems to be turned off, or there was a communication error. Turn on Javascript for more display options.


INQ1 Imagine que eu tinha ali um terreno sem nada e que queria ter vinho depois, ao fim de um ano ou dois. Qual é o trabalho todo que eu tenho fazer até ter vinho?

INF1 Para Até ter o vinho? [vocalização] Primeiro é, sabe, é amanhar a vinha, pôr-lhe

INQ1 Não, mas o terreno não tinha nada ainda.

INF1 Ah, não tinha nada?!

INQ1 Nada.

INF1 Pois. E depois queria passar a vinha, não era?

INQ1 Queria Exacto.

INQ2 Queria plantar vinha.

INF1 Pois. Tem que Tem que ser [vocalização]: o terreno tem que ser cavado bastante fundo, que a vinha nã- convém ficar com o terreno cavado bastante fundo. Agora até máquina; dantes era dantes era era a braços. Era umas brigadas de homens que serviam. Uns ganhavam a jorna, outros iam até emprestados, trocados não é? cavar o terreno destinado para a vinha, mais fundo do que sendo para amanhar outros outras coisas da agrícola. O milho ou a batata não precisava de ser tão fundo. Mas para a vinha é preciso sempre mais fundo.

INQ1 Rhum-rhum.

INF1 E depois plantava-se o bacelo. Depois ao fim de um ano de o bacelo estar plantado, enxertava-se o bacelo. Punha-se-lhe o garfo chamam-lhe eles o garfo, exactamente e depois então desse garfo é que é que se formava a [vocalização] dita parreira, a dita cepa, [pausa] que as uvas então. Depois a partir daí tem que se curar, tem que se andar a tratar, para todas as semanas, uma vez ao menos, tem de se andar a tratar para não lhe dar o míldio chamam eles o míldio que é a moléstia na da vinha. E até, ainda apa- de vez em quando, ainda aparece. Isso estraga muito [vocalização] as uvas. Isso dava um trabalhão assim! Dava e continua a dar ainda.

INQ2 Pois.

INF1 Mas nos outros tempos a calda era feita manualmente; era com com o cobre, chamavam-lhe o [vocalização] sulfato de cobre.

INQ2 Sulfato de cobre.

INF1 Sulfato de cobre. Depois temperado com a com a calda, [vocalização] ou com cal mesmo, com cal virgem, que não se podia realmente, nem nem dar uma percentagem maior que, que o que o devido [pausa] de cal, nem também ficar p-, o sulfato. Tinha-se que pôr aquilo dentro com uma certa medida. E depois era era temperado com um papelinho, um papelinho pequenino, que era branco, e depois de se acravar, ia-se acravando na na calda até começar a mudar de cor.

INQ2 Assim, que eu depois começa-se-me a arrefecer esta mão.

INF1 Depois de estar a mudar

INQ2 Ai, que Estou com esta mão aqui esticada, fico com a mão gelada.

INF1 E [vocalização] E depois é que se via que estava boa para isso.

INF2 Aqui faz faz muito frio também nesta casa.

INQ2 Deixe estar, deixe estar.

INF1 E depois tratavam-se assim as vinhas até chegar à altura da vindima. Na altura da vindima, vindimam-se as uvas. Depois, e- [vocalização] ago- ainda agora mesmo é o caso ainda aqui nas nossas aldeias , ainda é pisada a pés, as uvas, dentro duma dorna ou dum lagar. Agora é mais lagares, mas noutros tempos era mesmo dentro da dorna [pausa] dentro dum dum lagar, do lagar de de vinhos. E depois dali então é que era é que era transportado para as para as vasilhas, e e fervia o mostro. E depois então é que passado uns uns dois meses ou quê, está o vinho feito está o dito vinho.


Download XMLDownload textWaveform viewSentence view