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PFT41

Perafita, excerto 41

LocationPerafita (Alijó, Vila Real)
SubjectNão aplicável
Informant(s) Abelardo
SurveyALEPG
Survey year1992
Interviewer(s)João Saramago
TranscriptionSandra Pereira
RevisionMaria Lobo
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationCatarina Magro
LemmatizationDiana Reis

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INF A gente quando é criado e tem pouco Nós O meu pai tinha uma casinha boa de vez, mas éramos dez irmãos. Quando eles morreram, que fomos a dividir, foi um bocadito para cada um. A gente foi criado na lavoura e [vocalização] e deu para [vocalização] investir em terras. Mas olhe, [pausa] tenho um bocado aqui em baixo, que dei onze contos por ele, é o dinheiro que está melhor investido é [vocalização] é na raiz, na terra. Olhe, dei onze contos por um bocado aqui em baixo, outro dia mandaram-me setecentos contos por ele. E eu estive para o dar. E eu não lho o não dei, que foi por via dos filhos. Que às vezes os filhos, [vocalização] se me dissessem dissesse, carago, o senhor Bom, e a gente tem amizade àquilo que. [pausa] Porque, o dinheiro, pode vir o fogo e queima-o, [pausa] mas a raiz não. Pode-se queimar o pinhal mas fica terra. Isso é que é verdade. Olhe, , aquelas miras de verde?

INQ Sim, sim.

INF Aquela erva para , onde os senhores me viram, aquela terrinha que está feita e em cima tem uns dias, chega até àquele muro alto, assim a cimo, tudo aquilo comprei. Ora bom [pausa] eu, [pausa] por aquele, [pausa] , aquilo está-me, para quê Mas a maior parte comprei duas partes, mas a primeira parte que comprei, comprei muita. Comprei a [vocalização] u-, uma um casalzito, era pequeno. Mas comprei ali e noutros lados. Mais além, ao daquele pinhal, [pausa] aqui para baixo, uma, uma bouç- uma tapada grande, também de giestas que se por o lado de dos pinheiros, uma vinhazita, aquilo para cima é aquela tapada grande de lenha forte. [pausa] Bom, comprei aquilo tudo, mais ao de casa, uns bocados que valem vale muito, hoje, por treze contos.

INQ Mas também naquela altura era dinheiro.

INF Mas o-, os t Era dinheiro. Mas se eu o fizesse que [pausa] A gente nem tinha esta coisa de pôr nos bancos nem nada, se o tivesse em casa, era sempre mai- o mesmo dinheiro.

INQ Pois claro.

INF E o dinheiro E agora [vocalização] [pausa] também lhe digo outra. E- Eu fui a [vocalização] França, estive pouco tempo e depois também ganhava pouquinho, mas todo o dinheiro que ganhei, [pausa] se eu não empregasse, gastava-o todo, não tinha nenhum.

INQ E assim empregou.

INF E assim empregou-se, com custos. Mas a gente hoje, , se me visse enrascado, punha em venda e [pausa] fazia um [vocalização] uns milhares, e assim [pausa] tem-se o terreno e os filhos também. Eu gostei de [vocalização] de receber algum e os filhos [pausa] também vão gostar, [pausa] porque na rai- a raiz não foge. [pausa] E é como diz a história: fi-, fin- finca-te na raiz. [pausa] A gente, olhe, este bocado aqui, comprei dois anos esse essa bouça e a que é que plantei este ano. Plantei [vocalização]; tem à beira de [pausa] quase setecentos americanos, seiscentos e tal e ainda falta faltam uns poucos. Também comprei e dei seiscentos contos, [pausa] também por uns catorze, [pausa] eram era treze ou catorze números. Comprei bem. O- Os seiscentos contos, tinha-os na Caixa, pouco rendia rendiam. Isto também não rende nada, mas se eu hoje fosse a vender, ven- [vocalização] da- davam-me três vezes mais, e comprei dois anos.

INQ Veja .

INF E daqui amanhã, ainda mais [vocalização] há-de dar, porque isto, o povo agora foge todo, [pausa] mas deixe que [vocalização] em a ceia [pausa] sendo tudo toda igual, você há-de ver muitos que hão-de vir para . Isto ainda vai ser tudo granjeado.


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