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PIC20

Bandeiras, excerto 20

LocationBandeiras (Madalena, Horta)
SubjectNão aplicável
Informant(s) Balbino Carmélia
SurveyALEPG
Survey year1979
Interviewer(s)Manuela Barros Ferreira
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationSandra Pereira Márcia Bolrinha
LemmatizationDiana Reis

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INF1 Era um casal que era muito pobrezinho. E o marido era pescador. Ia mais a sua companha sempre para o mar mas nunca apanhava peixe. Os tempos longe de casa eram o bem da mulher. [pausa] Mas num dia chegou ao porto e não tinha quem arreasse mais ele e ele tentou arrear sozinho. [pausa] Em altos mares e tranca um peixe. E o peixe [pausa] , ele ficou muito contente e ele disse, o peixe: "Tu não me mates"! E ele o velhinho foi assim: "Eu não te mato [pausa] se me encheres a lanchinha de peixe"! Ele disse: "Está bem! Todos os dias vou-te encher a lanchinha de peixe. Mas há-des vir sozinho"! "Pois sim"! Desiscou o peixe, botou o peixe do mar; estava apanhando chicharros e encheu a lanchinha de chicharros e foi para casa. Chegou a casa, a mulher ficou muito contente: "Ó marido, como é que foi isso? [pausa] Estes dias ias mais os companheiros, tu não apanhavas nada, hoje foste sozinho e ainda apanhaste uma peixaria"! E ele disse: "Ah, é porque tive a sorte"! O peixe tinha pedido que ele não contasse nada. Ele volta no dia adiante, tornou a trancar o peixe. Pediu ao peixe para encher a lanchinha de peixe, o peixe encheu, veio-se embora. E o tolo vai, chega a casa e conta à mulher: "Ó mulher, isto tem passado assim, assim". E a mulher foi assim: "Olha, não tem nada. [pausa] Eu quero comer duas postas desse peixe. O primeiro dia que fores ao mar, há-des-me trazer esse peixe". O homezinho vai no dia adiante para o mar, chegou ao mar, trancou o peixe [pausa] e o peixe foi assim: "Tu não me mates"! E ele disse: "Não, vou-te matar, que a minha mulher quer comer duas postas de ti". Ele disse: "Bem, tu vais-me matar, mas tu vais fazer o que eu disser: [pausa] vais dar duas postas à leoa, duas à égua, e tua mulher vai comer duas, e vais enterrar duas no cabo de baixo do balcão e duas fora da porta. [pausa] E não te apa-, não enches mais Mas não apanhas mais peixe nenhum"! Assim foi. O homem veio para casa com o peixe, e ele disse: "A tua mulher come ali perto do umbigo, as duas postas perto do umbigo". Veio para casa, o homem disse à mulher, a mulher fez assim como o peixe disse: duas no cabo de baixo do balcão, duas fora da porta da cozinha, duas à égua, duas ao leão e comeu duas.

INF2 Isso ficou tudo grávido !

INF1 A cabo de tempos, ele vai, a mulher a queixar-se para ter uma família; a leoa também a mesma coisa; o c- a égua a mesma coisa; por baixo do balcão nasceu duas árvores; fora da porta da cozinha, nasceu duas espadas; e ela teve dois meninos. Foram crescendo, foram crescendo, mas ninguém conhecia um do outro. Isso! Andavam vestidos de iguais; o que tinham é que tinham uma pouca diferença, mas era num dente , na frente. O mais, a feição dum e doutro era a mesma coisa. Quando chegaram a homens, arremediavam-se bem [pausa] nesse tempo, [pausa] e pediram ao pai para dir correr terras. O pai disse que sim. O pai deu-lhe um leão, a cada um deles, um cavalo e a espada, cada um a sua espada. E eles caminharam. Foram andando muito longe e quando vai, repartiram o caminho. E ele vai E vai um foi assim: "Olha, aqui dois caminhos. Cada um de nós vai cada um seu caminho e a fim de um ano, de hoje a um ano, nós vamos voltar aqui, para visitar nossos pais e as nossas mães". Disseram logo que sim. Ora, um caminhou, apanhou trabalho, coitado, foi trabalhando; o outro foi até bater na casa dum rei. Pediu poisada, o rei deu-lhe, e depois pediu para ser criado, o rei deu-lhe, meteu-o a trabalhar em jardins. Mas o rei tinha uma filha e o rapaz era muito bonito. E a filha engraçava muito no [pausa] no criado. E olhava para o criado; e o criado com medo de o rei não o mandar matar, e desviava-se sempre dela Tanto que um dia atentou, ela, e fala-lhe em na- em casamento a ele. Ele disse logo que não; se o rei sabia que o matava. Ela vai, vai dizer ao pai; o pai manda-o chamar. Ele disse: "Oh [vocalização], vou para a morte"! Chegou dentro, ele disse: "Pois a minha filha Clara quer o senhor para seu esposo; o senhor vai casar com a minha filha e não trabalha mais de criado". O homem vai, fez assim. Casando-se, depois ao cabo de muito tempo, ao fim de uma semana, o hosp-, o diacho do [pausa] o palácio era muito grande, e ela vai mostrar para cima o palácio todo a ele, e amostrar os seus prédios ao longe, a ele, [vocalização] e vai ele uma casa em baixo, numa vilazinha e perguntou: "Então que casa é aquela"? E ele ela vai, ela foi assim: "Aquilo é as Tonas de Belém. Quem va- Quem vai, quem não vem"! Ficou assim a olhar [pausa] E chegou no dia adiante e ele diz: "Olha, vou dar um passeio"! Pegou na sua arma, na sua espada, no seu leão, no seu cavalo e caminhou. Mas com a ideia sempre pensando naquilo que a mulher tinha dito: [pausa] "Quem vai, quem não vem"! Sempre gostava de ir ver aquilo. Chega , um largo de fora mas com umas argolas de amarrar cavalos e uma porta meia aberta e meia fechada. Mas tinha muita fome, ele tinha fome. E bate à porta, ninguém fala. [pausa] Entra para dentro e uma mesa posta com comida. Cheirava que consolava! Bota um prato ao cavalo, um prato ao leão e sentou-se à mesa a comer. [pausa] E quando ele acabou de comer [vocalização] chega uma velha. Chega uma velha: [vocalização] "Bom dia". "Bom dia". "Minha senhora", esteve-lhe algum tempo pedindo desculpa a ela, que tinha muita fome, e que viu que tinha escrito fora da porta que dava-se comidas, e que ele entrou para dentro, tinha comido e estava comendo, e agora que ia esperar para pagar, saber quanto e coisa. E ela disse que ali não se pagava nada; o pagamento que era jogar uma luta. Ele o homem era um rapaz novo e fica assim a olhar para ela: "Olha uma velha destas jogar uma luta comigo"! Ela disse: "Pois, sim senhor"! Mas disse: "Mas o senhor vai amarrar o seu cavalo e o seu leão". [vocalização] E ele disse: "Ó senhora, não é preciso amarrar que o meu o meu leão e o meu cavalo é manso"! "Não senhor! O senhor vai amarrar"! "Mas não tenho nada com que amarrar". "O senhor vai amarrar com um cabelo da minha cabeça"! E puxou um cabelo e deu um cabelo para o cavalo e outro para o leão. O homem vai, o cabelo era grande, amarrado em volta do pescoço do leão, e passa a corrente, e pegam a jogar ao soco. O homem era novo mas viu-se atravancado e foi assim: "Avança, meu leão"! E vai a velha foi assim: "Engrossa, meu cabelão"! E fez-se logo uma corrente no pescoço. E ficou o cavalo e o leão amarrado. E ela foi andando com ele, foi andando com ele, com o cu para trás, e mete-o por um alçapão abaixo. Ele ficou para . Pois a mulher também não sabia nada dele, e o seu cavalo ficou amarrado, ficou o leão amarrado Chegou no prazo de desse tempo que ele tinha dito ao irmão que a fim de um ano tinham que estar ali a esperar para vir visitar o pai e a mãe, e o irmão veio [pausa] até à boca do caminho. O irmão não estava, foi esperando, foi esperando, mas não estava. Pega em seu caminho e volta à casa do pai. Mas ele tinha-lhe dito ao irmão, se a árvore estivesse murcha ou seca que a ma- um deles que iam mal, ou o pai, ou um deles que iam mal. Chega o irmão, chega fora do portão, a árvore [pausa] a querer murchar, a ficar a cair a folha. Ele disse: "Oh, isto é meu pai ou minha mãe que está doente, e se não é eles, é meu irmão que vai muito mal". Vai a casa do pai, esteve fazendo uma visita ao pai, viu que o pai estava de saúde e a mãe estava de saúde e arranca-se na volta de [pausa] onde o irmão tinha caminhado. [pausa] Onde foi bater? Na casa do rei. Ali no naquele lugar do rei, falava-se naquilo, naquele homem que tinha desaparecido e coisa, mas quando o viram julgavam que era ele: cavalo igual, leão igual, espada igual, o homem era a mesma coisa E vai quando o viram, foram logo abraçá-lo, abraçá-lo, e ele falou: "Oh, o meu irmão está por aqui; o meu irmão morreu por aqui". Entrou para dentro para casa do rei, e ele pega a ouvir falar a [vocalização] o rei e pega a ouvir falar ali os criados e coisa, e pega a dizer a mesma coisa: "Ele foi aqui em casa deste rei. Isto foi coisa que ele mataram-no e coisa", e vai, faz-se [pausa] que é que era o marido dela. Ela pega a dizer: "Que demora foi essa"?, e assim e assado, e ele disse: "Ah, fui-me caçar, enganei-me, e depois andei perdido, para aqui e para acolá" E ele vai pegou, pensou que era a mulher, toca a dar dois beijos, chega à noite, para a cama juntos. Mas ele pegou na sua espada e enfiou-a no meio da cama. E a mulher fez uma operação à cabeça: "Homessa! Não era costume fazer isto! Agora pôs aqui a espada no meio da cama"! E a mulher deitou-se pelo lado de dentro da espada e ele pelo lado de fora da espada. Chegou de manhã, ele disse: "Homem, eu gostava de ver isto aqui, este palácio"! Ela disse: "Homem, tu o viste no outro dia, porque é que queres tornar a ver"? "Não, gostava de ver isto"! E a mulher vai, toma a correr e a mulher é muito feliz dele quando quer o marido , vai amostrar o palácio todo, bem am- amostrado, chega acima, disse: "Homem, que pala- que casa é aquela que está em baixo"? Ela disse: "Homem, disse no outro dia: aquilo é as Tonas de Belém, quem vai, quem não vem"! "Ah, sim, sim, ele me disseste no outro dia". E ele pensou: "Oh, o meu irmão está "! Pega em si, ele foi, disse: "Olha, eu não volto para comer". Ela vai-se sentar, está comendo e ele vai assim: "Olha, eu vou dar um passeio. [pausa] Venho mais tardinho, vou-me dar um passeio"! E caminhou, [pausa] no seu cavalo, no seu leão e com a sua espada. Quando chegou fora desta porta o leão e o seu o cavalo do irmão e a espada. O cavalo muito sequinho; o diacho do leão muito sequinho. Bate à porta, ninguém falou. A porta meia aberta e meia fechada, entrou para dentro, esteve comendo tinha também alguma fome , esteve pondo o comer ao cavalo do irmão e ao leão, deu também aos seus, pegou a comer, bate a mesma velha à porta: "Bom dia". "Bom dia". Pediu desculpa à velhinha, de ele ter, de ele ter no lugar estava escrito para dar comida, tinha fome, tinha posto tinha visto aqueles bichinhos com fome, tinha posto a eles, queria saber o quanto era para pagar. E ela disse: "Não. Aqui não se paga nada. Aqui o que se paga é jogar uma luta". E ele: "Oh! Olá, o meu irmão está é aqui"! E ela disse: "Pois então, há-de-se há-de-se jogar". E ele então estava a preparar-se para jogar a luta. E ela disse: "Mas o senhor vai amarrar o seu cavalo e o seu leão". "Ó senhora, mas não tenho com que amarrar; eles são mansos, não fazem mal" "Ah, não, não não. O senhor amarra com um cabelo da minha cabeça". Disse: "Oh, oh! O cabelo da tua cabeça é que foi é que está ali no numa corrente"! E vem fora, amarrou-o à argola bem amarrado e levou, passa pelo pescoço do cavalo mas não não deu , encostou. Vai ao, ao ao cavalo, a mesma coisa. Pegam a jogar à luta. Foram jogar à luta, e ele vai, vê-se atravancado. Foi assim: "Avança, meu leão"! E ela diz assim: "Engrossa, meu cabelão"! Mas o cabelão não engrossou. O leão avança [pausa] para dentro, o cavalo avança, ele desata, tira o tira o diacho do do leão do irmão, e foi no leão à velha e foi-lhe picando. E ele pega a falar com a mulher, que botasse o irmão para fora, que ele sabia que ela tinha o irmão. E ela disse que não tinha o irmão. Tanto foi porque ela viu-se apertada e disse-lhe que o, que ia busc- que ia buscar o irmão. [pausa] A velha abre o alçapão ele manda parar os leães , a velha abre o alçapão, o irmão estava em baixo, quase morto, muito sequinho! quase morto e e muita gente muita gente morta em baixo. Ele disse: "Tu vais pôr esta gente toda viva; se não puseres esta gente toda viva e o meu irmão conforme era, eu vou-te matar"! A velha vai, pediu-lhe que ele não a matasse. Foi abaixo, juntou estes ossos todos e aqueles corpos todos em baixo. O irmão muito sequinho, amarelo, para morrer, mesmo quase morto, a velha esteve-o embanhando, não sei como é que foi, e soprou por ele com um assobio, e o irmão ficou, , resoluto, e aqueles que estavam todos mortos, ela depois ajuntou os ossos Era o demónio.

INF2 Nem religiosa era.

INF1 Ficou logo ali. Ora bem, ele armou-se, a velha pelo buraco abaixo, e armou-se com o seu com o cavalo do irmão, vestiu o cavalo, e de volta a casa do rei. Quando chegou a casa do rei, a mulher vai e quando [pausa] os dois homens, não sabia qual era o seu marido. [pausa] Mas conheceu pela frente do dente o último que tinha estado Como é que ela marcou também o último? Tinha sido aquele que tinha ido salvar o irmão. E vai ele pega a contar: que ele tinha ficado mais ela, mas tinha posto a espada no meio da cama, de maneira que ele tinha conhecido que era a sua cunhada, e que andava à procura do irmão, e que tinha ido perguntar o caso, e vai é que veio a descobrir que o irmão estava nesta torre. O irmão leva a sua esp- a sua espada, pumba! E corta o pescoço ao irmão.

INF2 Ora esta!

INQ Ah!

INF1 Cortou-lhe o pescoço ao irmão. E vai Mas ele tinha o assobio da velha e a gordura da velha, que a velha tinha botado os outros vivos. Corta o pescoço, o rei vai, manda logo prender o o que era marido da mulher, que era para mandar matar. Ela disse que não se mandava, que tinham a gordura, que era da velha, e tinham ele o o assoprador, que era da velha, punham-no vivo. Toca ali de ligar o pescocinho ao homem, toca a oleá-lo todo, assoprou o homenzinho mas o homem não ficou vivo. ficou então o outro em casa do rei, e o rei pôs o outro rico e os pais todos ricos. Estão além Estavam nas suas casas vivendo, no outro dia passei , estavam bem bonitos!


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