INF1 Não ponho inteiro assim para eles ir cortando. Corto a meio [pausa] e depois daquela metade, faço faço-o às fatias.
INQ Sim senhor. Olhe, e para os miúdos também se costumava fazer assim uns pãezinhos mais pequenos, sei lá, as pessoas que tinham em casa crianças?
INF1 Não, às vezes, fazia-se uma rosquilhinha para cada um; mas eles agora, praticamente que já depois de ser grande, nem sequer querem a rosquilha.
INQ Claro.
INF1 Mas de primeiro adora-se a [vocalização] minha. Ainda tenho aqui uma netinha de dez anos, que ela, quando eu estou amassando, ela pergunta logo por a rosquilha. Pergunta logo por a sua rosquilhinha. E meu o meu marido também gosta muito de uma rosquilhinha.
INQ Sim senhor. Olhe, e o pão vai lá para dentro do forno para quê? Para cozer…
INF1 Para cozer! Quando é muito, o pão, a gente começa a deitar assim [pausa] encostadinho, que é por causa de levar tudo. Deita-se aquela roda toda do forno [pausa] e depois é que se vai deitando outra vez. Quando, por exemplo, o meu leva [vocalização] quinze, dezoito pães, para não ficar muito pegado – eu não gosto do pão muito pegado, que fica aqueles cantos [vocalização] …
INQ Pois, pois.
INF1 Sim senhora. Quando é nove, dez, cozo mais à vontade, nem sequer às vezes tocam toca um no outro. Sim senhora.
INQ Sim senhor. Olhe, e não havia uma coisa com que se, que servia para, para mexer as brasas dentro do forno, para espalhar?
INF1 Então não há?!
INQ Como é que se chama?
INF1 Há o esbraseador. Há o ba-
INQ Que é um pau comprido?
INF2 É um pau assim, como é este, mais comprido e [vocalização] para esbrasear o forno.
INF1 E há o esbraseador, o varredouro…
INQ Que é o quê?
INF1 Que é o pano [vocalização] Que é o pau que tem o pano preso para tirar as brasas.
INQ Que tem que molhar?
INF1 Tem que molhar. E há o rodo [pausa] e a pá.
INQ E o rodo, veja lá se o rodo é assim parecido com isto? É assim uma coisa…
INF1 É.
INQ É parecido com isto?
INF1 É, sim senhora.
INQ É o seis.
INF1 Isto é a pá.
INF2 Tem ali para lhe mostrar.
INQ A pá era redonda?
INF1 É redonda.
INQ Sim senhor. Olhe, e toda a gente tinha, toda a gente tinha forno? Ou… tinha que se ir cozer…
INF1 Ah, a maior parte de gente não tem forno e a mai- e a maior parte de gente que o tinham desmancharam por causa de arranjar as cozinhas. Agora o lar é azulejos e uma jarra de flores. Agora ninguém quer [vocalização]…
INF2
INQ Mas as, mas as pessoas, por exemplo, quando… Toda a gente tinha em casa, um forno?
INF1 Não, a maior parte de gente não tinha.
INQ Não tinha.
INF1 Só aquelas
INQ E portanto, iam cozer a casa de outra pessoa? Ou não? Pediam emprestado.
INF1 Ah iam, só se fosse, assim no Natal ou qualquer coisa, fazer umas broas ou qualquer coisa, que a maior parte não se ligavam [vocalização] umas com as outras a dizer: "Ah, va- vou amassar mais tu" ou qualquer coisa. Que há muita gente que não se importa [vocalização], nem pão do forno, nem quer ter trabalho. "Broas, mando fazer".
INQ Não, mas eu digo antigamente, eu digo antigamente. Não é agora, que agora há pão.
INF1 Ah ant– Ah, antigamente cá, os poucos casais que havia, quase tudo tinha o seu forno.