INQ1 E o que é um maricas?
INF Um maricas, aqui tratam por maricas aqueles que são amigos de trabalhar na cozinha… [vocalização]
INQ2 Fazer os trabalhos das mulheres?
INF "Olha um maricas! Olha um maricas"!
INQ1 Rhum-rhum.
INF Conheci um rapaz no Nordeste, o Hugolino, à f- aquele vizinho de f- da Ismália. [vocalização] Era um rapaz que estava na tropa há d- há dois anos. Mas aquilo coze pão mas era realmente bem então. Ele Ele botava o pão à Ismália! Quando a gente estivemos lá, que pão tão perfeito! Que pão de trigo tão bem arranjado! Fazia massa sovada, a mesma coisa que fosse uma mulher! [vocalização] Ia para abater porcos, quando matam os porcos ali na na freguesia lá do Nordeste, "é o Hugolino, é o Hugolino". Mesmo fala muito amaricado, muito amaricado. Ele ia às vezes lá à casa da da Ismália, parava ali assim à porta. Não era tolo, mas era maricas mesmo! Ele disse: "E a senhora Ismália tem um, um um copinho de lic- de licor que me dê"? [pausa] Ela dava-lhe. Não era bebedeira. O pai dele é que é muito de bebedeira, então.
INQ2 Pois.
INF Ele a mãe já morreu, ele mora mais o pai e uns irmãos. Ela dava-lhe, "Obrigado"!, e ia-se embora. E ela lá lhe perguntava: "Quando é que vais cozer"? Que ele é que cozia o pão! Ele estava na tropa, depois tinha os seus dias de não trabalhar. Ia para casa, cozia o pão para os irmãos, e lavava a roupa. Era maricas, era uma mulher! E [vocalização] ia então para a tropa, deixava o pão cozido… [pausa] Mas o pai, ele disse: "O meu pai é muito bebedeiro! Não vem às vezes também para casa"!… [pausa] Mas é aquilo é que chamam maricas! É aquilo assim.
INQ1 Rhum-rhum.
INQ2 Sim senhor.
INF Mas ele é um bom rapazinho então!
INQ2 Mas casam-se? Essas pessoas casam-se?
INF Casam. Então não são tolos!
INQ2 Pois.
INF Ainda costuram para a mulher, porque ajudam.