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STE36

Pedras de São Pedro, excerto 36

LocationPedras de São Pedro (Vila do Porto, Ponta Delgada)
SubjectO porco e a matança
Informant(s) Idalécio
SurveyALEPG
Survey year1996
Interviewer(s)Gabriela Vitorino João Saramago
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMélanie Pereira
LemmatizationDiana Reis

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INF Os molhos é que se faz também com com [vocalização] parte do [vocalização] do bucho do porco o bucho do porco, [pausa] lavado e arranjado. E depois E com peles! Também se faz com peles.

INQ1 Peles de quê? Peles das banhas?

INF Peles do porco.

INQ1 Ai peles de porco?!

INF Aquela pele que a gente esfola. A gente p- pica bocados de carne, [vocalização] algum bocadinho de toicinho quem gosta; quem não gosta não põe , e arroz, cebola, e os seus temperos: colorau [vocalização], canela, ou alho, tudo ali junto; caldeia-se aquilo tudo e faz-se uns saquinhos com as peles ou com o bucho e enche-se, que é o que se chama molhos.

INQ2 Rhum-rhum.

INF Depois vai à panela a cozer e [vocalização] .

INQ2 Mas isso é comida que se faz para comer no, nos próximos dias? Não é uma coisa que se pode?

INF Não senhor. Pode-se-a guardar na frize e comer daqui a dois ou três meses.

INQ2 Mas antigamente

INQ1 Mas antigamente não.

INF Antigamente não. Era comido ali [vocalização] numa semana ou [vocalização] pouco mais.

INQ2 Então, debaixo da manteiga, me falou no molho de fígado, e que outras coisas é que se conservavam?

INF Também se conservam os chouriços, a linguiça.

INQ2 Rhum.

INF O molho não é muito bom, nem a morcela.

INQ2 Rhum-rhum.

INF É.

INQ1 Rhum-rhum.

INQ2 O, por exemplo, os pés do porco, as orelhas?

INF Isso é tudo salgado.

INQ2 Dentro de quê?

INF Duma balsa de barro. U- Uma balsa.

INQ2 E aquela aguinha que?

INF É. Chama-se a moira.

INQ2 O mais antigo então que se lembra era aquela balsa de barro?

INF Era de barro.

INQ2 Não era de madeira, nem nada disso. Era a balsa de barro.

INF Não senhor, não senhor. Até eu ainda uso é isso.

INQ1 Portanto, não chamava salga?

INF É a salga. É a mesma coisa.

INQ1 É a mesma coisa. Balsa

INF A gente A balsa é mais à moda de de São Miguel. A gente aqui chama é as salgas.

INQ1 Rhum-rhum.

INF "Eu fiz uma salga". Também se salgava peixe [pausa] nessas salgas.

INQ1 Rhum-rhum.

INQ2 Claro.

INF Isto é, a que era de peixe era de peixe.

INQ2 Claro.

INF É. [vocalização] Salgava-se [vocalização] "Eu tenho uma balsa de [vocalização] de bonito". Outros diziam: "Eu tenho uma balsa de de albacora". Outros diziam: "Eu tenho uma balsa de chicharro".

INQ2 Rhum-rhum.

INF E até havia quem dizia: "Ah, eu tenho uma balsa de pimentas".

INQ1 Rhum-rhum. Ou uma salga.

INF Que era a salga.

INQ1 Sim senhor.

INQ2 Mas, portanto, salga é que foi sempre mais o nome de ?

INF É mais [vocalização] . Para nós, aqui para baixo, era salgas.

INQ1 Rhum-rhum.

INQ2 Rhum-rhum.

INQ1 Olhe, e diga-me uma coisa, e chouriço moiro, havia alguma coisa?

INF Chouriço moiro é uma outra qualidade de chouriços, que a gente

INQ1 Como é que era?

INF que levam couros. Faz-se com os couros, com os bofes quem quer, a gente não põe , e bocados de carne, e gordura. Isso chama-se o chouriço mouro. E os outros de carne é carne.

INQ1 Rhum-rhum.

INF Não leva couros. Mas

INQ1 Pois.

INF É melhor. Os Os de carne é melhor que o outro.

INQ1 Rhã-rhã.

INF É. O Mesmo o mouro serve para cozer na sopa.

INQ1 Ah!

INF Não é de fritar. E agora o outro chouriço, a gente pode fritar, ou assar.

INQ1 Pois, pois.

INQ3 Comer.

INF Comer à moda do continente que assam numas

INQ1 Claro.

INF É.

INQ1 Numas coisinhas em barro.

INF É exactamente.

INQ3 E esse chouriço mouro não leva nada de sangue?

INF Não leva, não senhora.

INQ3 Não?

INF Nada. [pausa] Pode que haja quem faça, mas não.

INQ3 Sim, sim.


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