INQ Olhe, mas não se usava aqui antigamente o musgão para, para o, para os colchões?
INF1 Musgo.
INQ Musgo?
INF1 Cá só conheci musgo nos cabeçais. Eu, colchão de de musgo nunca conheci, mas havia quem tinha.
INF2 Isso era [vocalização] nos pastos.
INF1 Agora, eu, cá não conheci, então, em casa da minha mãe.
INF2 Nos pastos é que há disso, muito.
INF1 Agora musgo nos cabeçais, digo eu à senhora que a gente ia mesmo… Ajuntavam-se um monte delas nuns pastos, às vezes, [vocalização] a quinze e a vinte mulheres.
INF2 Era mais naquelas serras, naquela Serra do Cume.
INF1 Naquelas serras! A apanhar musgo! Apanhávamos sacas de musgo… Cada uma trazia a sua o seu saco ou a sua saca de musgo – ju- uns sacos de seis alqueires.
INQ E depois o que é que lhes fazia?
INF1 Aquilo era para os cabeçais. A gente
INQ Mas secavam?
INF2 Secavam ao sol.
INF1 Secavam. Vinha a gente, escolhia-o todo da erva – se tinha alguma ervinha –, ficava só o musgo. E secávamo-lo bem sequinho e botávamos nos cabeçais. Cheirava que consolava! Ele há que tempos… Há Há mais de um ano ou há mais de dois que eu não tenho já semelhante coisa.
INF2 Há agora cá! Tu achas?!
INF1 Mas ainda gostava!
INF2 O que tem agora é coisas que custam dinheiro.
INF1 Agora é coisas tudo que custam dinheiro.
INF2 Aquilo era, era ele era dado, mas agora é por dinheiro, [pausa] que é melhor.
INF1 Olha, pois já não ninguém dá! Já nem sequer há musgo como havia! Porque [vocalização] deram em lavrar os pastos, deram em lavrar tudo e já nem sequer há musgo como havia!
INF2 E o adubo, que o adubo deu em tirar o musgo.
INF1 E o adubo deu em acabar com aquilo. Eu, ainda, quando fui mais o meu filho a esses matos aí para cima, ainda vi lá na tal coisa donde fomos para ir para debaixo do chão,
INQ Pois.
INF1 ainda apanhei lá uma coisinha, para trazer, para ver… Cheirava que consolava! Ele é o costume que a gente tem. É.
INQ Pois, pois.
INF1 A gente gostava daquilo.