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AJT28

Montes Velhos, excerto 28

LocalidadeMontes Velhos (Aljustrel, Beja)
AssuntoNão aplicável
Informante(s) Herodiano

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INQ Olhe, aqui não havia antigamente, o senhor não, não deve ser do seu tempo, que havia terras que pertenciam a toda, pertenciam, eram de todos?

INF Para aqui na nossa zona, [vocalização] aqui na nossa zona Pois, foi muito antigo. Isso Essas coisas aqui na nossa zona, foi muito antigo, está a perceber? Foi muito antigo. Apareciam aqueles ministros, nesse tempo, [vocalização] com mais vista, mais engatunados, olhavam e faziam. Aqui à frente havia aqui uma aqui uma propriedade que é a Alagoa. Está aqui uma propriedade que é a Alagoa. E havia aqui um macaco, que era o senhor que é Hipócrates Honório.

INQ Sim.

INF Um gajo rico. Ah, mas é um gatuno de marca! Era um gatuno de marca, esse Hipócrates Honório. E não tinha filhos, nem nada, o bicho. Não tinha filhos. Até unicamente enganou uma mulher e [vocalização] pegou no moço, que mandou um criado pôr o moço em Messejana, esse esse macaco. Mandou pôr o moço em Messejana. Uma filha! Uma filha. E mandou pôr a filha em Messejana. Pois, nesse tempo havia os tais que lhe chamavam a isso enjeitados. Punham Iam pôr os moços à porta das pessoas. Puseram a mocinha. A mocinha à porta duma pessoa, a pessoa estava do lado de dentro, ouviu chorar, e quando se levantou estava uma moça dentro duma alcofa, à porta. Depois levou a moça para casa e tratou da mocita e tal, tal, tal. E mais tarde, ele sempre lhe deu assim consciência e mandou-a buscar. Não foi o coiso, foi mais tarde. Foi a mãe aqui do Homero.

INQ Rhum.

INF Uma senhora que tem aqui uma drogaria, ali onde vocês estiveram esta manhã, aqui no largo.

INQ Rhum-rhum.

INF A mãe A mãe desse rapaz [vocalização] era filha desse Hipócrates Honório, uma criada que ele tinha em casa e enganou-a e [vocalização] então depois fez esse trabalho. [pausa] Mas esse gajo tinha ali a Alagoa. Era um grande pirata! [pausa] Pegava num criado e tal, tal, tal, tal, e pois aquilo eram umas charnecas havia ali umas charnecas , pouco ligavam ao terreno; noutro dia, pegava nos marcos, ia mudando neles. Foi mudando neles, foi mudando neles ah, filho dum cabrão! , mudou ali da Alagoa para uma propriedade, que é a Boiadeira. [pausa] Mudou ali aquilo quase tudo com uns marquinhos à vontade dele. E depois mais tarde foi andando com os marquinhos, apanhou a Senceira uma propriedade que é a Senceira. E ninguém queria saber também daquilo, fez um monte e arranjou aquela coisa toda e pôs-lhe o monte da Senceira. E depois foi indo, foi indo, o gajo chegava a [vocalização] Sines, com aquela brincadeira, o cabrão. Risos Daqui de ao de Montes Velhos chegava a Sines. Abalou, abalou, o pirata, ele abalou coisa [vocalização] Aqui era a Alagoa, e apanhou a Boiadeira e apanhou a Senceira. Mas pegado com a Senceira um monte que é o Manguelho. E E estava gente morando nesse monte. Que o lavrador Honorato, ainda conheci esse homem Era o lavrador Honorato, que ainda conheci. Aquele Hipócrates Honório não tenho ideia mas o outro conheci , o lavrador Honorato. E esse um dia foi dar com os marcos da Senceira quase todos dentro do Manguelho. Oh, o gajo ia indo, chegava ao mar! O bicho era um pirata da primeira apanha! Chegava, coiso e tal, e era daqueles gajos [vocalização] da justiça, de coisa e tal, e ninguém lhe dizia nada. Ia para indo e pronto. Ah, mas o Honorato do Manguelho que eu conheci ainda bem foi dar com os marcos e foi logo caminho do monte. Foi caminho da Senceira, foi dar com o feitor: "Afinal, aqueles marcos estão tão longe, que jeito tem aquilo, e tal. Ah, por acaso eu os colhi. E [vocalização] eu não me importa de eles serem postos. Mas tem que ser o seu patrão. [pausa] Não é você que os vai tanchar. O seu patrão é que os vai tanchar. E eu deixo aqui dito para o seu patrão estar tal dia de manhã, que eu estou de manhã, que é para a gente tanchar os marcos". Mas ao outro dia, com uma espingarda às costas, e ia contando se ele fosse para deixar os marcos, matava-o . Deixava-o morto. E ele achou que o negócio para ali para aquele lado que não foi assim muito bom e então o outro pegou nos marcos, vieram-lhos tanchar no lugar da Senceira e para o lado do Manguelho não foi. Foi quem o segurou, senão o cabrão ia parar ao mar! Risos , o mar é que o mar é que segurava o bicho. o mar é que segurava o bicho. Mais tarde acabou por morrer Sabe o que é que o pirata dum cabrão ainda fez? Acabou por morrer e a família, os outros Honórios Aquilo era uma família que era Hipócrates Honório. E havia uns na Peroguarda Se vocês falarem na Peroguarda, eles ainda , muitos Honórios.

INQ ouvi falar. ouvi falar dessa família.

INF uns Honórios dessa da raça desse bicho. [pausa] Esta dita filha casou e o marido, [vocalização] um parvalhão qualquer e [vocalização] a querer tudo e também, guloso, mas guloso mas daqueles gulosos parvos, de lhe darem qualquer coisa O Hipócrates Honório morre e ela, como filha toda a gente sabia; pois estava ainda o feitor, esse que a tinha levado dentro duma alcofa para Messejana! , sabendo que ela que era filha dele e estando ainda o homem e essa coisa toda, havia alguém que lhe tirasse aquela fortuna? Ninguém! O que é que o cabrão faz? Quando morreu, deixou tudo para os sobrinhos! tinha sobrinhos, não tinha filhos! Tinha aquela filha, mas chegou-se para trás, que não tinha filhos, que não tinha filhos, e deixa tudo aos sobrinhos. Os sobrinhos muito macacos chamaram o marido dessa senhora e disseram-lhe e coisa Depois toda a gente dizia: "Vai coiso homem! Vai coiso, que vais mamar aquilo. Vai caminho de Beja! Vai caminho dum advogado que aquilo é tudo teu, a Alagoa e a Senceira e a Boiadeira, isso é tudo teu, homem! Isso é tudo teu, homem! Então Então se a tua mulher é que é a filha agora"! Com os sobrinhos não se m- Mas os outros todos ministros ainda e moravam aqui uns , o que é que fizeram a esse gajo, o marido dela? Chamaram-no: "Então que conversa é essa? Deixa-te disso, homem! Toma vinte mil reizitos e vai coiso". Ele gostava muito duns copinhos, ia beber vinte mil reizinhos de vinho. No outro dia: "Espera , vai aqui a casa, toma um alqueire de farinha". Foram-no contentando com essas merdas, filho dum cabrão deixou passar aquela merda toda, não apanhou nada. Não apanhou nada.

INQ Pois.

INF Davam-lhe um Deram-lhe um alqueire de farinha, deram-lhe uns vinte mil réis. Era o pai do Homero, guloso!

INQ Pois.

INF Guloso! Vinte mil reizinhos. "Toma cinco, toma dez". os da Peroguarda e os outros mamaram a Alagoa, mamaram a Senceira, mamaram isso tudo. Tudo gajos ali que não tinham falta nenhuma daquilo. E este, parvalhão, não apanharam nada. Não apanharam nada.


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