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CDR11

Cedros, excerto 11

LocalidadeCedros (Horta, Horta)
AssuntoO porco e a matança
Informante(s) Joana

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INF Ora, depois de o porco estar aberto, era com as pessoas da casa que se fazia. Portanto, o que é que se comia nesse dia? Ora, nesse dia se era muito cedo que se matava o porco , matava-se o porco e depois ia-se comer sopinhas de leite com inhames e pão de milho na manhã, a primeira refeição. Ao meio-dia, tirava-se um bocado de [vocalização] de fígado, depois de o porco estar aberto, portanto um bocado de fígado, e [vocalização] um bocadinho de bife de, de de carne, de bife de lombo, mas para a família da casa comer. Havia alguém que fazia caçoila mas para a ceia, junto com a morcela, quando cozia a morcela. Portanto, lavavam-se as tripas e depois fazia- Mas então depois de o porco sangrado, ia-se misturar o [vocalização] o sangue nas cebolas que tinham sido partidas na véspera. [pausa] O que é que se punha nas morcelas? Pois punha-se aguardente, um copo de aguardente nunca me lembro de fazer aguar- [vocalização] morcelas sem ter um copo de aguardente , aguardente, alho-bravo, umas folhinhas de alho-bravo, salsa e a cebola que tinha sido partida na véspera, cominhos, canela moída e [vocalização] e um pouquinho de colorau, pouco.

INQ Pão não?

INF Pão não. E jamaica. Era isto o que se fazia na morcela. E ficava aquela cebola a absorver aquele sangue enquanto se iam lavar as tripas. Depois das tripas lavadas, pois vínhamos para casa encher as tripas e cozer as morcelas. [pausa] Era então o estilo do lugar ter um pratinho com figos passados e aguardente. E os vizinhos ia tudo ver os porcos uns dos outros. Ninguém desmanchava o porco sem que o, os fosse visitado o porco pelos vizinhos. E então eles diziam que era a luz, porque queriam a luz para ver o porco. Era então o copinho de aguardente com o figo passado. [vocalização] E era Depois, para desmanchar o porco, era a família da casa . Não havia festa de matanças. É

INQ Mas era, era no próprio dia ou era no dia a seguir?

INF No próprio dia à noite. No próprio dia à noite. Havia muito então entusiasmo em criar o porco melhor. Havia [vocalização] ver qual é que tinha mais toucinho, porque o porco era apreciado era por ter muito toucinho. Portanto, as pessoas iam, até havia alguém que trazia as medidas: "Olha, o meu porco tinha tanta medida"! Até eles diziam que era couto. O couto era menos de palmo mas era uma distância. o que tinha quatro dedinhos de toucinho não era muito mas era razoável. Depois, [pausa] em minha casa nunca aconteceu isso, mas muitos vizinhos meus coziam as morcelas e iam no outro dia de manhã vender as morcelas e vender um bocadinho de fígado, alguns iam vender a cabeça, para ajuda da vida. Alguns para ajuda de comprar um outro porquinho para pôr na rua porque havia Praticamente toda a pessoa pouca gente criava porcos porcas para leitões. Era o porquinho do Natal; quando matavam um, punham outro para o outro Natal a seguir. [vocalização] Vendiam, iam Ficavam as uns a derreter o porco em casa e os outros iam fazer o seu negócio. Como os porcos eram todos mortos no mesmo dia, as pessoas tinham todos o seu negócio ele pronto para ir fazer no dia seguinte. [vocalização] Iam para a cidade, para Cima da Lomba, vender as morcelas e vender muitas vezes a cabeça do porco. Algumas pessoas, que iam fazer esse dito negócio dos tapetes, deixavam as suas cabeças e as suas morcelas, traziam-nas encomendadas para quando as tivessem, ir vender. [vocalização] Depois, faziam a vinha-de-alhos, ele os, os seus praticamente poucos torresmos, muita linguiça. Faziam muita linguiça porque a linguiça era muito vendida. As pessoas usavam pouca linguiça não é porque não a gostassem de a comer, é porque precisavam do dinheirinho e era uma maneira de fazer o dinheiro. Muita gente ia vender a sua linguiça. [vocalização] Faziam as vinha-de-alhos e depois, ao fim de quatro, cinco dias, enchiam a linguiça, rosavam-na e iam, ven- vendiam a linguiça ao metro. Não era ao peso. [vocalização] [pausa] Alguns também não eram muito sérios, depois também as pessoas nem gostavam muito das linguiças, porque às vezes eram falsificadas. Metiam mui- Em vez de meter carne boa, metiam muitas gorduras para para acrescentar o tamanho da vara. De maneira que depois de o porco [pausa] depois de as pessoas, [vocalização] à noite, terem o porco desmanchado olha! , não ha- não havia [pausa] festa familiar. Mesmo que houvesse pessoas Que eu conhecia aqui um caso, que era um pai que tinha aqui três, quatro filhos a viver junto, na sua vizinhança, mas estavam matando o seu porco.


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