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CDR25

Cedros, excerto 25

LocalidadeCedros (Horta, Horta)
AssuntoOfícios, profissões e outras actividades
Informante(s) Joana Jaqueline

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INQ E aquele que fazia os sapatos?

INF1 Era o sapateiro. Também tínhamos bons sapateiros.

INQ E aquele que fazia uns sapatos muito mal atamancados, dava algum nome?

INF1 Não, até porque não tínhamos assim sapateiros aqui muito mal amanhados. Tínhamos aqui bons sapateiros! E agora o que era normal era o sapateiro normalmente era deficiente: ou era cambado, ou era doente de falta de ar, ou tinha qualquer defeito para não poder fazer uma profissão normal.

INQ Rhum-rhum.

INF1 Mas [vocalização] Mas assim sapateiros muito mal amanhados, e se os havia, não tinham nome especial.

INQ Sabe aquela coisa em ferro que ele tinha, que era para ter a Parecia um , mas era em ferro?

INF1 A forma. A forma do sapato.

INQ E eles tinham uma coisa com uma ponta mais aguda

INF1 Que Que é de abrir [vocalização] Também isso deve ter um nome mas eu então esse nome Eu sei o que é mas não sei chamar o nome.

INQ Noutros sítios chamam sovela a essa

INF1 Sovela, não. Aqui chama-se sovela é aquilo que furava para coser a sola do sapato.

INQ Sim. É isso.

INF1 Mas aquilo que era Que eu sei o que é, que eu ainda te- ainda até tenho uma filha minha que lhe deram uma coisa dessas que é: quando o sapato fica apertado, mete-se dentro do sapato É uma cunha!

INQ Ah, que é para, para esticar

INF1 Para estic Para esticar o sapato.

INQ Não, eu estava a perguntar a sovela que era aquela

INF1 Ah, a sovela é de coser a sola do sapato. Aqui havia sapateiros bons que faziam sapatos de ho- de os homens usarem em dia de festa. E também me lembro que não se andava calçados. Ninguém andava calçado. [vocalização] [pausa] Andava-se de galochas. Havia os tanoeiros que faziam as galochas, faziam as selhas, os baldes. Eram as pessoas que trabalhavam em madeira. Ia-se buscar muita madeira de cedro à borda, ao à rocha da caldeira, para fazer os cepos que se chamava cepos aquilo com que se fazia as galochas para calçar. Aqui nunca foi estilo os homens andarem de galochas; andavam de albarcas. [pausa] Depois começou-se a fazer umas traquinetas, também feitas de madeira, mas então mais [vocalização] embelezadas, com umas riscas, pintavam-lhe, faziam uns enfeites. Às senhoras, faziam-lhas cobertas de madeira, bordavam-lhe uns raminhos por cima e punham-lhe uma tira, que era uma [pausa] traquineta com calcanhar, [pausa] que que lhe batia. Era um sapato como a gente hoje usa sapatos sem calcanhar; naquele tempo, às vezes, usava-se aquilo. Depois começaram a aparecer as sandálias. Ora a sandália era uma coisa de luxo.

INQ Isso era tudo em cabedal ou era também de madeira?

INF1 é Não. [vocalização] Então a sanda- a sandália era feita em cabedal. eram os sapateiros que faziam.

INQ Rhum-rhum.

INF2 Não sei quantos anos que eu não encontro. Eu sempre me lembro então de andar com umas.

INF1 [vocalização] Fazia-se as sandálias no sapateiro. [vocalização] Havia então umas mais baratas Que depois começou então toda a gente a andar calçada, e a galocha começou a desaparecer mais, começaram a fazer-se as sandálias. Uma sanda- Um par de sandálias custava setenta escudos. Era mais custoso comprar um par de sandálias por setenta escudos do que hoje um par de sapatos por sete contos.

INQ Pois. Pode ter a certeza.

INF1 Mas compra- fazia-se as sandálias, por exemplo, para se ir à missa, para se ir ao dia de São João. Normalmente as sandálias novas saíam no dia de São João.

INQ Rhum-rhum.

INF1 [vocalização] [pausa] Eram esses sapateiros que faziam as sandálias. Então depois começaram a fazer umas sandálias mais mais toscas, mais grosseiras, bem feitas, fortes, mas mais grosseiras para se [pausa] andar pela terra, [pausa] e então as outras mais para para o dia de festa mais. Para o dia de festa não! Para a festa de São João como acabei de dizer , festa de São Pedro, para as festas populares, [pausa] em que era traje mais [vocalização] mais simples.

INQ Rhum-rhum.

INF E [vocalização] E então os sapatos dos homens eram feitos no sapateiro. Compravam-nos feitos no sapateiro por serem mais baratos e por serem mais fortes.

INQ Rhum-rhum.

INF Muita gente fazia [vocalização] sapatos no sapateiro, sapato de homem.

INQ Pois.

INF E alguns faziam-nos no sapateiro porque os pés eram tão grandes que não havia à venda sapatos que lhe servissem.


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